Um dos maiores fiascos da história recente do cinema, “Battlefield Earth” – adaptação do romance homônimo de L. Ron Hubbard protagonizada por John Travolta – permanece como um marco negativo para a indústria. Lançado em 2000 com orçamento estimado em US$ 73 milhões, o longa arrecadou apenas US$ 29,3 milhões nos cinemas e recebeu 3 % de aprovação no Rotten Tomatoes. Um quarto de século depois, o roteirista J.D. Shapiro ainda luta para se desvincular da produção, que rendeu ao filme o prêmio Razzie de “Pior Filme da Década”.
Origem de um desastre cinematográfico
Segundo relatos do próprio Shapiro, publicados em diferentes ocasiões pelo New York Post, a gênese do projeto começou quando a produtora Morgan Creek buscou adaptar a obra de Hubbard, fundador da Cientologia. Para entender o universo retratado no livro, o roteirista frequentou cursos da organização e chegou a visitar o navio Freewind, usado em eventos do grupo. Posteriormente, elaborou um roteiro que descreve como “mais sombrio, coeso e com personagens bem desenvolvidos”.
O texto original, porém, teria sido alvo de inúmeras interferências. Shapiro afirma ter recebido notas de estúdio que pediam a remoção de cenas cruciais, inclusão de sequências consideradas por ele “absurdas” e exclusão de personagens-chave. Ao questionar a procedência das mudanças, descobriu que parte das solicitações seria influência direta de John Travolta e de integrantes da Cientologia. A recusa em acatar as alterações culminou na demissão de Shapiro, que foi substituído antes das filmagens.
Recepção e consequências
Lançado um ano após “Matrix” redefinir o gênero de ficção científica, “Battlefield Earth” foi apontado por críticos como um retrocesso técnico e narrativo. O jornal The Guardian classificou a obra como “um dos piores filmes já feitos”, enquanto o crítico Roger Ebert a descreveu como “desagradável de forma hostil”. A produção acumulou sete indicações ao Framboesa de Ouro em 2001, vencendo em categorias como Pior Ator (Travolta) e Pior Diretor (Roger Christian).
A má performance comercial e crítica afetou carreiras. Travolta, que também atuou como produtor, veria grande parte de seus filmes posteriores receber avaliações negativas; ao todo, sete de suas obras alcançaram 0 % no Rotten Tomatoes. Já Shapiro passou a trabalhar sob pseudônimos para evitar associação imediata ao fiasco. Em 2010, ele compareceu pessoalmente ao Framboesa para aceitar o troféu de “Pior Filme da Década” e publicou uma carta de desculpas, tentando explicar seu envolvimento.
O peso de uma reputação
Mesmo depois de duas décadas, o rótulo de “roteirista de Battlefield Earth” continua perseguindo Shapiro. Em entrevista de 2020, ele relatou ter sido reconhecido em uma festa em Los Angeles justamente por esse crédito. “Eu disse que havia escrito o pior roteiro de todos os tempos. A resposta foi: ‘Você não escreveu Battlefield Earth, escreveu?’”, contou ao New York Post. Especialistas em marketing de imagem apontam que fracassos de grande visibilidade tendem a colar na trajetória profissional, sobretudo quando envolvem orçamentos elevados e forte cobertura midiática.
Relatórios da indústria indicam que grandes estúdios passaram a reforçar cláusulas de controle criativo após casos como esse, tentando equilibrar demandas de atores-produtores e visão autoral dos roteiristas. Produtoras independentes, por sua vez, enxergam no exemplo um alerta sobre interferências excessivas que podem comprometer a qualidade final.
Impacto para o público e para o mercado
Para quem consome cinema, a história de “Battlefield Earth” serve como lembrete de que grandes nomes do elenco e altos orçamentos não garantem um bom resultado. Do ponto de vista da indústria, o fiasco expôs riscos de se amarrar projetos a crenças pessoais ou grupos específicos, algo que investidores hoje avaliam com cautela. A longo prazo, o episódio contribuiu para discussões sobre transparência nas decisões criativas e para a adoção de processos mais colaborativos entre roteiristas, produtores e elenco.

Imagem: Internet
Se você acompanha lançamentos de ficção científica, a lição prática é observar não apenas quem estrela ou dirige um filme, mas também a dinâmica de produção por trás das câmeras. Segundo analistas de bilheteria, conhecer o histórico de interferências criativas pode ajudar a prever desempenho crítico e comercial, impactando escolhas de consumo e de investimento em franquias futuras.
Curiosidade
Ainda que seja constantemente lembrado pelo fracasso, “Battlefield Earth” gerou um paradoxo curioso: o livro de Hubbard registrou aumento de vendas após o lançamento do filme. Pesquisadores de mercado atribuem o fenômeno à simples exposição do título, comprovando que, mesmo um desastre artístico, pode impulsionar produtos relacionados quando a cobertura midiática é intensa.
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