Lockheed Martin investe na Venus Aerospace e acelera motor que pode redefinir propulsão espacial

Ciência

A Lockheed Martin Ventures, braço de capital de risco da maior contratista de defesa dos Estados Unidos, anunciou participação estratégica na Venus Aerospace, startup de Houston (Texas) que desenvolve um motor de foguete baseado em detonação rotativa. O aporte, cujo valor não foi divulgado, reforça o interesse do setor militar norte-americano em tecnologias capazes de atender à demanda por mísseis hipersônicos e veículos espaciais mais eficientes.

Motor testado em voo real e foco na produção em escala

Fundada em 2020, a Venus Aerospace tornou-se a primeira empresa a realizar, em maio, um teste de voo nos Estados Unidos com um Rotating Detonation Rocket Engine (RDRE) de 2.000 libras de empuxo. O experimento ocorreu em Spaceport America, no Estado do Novo México, e validou a operação do motor sob condições de campo, segundo a cofundadora e diretora-executiva Sassie Duggleby.

O RDRE cria impulso a partir de uma onda de choque de detonação que gira continuamente na câmara de combustão. Essa configuração promete maior eficiência quando comparada a motores de foguete convencionais, fator que pode reduzir custos e ampliar o alcance de mísseis, satélites ou veículos tripulados. De acordo com Duggleby, a tecnologia pode substituir motores de combustível sólido hoje utilizados em munições e foguetes táticos.

Com o investimento da Lockheed Martin Ventures, a companhia pretende “avançar nossa capacidade de entregar em escala”, afirmou a executiva. A meta imediata envolve escalar a produção para atender à procura de clientes dos segmentos de defesa e espaço, descrita por Duggleby como “sinais de forte demanda” para aplicações variadas, de drones a veículos de transferência orbital.

Concorrência global pressiona inovação em propulsão hipersônica

O acordo surge em um momento em que contratistas do Pentágono intensificam o desenvolvimento de mísseis hipersônicos, motivados pela evolução de sistemas operacionais na China e na Rússia. Esses armamentos voam a velocidades que podem contornar defesas antimísseis, gerando preocupação estratégica em Washington. Segundo analistas do setor, quem dominar propulsão avançada terá vantagem significativa em cenários de conflito e exploração espacial.

Para a Lockheed Martin, “a próxima geração de propulsão definirá quais nações liderarão em espaço e defesa nas próximas décadas”, declarou Chris Moran, diretor-executivo da área de investimentos da empresa. A participação na Venus Aerospace, portanto, é vista como passo para integrar o RDRE a sistemas críticos de combate e missões espaciais, fortalecendo o portfólio tecnológico da contratista.

Até o momento, a Venus Aerospace já levantou mais de US$ 106 milhões em capital privado. Em abril, foi uma das cinco empresas selecionadas pela Texas Space Commission para receber apoio estadual de US$ 3,9 milhões, destinados à construção de uma instalação de testes de motores em Houston. A startup ressalta ser a única com motor RDRE comprovado em voo e com um plano claro de produção.

Potenciais aplicações além do campo militar

A Venus classifica o RDRE como tecnologia de duplo uso. Além de mísseis e drones, a solução pode equipar veículos de lançamento orbital, etapas de transferência entre órbitas e pousadores lunares. Relatórios citados pela empresa indicam que a eficiência superior do motor poderia reduzir a massa de propelente necessária ou permitir cargas úteis maiores, beneficiando missões de carga e exploração.

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Imagem: Axios

No âmbito comercial, companhias de aviação estudam conceitos de aeronaves movidas a detonação rotativa para voos de longa distância mais rápidos e econômicos. Embora tais projetos ainda estejam em fase inicial, a validação do RDRE em ambiente real de voo é considerada marco importante para a adoção futura.

Impacto para o leitor e para o mercado

Para quem acompanha tecnologia ou trabalha no setor espacial, a entrada da Lockheed Martin confere credibilidade adicional ao motor de detonação rotativa, reduzindo barreiras de adoção por outras empresas e por órgãos governamentais. Caso a produção em escala se concretize, satélites poderão ser lançados com menor consumo de combustível, e sistemas de defesa ganharão alcance ampliado. Em curto prazo, a tendência é de novos contratos com o Departamento de Defesa dos EUA e de parcerias internacionais na corrida por propulsão hipersônica.

Se você quer acompanhar outras iniciativas que podem transformar a mobilidade espacial, recomendamos a leitura do conteúdo recente em nosso portal sobre projetos de aeronaves elétricas e híbridas, disponível em Tecnologia.

Curiosidade

Os estudos sobre motores de detonação rotativa remontam à década de 1950, mas ficaram limitados a simulações de laboratório por causa da dificuldade de controlar a onda de choque contínua. O teste de voo conduzido pela Venus Aerospace marca a primeira vez que tal conceito foi operado em condições atmosféricas reais nos Estados Unidos, indicando que uma ideia de mais de 70 anos pode, enfim, alcançar aplicações práticas.

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