Startup sul-coreana Innospace recebe aval para lançar primeiro foguete orbital do Brasil

Ciência

A Innospace, empresa de origem sul-coreana focada em lançadores de pequeno porte, recebeu autorização comercial da Korea AeroSpace Administration (KASA) para realizar seu primeiro voo orbital. A licença, divulgada oficialmente em 19 de outubro, é a última etapa regulatória necessária para que o foguete Hanbit-Nano seja disparado a partir do Centro Espacial de Alcântara, no Maranhão, em uma janela que se abre em 28 de outubro e segue até 28 de novembro.

Missão Spaceward transportará satélites brasileiros e indiano

Batizada de Spaceward, a missão deve colocar em órbita cinco pequenos satélites desenvolvidos pela Agência Espacial Brasileira (AEB), pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e pela startup indiana Grahaa Space. Outros três experimentos brasileiros, concebidos pela AEB e pela empresa Castro Leite Consultoria, permanecerão presos ao estágio do foguete para testes em microgravidade.

Como curiosidade de marketing, um item promocional da fabricante sul-coreana de bebidas Brewguru – uma lata de alumínio vazia – viajará junto, servindo como demonstração de carga simbólica. De acordo com a Innospace, a iniciativa ilustra o potencial do veículo para transportar objetos variados, desde experimentos científicos até componentes comerciais.

Cooperação Brasil–Coreia do Sul ganha novo fôlego

Embora o lançamento ocorra em solo brasileiro, um grupo de engenheiros da KASA está programado para acompanhar as operações em Alcântara. Segundo o comunicado da agência, a comitiva verificará os sistemas de segurança e prestará suporte técnico para garantir uma missão estável. O deslocamento também visa estreitar a cooperação espacial entre os dois países, reforçando o papel estratégico do Centro Espacial de Alcântara nas iniciativas de acesso ao espaço na América do Sul.

Alcântara reúne vantagens como baixa densidade populacional, proximidade da linha do Equador – que reduz o consumo de combustível para inserção em órbita –, além de condições climáticas favoráveis durante a maior parte do ano. Para o governo brasileiro, atrair missões comerciais estrangeiras representa oportunidade de gerar receitas, acelerar transferência tecnológica e consolidar o polo aeroespacial nacional.

Hanbit-Nano: perfil técnico do foguete

Projetado para colocar até 90 kg em órbita heliossíncrona, o Hanbit-Nano possui dois estágios. O primeiro emprega propulsão híbrida com oxigênio líquido e parafina; o segundo, motor a oxigênio líquido e metano. Segundo especialistas do setor, a combinação híbrida oferece menor risco de explosão e custos operacionais mais baixos que propulsores totalmente líquidos.

O design faz parte de uma linha evolutiva da Innospace. A companhia planeja o Hanbit-Micro, que adicionará um motor extra ao segundo estágio e um estágio de injeção (kick stage), elevando a capacidade para 170 kg. Na sequência, o Hanbit-Mini deverá transportar até 1.300 kg, competindo com veículos de empresas como Rocket Lab e Firefly.

Testes pré-orbitais e movimento no mercado financeiro

A tecnologia híbrida foi validada em 2023, quando o foguete suborbital Hanbit-TLV alcançou voo de 4,5 minutos, também a partir de Alcântara. Apesar de não divulgar a altitude máxima, a Innospace classificou o ensaio como bem-sucedido, afirmando que todos os sistemas críticos funcionaram conforme o esperado.

No âmbito corporativo, a empresa abriu capital em julho de 2024 na bolsa sul-coreana KOSDAQ, a 43.300 won por ação. Dados oficiais indicam que os papéis encerraram 17 de outubro a 15.800 won, mas apresentaram alta de quase 9% na manhã de 20 de outubro, impulsionados justamente pela proximidade do lançamento orbital.

Potenciais impactos para o setor e para o usuário final

A autorização concedida à Innospace marca a primeira licença comercial entregue a uma empresa privada sul-coreana e reforça o avanço da iniciativa privada em um segmento historicamente dominado por programas estatais. Para startups e universidades brasileiras, a disponibilidade de lançamentos frequentes e de menor custo em Alcântara pode reduzir prazos de validação de experimentos em órbita. Já para empresas de comunicação, sensoriamento remoto e Internet das Coisas, a chegada de novos veículos dedicados a cargas leves promete aumentar a oferta de constelações personalizadas.

Na prática, o leitor que utiliza serviços baseados em satélites – navegação, previsão do tempo ou aplicativos de agricultura de precisão – tende a se beneficiar de dados mais rápidos e atualizados. Além disso, a movimentação de players internacionais no Maranhão pode estimular geração de empregos qualificados e fomentar cadeias de suprimentos de alta tecnologia em território nacional.

Curiosidade

Você sabia que o Centro Espacial de Alcântara poderia lançar até 12 missões por ano sem saturar sua infraestrutura atual? A posição geográfica, apenas 2°18’ ao sul da linha do Equador, permite economizar até 30% de combustível em comparação a bases situadas em latitudes mais altas. Esse diferencial atrai empresas como a Innospace, que buscam reduzir custos e ampliar a competitividade no mercado de microlançadores.

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