Gelo XXI: cientistas sintetizam nova fase de gelo sob pressão extrema

Ciência

Uma equipe internacional liderada pelo Instituto Coreano de Pesquisa em Padrões e Ciência (KRISS) identificou a 21ª fase sólida da água, batizada de Gelo XXI. O material foi gerado à temperatura ambiente, mas exigiu compressão de 2 gigapascals (GPa), pressão cerca de 20 000 vezes superior à atmosférica ao nível do mar. Os resultados foram divulgados na revista Nature Materials.

Como o Gelo XXI foi produzido

Para contornar cristalizações indesejadas observadas em experimentos convencionais, os pesquisadores utilizaram uma célula de bigorna de diamante dinâmica (dDAC). Diferentemente dos dispositivos tradicionais, o novo equipamento comprime a amostra em apenas 10 milissegundos, reduzindo choques mecânicos e permitindo explorar faixas de pressão que, até então, inviabilizavam a formação de estruturas estáveis.

Ao ser supercomprimida por esse breve intervalo, a água entrou na região típica do gelo VI — fase conhecida desde a década de 1930 — mas reconfigurou a rede cristalina para um arranjo inédito. A célula unitária do Gelo XXI é extensa e complexa, exibindo formato retangular achatado com lados de base iguais. Essa arquitetura distingue a nova fase de todas as 20 já catalogadas.

Propriedades que chamam atenção

De acordo com os dados do KRISS, a densidade do Gelo XXI se aproxima da encontrada em camadas internas de luas como Europa, de Júpiter, e Encélado, de Saturno. Estudos planetários apontam que, nesses ambientes, o gelo é submetido a pressões de múltiplos gigapascals, semelhantes às reproduzidas em laboratório.

Outro ponto relevante está na estabilidade térmica. Embora a nova fase exista à temperatura ambiente, ela só permanece íntegra enquanto a pressão extrema é mantida. Quando a compressão diminui, a estrutura relaxa e retorna a formas de gelo menos densas.

Importância para a ciência planetária

Segundo especialistas em geofísica, reproduzir condições de alta pressão ajuda a compreender a dinâmica de corpos gelados do Sistema Solar. Relatórios indicam que oceanos subterrâneos podem estar aprisionados sob grossas camadas de gelo em Europa e Encélado. Conhecer as fases sólidas possíveis auxilia na modelagem da circulação de calor, do transporte de nutrientes e, por consequência, da potencial habitabilidade nesses mundos.

Além disso, o Gelo XXI amplia o catálogo de dados experimentais usados em simulações de evolução planetária. Cada nova estrutura permite recalibrar modelos de densidade, elasticidade e condutividade térmica, parâmetros essenciais para missões que investigam a possibilidade de vida em ambientes extremos.

Relevância para materiais e tecnologia

A descoberta também impacta a pesquisa em materiais avançados. Fases densas de gelo servem como análogos para estudar ligações de hidrogênio sob forte compressão, fenômeno relevante em baterias sólidas, armazenamento de hidrogênio e síntese de compostos energéticos. De acordo com dados oficiais do próprio KRISS, o domínio sobre processos que operam em milissegundos abre caminho para experimentos com outros líquidos, potencialmente gerando materiais com propriedades ainda desconhecidas.

Impacto para o leitor

Na prática, entender como a água se comporta sob pressões gigantescas pode resultar em sensores mais resistentes, sistemas de refrigeração eficientes e novos componentes eletrônicos para operar em condições extremas. A curto prazo, o avanço reforça a importância de técnicas ultrarrápidas de compressão; a longo prazo, pode influenciar projetos de exploração espacial e a criação de ligas leves, mas altamente robustas.

Curiosidade

Apesar de o gelo ser onipresente no cotidiano, mais da metade das suas fases sólidas só foi descoberta nos últimos 40 anos. Isso ocorre porque cada estrutura exige combinações específicas de pressão e temperatura raramente encontradas na superfície terrestre. O Gelo XXI, por exemplo, surge em condições semelhantes às registradas sob a crosta de planetas gigantes gasosos, mostrando como um material tão comum ainda guarda segredos profundos.

Para quem deseja continuar acompanhando avanços em ciência e tecnologia, vale visitar a seção dedicada do nosso site sobre inovações de laboratório a mercado. Confira em Tecnologia e fique por dentro das próximas descobertas que podem transformar o nosso dia a dia.

Para mais informações e atualizações sobre tecnologia e ciência, consulte também:

Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no RN Tecnologia, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *