São Paulo, 2025 – O historiador e podcaster norte-americano Mike Duncan, conhecido pelas séries “The History of Rome” e “Revolutions”, afirmou que os Estados Unidos já superaram o ponto máximo de poder e caminham para um período de declínio semelhante ao que derrubou a República Romana. Em entrevista recente, o pesquisador listou sinais de desgaste institucional, aumento da desigualdade e dependência de lideranças carismáticas como fatores centrais do enfraquecimento do “império” norte-americano.
Paralelos históricos entre Roma e Washington
Duncan observou que a ascensão de Roma ao controle do Mediterrâneo desencadeou uma concentração inédita de riqueza, ampliando o fosso entre a elite e os demais cidadãos. Segundo ele, fenômeno parecido ocorre hoje nos Estados Unidos, onde disparidades de renda estimulam conflitos sociais e questionamentos sobre quem pode participar plenamente da vida política. Para o historiador, a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 é sintomática: “Quando políticos deixam de aceitar derrotas eleitorais, a estrutura republicana perde sustentação”.
Na Roma antiga, o impasse evoluiu para guerras civis conduzidas por generais que também eram senadores, minando a confiança nas urnas e abrindo espaço para a concentração de poder em uma única figura, o imperador. “O aparato republicano permaneceu como fachada, mas as decisões reais passaram a depender de uma pessoa”, relembrou Duncan. Ele enxerga risco semelhante no modelo norte-americano, caso a polarização transforme cargos eletivos em meros rituais sem efeito prático.
O peso das elites na trajetória de impérios
De acordo com o pesquisador, impérios tendem a cair quando parte significativa da elite econômica abandona o regime vigente. Exemplo disso foi a Revolução Francesa, na qual nobres descontentes apoiaram levantes populares e forneceram recursos decisivos para derrubar a monarquia. “A legitimidade de qualquer governo depende de manter grandes detentores de capital satisfeitos”, comenta Duncan. Caso essas elites migrem para um projeto alternativo, a mudança de regime costuma ganhar velocidade.
Nos Estados Unidos, o historiador aponta para oscilações dentro do Partido Republicano após os eventos de 2021. Houve momentos em que lideranças pareciam romper com Donald Trump, mas o ex-presidente recuperou influência e reforçou um modelo centrado em sua figura. Segundo Duncan, o desfecho futuro dependerá de duas variáveis: o comportamento dessas elites em novas crises e a capacidade de outras figuras públicas assumirem o lugar de Trump em um eventual vácuo de poder.
Armas, cultura política e limites a uma nova guerra civil
Questionado sobre a possibilidade de conflito interno aberto, Duncan considera improvável uma ruptura nos moldes dos grandes confrontos revolucionários do passado. Ele destaca que, no cenário atual, grupos alinhados à extrema direita detêm significativa capacidade bélica, enquanto a oposição civil não possui armamento equivalente. “Toda revolução é, na essência, uma guerra civil”, resumiu. A assimetria de forças, contudo, não elimina o risco de violência localizada nem de retrocessos institucionais progressivos.
Consequências globais e impactos para o cidadão comum
Para o historiador, a perda de influência dos Estados Unidos já é percebida em negociações multilaterais e acordos de longo prazo. Governos estrangeiros, segundo ele, encaram Washington como parceiro imprevisível desde 2016, o que reduz a disposição para tratados duradouros. Mesmo assim, Duncan ressalta que a nação continua “enormemente rica” e, por isso, mantém peso geopolítico relevante, ainda que cada vez mais contestado por potências como a China.
Do ponto de vista do cotidiano, especialistas em política internacional lembram que flutuações no dólar, ajustes em políticas comerciais e mudanças na segurança global podem refletir em preços de energia, insumos industriais e cadeias de suprimentos. Cidadãos também podem sentir os efeitos em restrições de viagens ou alterações em acordos acadêmicos e tecnológicos, caso a confiança externa no sistema norte-americano siga em queda.

Imagem: Win McNamee
Segundo dados oficiais, os EUA concentram cerca de 24% do Produto Interno Bruto mundial, mas respondem por menos de 5% da população do planeta. Relatórios indicam que essa discrepância, aliada ao endividamento recorde do governo, pressiona debates internos sobre financiamento de programas sociais e defesa. Para Duncan, “impérios não colapsam de um dia para o outro; eles se tornam menos funcionais até que uma crise catalise a ruptura”.
Seja qual for o ritmo, a análise do autor sugere que os próximos ciclos eleitorais representarão testes cruciais de resiliência institucional. A população, portanto, deve acompanhar indicadores de transparência, reformas políticas e participação social para avaliar a direção do país e os possíveis reflexos no cenário internacional.
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Curiosidade
No Império Romano, a capital foi transferida de Roma para Ravena no século V como estratégia defensiva: cercada por pântanos, a cidade era difícil de invadir. O movimento ilustra como centros de poder migram em busca de proteção – dinâmica que se repete quando governos contemporâneos escolhem locais mais seguros para suas instalações administrativas ou data centers críticos.
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