O fundo de investimento In-Q-Tel (IQT), associado à comunidade de segurança nacional dos Estados Unidos, realizou um aporte não revelado na Vast, empresa que desenvolve estações espaciais comerciais. O anúncio foi feito em 30 de outubro e inclui a nomeação de um representante da IQT como observador no conselho de administração da companhia sediada na Califórnia.
Investimento prioriza compreensão do mercado, afirma IQT
Durante o Economist Space Summit, em 6 de novembro, o sócio da IQT, Gareth Keane, explicou que o objetivo principal da participação é obter insights sobre a evolução do setor. Segundo o executivo, muitas aplicações apoiadas pela IQT têm claro valor para a defesa, mas o caso da Vast “não se resume necessariamente a interesse militar em voos tripulados”. Keane ressaltou que, para o fundo, compreender como o mercado de estações espaciais se estrutura — inclusive quanto a eventual necessidade de apoio financeiro do governo dos EUA — é tão relevante quanto a possível utilização de seus serviços por agências de segurança.
A IQT investe há 25 anos em empresas com potencial de atender demandas futuras dos órgãos de inteligência e defesa norte-americanos. Lançadoras de satélites, prestadoras de serviços em órbita e agora plataformas de habitação humana fazem parte do portfólio, numa estratégia que combina retorno financeiro com acesso antecipado a tecnologias consideradas estratégicas.
Vast mantém portas abertas para forças armadas
Embora o aporte não represente, por si só, um contrato operacional, a Vast tem sinalizado disposição para receber militares em suas futuras instalações. Em setembro, o major-general Stephen Purdy, responsável por aquisições na Força Espacial dos EUA, visitou a sede da empresa em Long Beach. O diretor-executivo da Vast, Max Haot, evitou comentar negociações específicas, mas admitiu a possibilidade de que “Guardians” — como são conhecidos os membros da Força Espacial — venham a utilizar estações comerciais tanto para pesquisa quanto para treinamento.
Haot argumenta que levar militares ao espaço pode servir como elemento de dissuasão, caso atividades de combate se estendam à órbita no futuro. Ele também lembra que, desde a criação da Força Espacial em 2019, nenhum integrante da corporação voou oficialmente em missão representando a nova unidade — diferentemente do que ocorre com outras forças armadas norte-americanas. Segundo o executivo, antecipar essa presença humana seria apenas “questão de tempo”.
Keane, da IQT, complementa que a perspectiva de viagens ao espaço pode funcionar como ferramenta de recrutamento: “Se você disser a um candidato que, como Guardian, terá possibilidade de ir ao espaço, a atração aumenta consideravelmente”, afirmou no evento de Orlando.
Setor privado ganha peso na transição pós-ISS
Especialistas observam que o interesse da IQT surge num momento em que a Estação Espacial Internacional (ISS) se aproxima do fim de sua vida útil, prevista para 2030. A NASA já sinalizou que pretende transferir parte das operações de baixa órbita para plataformas comerciais, iniciativa que abre espaço para empresas como Vast, Blue Origin e Axiom Space. Relatórios oficiais indicam que, além de reduzir custos governamentais, a estratégia deve estimular a oferta de serviços em turismo, pesquisa e manufatura em microgravidade.

Imagem: Internet
Segundo analistas do setor, aportes de entidades ligadas à defesa podem acelerar a consolidação de modelos de negócio sustentáveis, pois reforçam a percepção de que existe demanda institucional além da pesquisa civil. Ao mesmo tempo, a participação de investidores como a IQT reforça a discussão sobre o caráter “dupla-uso” dessas plataformas, capazes de hospedar experimentos científicos ou missões com finalidade estratégica.
Impacto potencial para o público e para o mercado
Para o leitor, a entrada de capital de risco estratégico em empresas de estações espaciais sinaliza que a presença comercial humana na órbita baixa pode deixar de ser cenário de longo prazo para se tornar uma oferta concreta na próxima década. A expectativa de especialistas é que, com mais atores financiando infraestrutura, o custo de acesso caia, ampliando oportunidades para universidades, pesquisadores independentes e até pequenos negócios interessados em microgravidade.
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Curiosidade
A In-Q-Tel foi criada em 1999 para aproximar a CIA do ambiente de inovação do Vale do Silício, sendo pioneira entre fundos de capital de risco ligados a órgãos públicos. Hoje, embora continue focada em tecnologias de interesse da inteligência norte-americana, suas participações incluem desde soluções de biotecnologia até ferramentas de cibersegurança. O investimento na Vast amplia essa lista ao incluir, pela primeira vez, uma empresa dedicada a habitação humana no espaço.
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