HBO Max estreia minissérie “Pátria” e reacende debate sobre conflito basco

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HBO Max disponibilizou a minissérie espanhola “Pátria”, produção de oito episódios que adapta o romance homônimo do escritor Fernando Aramburu. Criada por Aitor Gabilondo e lançada originalmente em 2020 pelo braço europeu da HBO, a obra dramatiza o impacto do conflito basco na vida de duas famílias ao longo de mais de três décadas.

Do best-seller às telas

O livro “Pátria” chegou às livrarias em 2016 e rapidamente se tornou um fenômeno editorial na Espanha, com milhões de exemplares vendidos e traduções para dezenas de idiomas. Poucos meses após a publicação, a HBO Europe adquiriu os direitos de adaptação. Segundo dados oficiais da rede, a decisão de transformar o romance em minissérie foi tomada para explorar narrativas locais capazes de atrair assinantes fora do eixo Hollywood.

A versão audiovisual preserva a estrutura não linear do texto original, alternando passado e presente para ilustrar como o terrorismo da ETA e a violência política afetaram comunidades inteiras. Cada episódio tem cerca de 60 minutos, totalizando oito horas de conteúdo que cobrem eventos desde os anos 1970 até meados da década de 2010.

Fernando Aramburu participou do processo como consultor informal, fornecendo detalhes históricos e culturais. Entretanto, o roteiro definitivo ficou sob responsabilidade de Gabilondo, que já havia trabalhado em dramas de repercussão nacional. A direção é dividida entre Félix Viscarret e Óscar Pedraza, profissionais experientes no mercado espanhol.

Produção aposta em autenticidade linguística e histórica

Para reforçar a fidelidade ao contexto regional, a série utiliza diálogos em espanhol e em euskara, idioma cooficial no País Basco. Relatórios de produção indicam que mais de 30 % das falas são em língua basca, proporção rara em produções voltadas ao grande público. A decisão envolveu treinamento linguístico para parte do elenco e consultoria de acadêmicos da Universidade do País Basco.

As filmagens ocorreram principalmente em Gipuzkoa e Biscaia, com ambientação que recria diferentes décadas. Equipes de figurino e design de produção empregaram registros fotográficos oficiais para reproduzir elementos como uniformes escolares, veículos e símbolos políticos da época. De acordo com a HBO, cerca de 300 figurantes locais foram contratados para compor cenas de manifestações, funerais e celebrações tradicionais.

O elenco reúne atores conhecidos no circuito ibérico, entre eles Elena Irureta, Ane Gabarain, Loreto Mauleón e Eneko Sagardoy. A escolha de intérpretes naturais do norte da Espanha buscou preservar sotaques específicos e referências culturais próprias da região.

Tecnologia e distribuição

A pós-produção de “Pátria” foi concluída em laboratórios de Madri com workflow totalmente digital em 4K HDR. Segundo técnicos envolvidos, a fotografia adota paleta fria e uso recorrente de chuva artificial para distinguir temporalidades, recurso viabilizado por câmeras de alta sensibilidade que dispensam iluminação intensa.

A minissérie estreou em setembro de 2020 na HBO Europe e agora integra o catálogo global da HBO Max. A plataforma oferece áudio original, dublagem em português do Brasil e legendas em múltiplos idiomas. Especialistas do setor enxergam o lançamento como parte da estratégia da Warner Bros. Discovery de ampliar o espaço de produções não anglófonas, tendência que ganhou força após o sucesso de títulos como “La Casa de Papel” e “Round 6”.

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Imagem: Internet

Relevância cultural e possíveis desdobramentos

Organizações de memória histórica, como a Fundación Víctimas del Terrorismo, avaliam que a adaptação pode contribuir para manter viva a discussão sobre o legado da ETA, grupo que anunciou o fim de suas atividades armadas em 2011. Para o público internacional, a série oferece perspectiva rara sobre um capítulo da história europeia pouco abordado fora da Espanha.

Analistas de mercado apontam que, se o desempenho de audiência for positivo, a HBO pode encomendar projetos semelhantes baseados em literatura espanhola contemporânea. Editoras já reportam aumento na procura pelo romance de Aramburu desde a estreia da produção, sinal de sinergia entre setores editorial e audiovisual.

O que muda para o espectador brasileiro

Para quem acompanha conteúdos de streaming no Brasil, “Pátria” amplia o leque de produções europeias disponíveis em português, reforçando a tendência de diversificação além das séries norte-americanas. A narrativa histórica possibilita reflexão sobre radicalização política e seus efeitos em comunidades comuns, tema que ressoa em diferentes contextos sociais.

Curiosidade

Você sabia que o euskara, idioma ouvido em “Pátria”, é considerado uma das línguas mais antigas da Europa e não pertence a nenhuma família linguística conhecida? Linguistas apontam que a língua se manteve viva graças ao isolamento geográfico dos Pireneus, fator que agora ganha visibilidade mundial através da minissérie.

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