O Google firmou seu maior compromisso de remoção de carbono até agora, destinando recursos para restaurar áreas degradadas da Amazônia em parceria com a startup brasileira Mombak. O contrato prevê a compensação de 200 mil toneladas de dióxido de carbono, volume quatro vezes superior ao negociado no projeto piloto fechado em setembro de 2024.
Parceria quadruplica volume de créditos de carbono
De acordo com as empresas, o novo acordo consolida a Mombak como principal fornecedora de créditos florestais do Google. Embora o valor financeiro não tenha sido divulgado, a companhia de tecnologia classificou a iniciativa como estratégica para cumprir metas de neutralidade de emissões.
A Mombak atua convertendo pastagens degradadas em floresta nativa. O método garante que o carbono seja removido da atmosfera pela fotossíntese, processo descrito pelo chefe de créditos e remoção de carbono do Google, Randy Spock, como “a tecnologia de menor risco disponível hoje”.
Segundo Spock, o Google evitou optar por projetos do tipo REDD, focados em evitar o desmatamento, devido a suspeitas de fraudes e ligações com atividades madeireiras ilegais no país. A escolha por reflorestamento efetivo, avalia a companhia, assegura maior rastreabilidade e benefícios ambientais de longo prazo.
Demanda crescente por compensação de emissões
Relatórios indicam que as emissões de escopo 2 do Google — geradas principalmente pela energia consumida em data centers e escritórios — passaram de um milhão para 3,1 milhões de toneladas de CO₂ equivalente entre 2020 e 2023. Para equilibrar esse avanço, a empresa anunciou em 2023 a destinação de mais de US$ 100 milhões a diversas tecnologias de captura de carbono, incluindo desgaste acelerado de rochas e captura direta do ar. Na fase de expansão, porém, o reflorestamento obteve prioridade por combinar escala, custo e benefícios sociais.
A aposta em projetos de alta integridade reflete o movimento de grandes corporações em busca de compensações confiáveis. Para elevar a rigorosidade dos critérios, o Google, a Meta, a Salesforce, a McKinsey e a Microsoft criaram, em 2023, a Symbiosis Coalition. O grupo se comprometeu a contratar mais de 20 milhões de toneladas de remoção baseada na natureza até 2030, pautado por padrões conservadores de contabilidade de carbono, proteção da biodiversidade e engajamento comunitário.
Nesta semana, a coalizão recebeu a adesão da Bain & Company e da varejista REI Co-op. Entre 185 projetos avaliados até o momento, o da Mombak foi o primeiro a cumprir integralmente os requisitos estabelecidos.
Mercado brasileiro atrai atenção global
A repercussão do acordo ocorre em um momento em que o Brasil amplia a diplomacia ambiental. O país sediará a COP30, em 2025, na cidade de Belém, e o governo federal tem apresentado a conferência como a “COP das Florestas”, defendendo um novo fundo de proteção para biomas tropicais.
Nesse cenário, o mercado voluntário de carbono ganha relevância. Especialistas observam que a oferta de créditos de alto padrão ainda é insuficiente para a demanda gerada por empresas com metas de neutralidade. Enquanto créditos REDD podem ser negociados por menos de US$ 10 a tonelada, iniciativas de reflorestamento como as desenvolvidas pela Mombak já alcançam preços entre US$ 50 e US$ 100 por tonelada, refletindo o chamado “prêmio de qualidade”.

Imagem: Getty
O cofundador e presidente-executivo da startup, Gabriel Silva, afirma que o setor passa por um movimento de “fuga para a qualidade”. Segundo ele, compradores tornaram-se mais criteriosos após casos de projetos de baixa integridade e agora buscam certificações robustas. A Mombak, diz Silva, pretende ampliar operações e reduzir custos à medida que novas áreas de pastagem forem convertidas em floresta.
Impacto para empresas e consumidores
Analistas de sustentabilidade avaliam que a expansão dos acordos de remoção de carbono tende a influenciar toda a cadeia de fornecedores de tecnologia. À medida que gigantes como Google e Microsoft passam a exigir comprovação de emissões dos parceiros, empresas menores poderão ter de aderir a padrões semelhantes, estimulando investimentos em energia renovável e captura de carbono.
Para o consumidor final, iniciativas de compensação sólidas podem se traduzir em serviços digitais com menor pegada de carbono, além de contribuir para a preservação da Amazônia, região chave para a regulação do clima global. No curto prazo, entretanto, o custo elevado dos créditos de alta integridade pode pressionar orçamentos corporativos e acelerar a busca por soluções mais eficientes de energia.
Curiosidade
Você sabia que uma árvore amazônica adulta pode estocar até 200 kg de carbono ao longo de sua vida? Ao converter pastagens em floresta, projetos como o da Mombak ajudam a multiplicar esse potencial em larga escala, formando corredores verdes que também servem de habitat para centenas de espécies endêmicas.
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