Belém (PA) ― O presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu nesta quinta-feira (6) a Cúpula de Líderes da COP30 conclamando chefes de Estado a “levar a sério os alertas da ciência” e colocar o combate à crise climática no centro das decisões de governos, empresas e cidadãos. O encontro serve como prévia política da conferência oficial da ONU, que ocorrerá de 10 a 21 de novembro, também na capital paraense.
Chamado à ação unificada e crítica aos “duplos descompassos”
Em discurso de pouco mais de 20 minutos, Lula afirmou que a comunidade internacional precisa superar dois impasses para avançar. O primeiro, descrito como “desconexão entre os salões diplomáticos e o mundo real”, impede que resoluções aprovadas em conferências se traduzam em medidas concretas. O segundo envolve rivalidades geopolíticas e conflitos armados que desviam recursos financeiros e atenção política do enfrentamento ao aquecimento global. “A janela de oportunidades está se fechando”, alertou o presidente.
Segundo o Itamaraty, a Cúpula de Líderes reúne representantes de cerca de 140 países, entre presidentes, vice-presidentes e ministros. As reuniões, embora sem caráter deliberativo, orientam o tom das negociações formais da COP30. Relatórios indicam que discussões sobre financiamento climático, adaptação e corte de emissões devem dominar a pauta, pressionando nações desenvolvidas a ampliar apoio técnico e financeiro aos países de renda média e baixa.
Negacionismo em xeque e foco no financiamento florestal
Lula também criticou vozes que ainda negam a dimensão da emergência climática, lembrando que “a humanidade conhece o impacto das mudanças climáticas há mais de 35 anos”. Ao mencionar recordes de temperatura, eventos extremos e perda de biodiversidade verificados por organismos multilaterais, o presidente argumentou que persistir na inação custará mais caro do que investir em transição energética e proteção ambiental.
Entre as propostas apresentadas pelo governo brasileiro está o Fundo de Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), projetado para arrecadar até US$ 125 bilhões anuais em recursos públicos e privados. O mecanismo pretende financiar a preservação de biomas tropicais em aproximadamente 70 países, que concentram 90 % da biodiversidade mundial. De acordo com diplomatas brasileiros, o fundo será gerido por um comitê multilateral responsável por definir critérios de elegibilidade e transparência.
Outra meta reafirmada por Brasília na COP29, em Baku, foi o compromisso de zerar o desmatamento até 2030 e reduzir emissões líquidas de gases de efeito estufa em 59 % a 67 % até 2035, tomando 2005 como base. Isso equivale, segundo estimativas do Ministério do Meio Ambiente, a limitar as emissões entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente. Para especialistas, atingir esse objetivo exigirá acelerar o uso de energias renováveis, recuperar áreas degradadas e revisar subsídios a combustíveis fósseis.
Impacto para o Brasil e para a agenda global
A realização da conferência em Belém coloca a Amazônia no centro do debate climático mundial e pode ampliar investimentos em infraestrutura sustentável, bioeconomia e pesquisa científica na região. Para o setor privado, a sinalização de compromissos mais firmes tende a criar oportunidades de negócios em energia solar, eólica e hidrogênio verde, além de abrir espaço para títulos verdes e créditos de carbono.

Imagem: Ricardo Stuckert
Para o cidadão, decisões tomadas nas próximas rodadas de negociação podem influenciar o preço da energia, o modelo de produção agrícola e a expansão de políticas de adaptação — como obras contra enchentes e sistemas de alerta. De acordo com estudos da Confederação Nacional da Indústria, cada real aplicado em prevenção climática economiza até R$ 6 em reconstrução pós-desastre, o que reforça a urgência de medidas de curto prazo.
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Curiosidade
Belém será a primeira cidade da Amazônia a receber uma COP. A escolha não é casual: a capital paraense está a menos de 100 km da confluência dos rios Amazonas e Tapajós, uma das áreas com maior diversidade de peixes de água doce do planeta. Cientistas destacam que preservar esse ecossistema é crucial não apenas para a região, mas também para a estabilidade climática global, já que a floresta influencia ciclos de chuva em todo o continente.
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