Estudo revela que formato do cérebro antecipa diagnóstico de demência

Ciência

Pesquisadores das universidades da Califórnia, em Irvine, e de La Laguna, na Espanha, identificaram que alterações sistemáticas no formato do cérebro podem funcionar como indicador precoce de demência. A conclusão decorre da análise de 2.603 exames de ressonância magnética de pessoas entre 30 e 97 anos, comparados a testes de desempenho cognitivo.

Principais descobertas do levantamento

Até agora, grande parte dos estudos sobre declínio neurológico avaliava principalmente a perda de volume de tecido cerebral. O trabalho recém-divulgado, no entanto, destaca que a forma global do órgão se modifica de maneira consistente ao longo do envelhecimento. Entre os participantes com pior pontuação em raciocínio e memória, regiões na parte posterior da cabeça apresentaram maior encolhimento. Segundo os autores, essas transformações geométricas se relacionam diretamente com o comprometimento cognitivo.

O centro da atenção é o córtex entorrinal, área fundamental para o armazenamento de lembranças. O estudo indica que, com o passar dos anos, o reposicionamento do cérebro tende a comprimir essa estrutura contra limites ósseos, tornando-a vulnerável a danos. De acordo com dados oficiais, é justamente nessa região que se acumulam as proteínas ligadas à doença de Alzheimer, o tipo de demência mais comum no mundo.

Os pesquisadores defendem que acompanhar essas mudanças de forma, em conjunto com exames de imagem de rotina, pode simplificar a detecção precoce do declínio cognitivo. O procedimento seria menos complexo que testes especializados e possibilitaria intervenções antes que sintomas clínicos se consolidem.

Impacto potencial para saúde pública

No cenário global, estima-se que 55 milhões de pessoas vivam com algum tipo de demência, número que deve triplicar até 2050, segundo a Organização Mundial da Saúde. O diagnóstico costuma ocorrer em estágios avançados, quando terapias disponíveis oferecem benefício limitado. Ao apontar a geometria cerebral como pista confiável de deterioração precoce, o trabalho abre caminho para rastreamentos em larga escala e políticas de prevenção mais eficazes.

Especialistas em neurologia ressaltam que o método descrito se apoia em tecnologias de ressonância já disseminadas em centros médicos. Assim, não exigiria investimentos altos nem equipamentos exclusivos. Relatórios indicam que a adoção de protocolos de análise de forma poderia ser integrada rapidamente a sistemas de saúde, elevando a capacidade de identificar pacientes de risco anos antes da manifestação dos sintomas.

Para o setor farmacêutico, a descoberta cria um novo parâmetro de avaliação de tratamentos. Terapias experimentais contra Alzheimer e outras demências poderão monitorar não apenas a redução de volume, mas também a evolução do formato cerebral, obtendo indicadores sensíveis de eficácia.

Como o estudo foi conduzido

A equipe utilizou um banco de dados de exames de ressonância magnética coletados em diferentes centros ao redor do planeta. Cada imagem foi processada por algoritmos capazes de mapear pequenas distorções na superfície do cérebro. Os resultados foram cruzados com testes padronizados de memória, linguagem e solução de problemas. A correlação obtida reforçou a hipótese de que alterações geométricas precedem o comprometimento funcional.

Segundo os autores, o próximo passo é acompanhar voluntários ao longo de vários anos para verificar se a mudança de forma, observada em uma fase inicial, realmente se converte em perda cognitiva mensurável. Caso o vínculo seja confirmado, a análise poderá integrar protocolos clínicos de check-up neurológico.

O que muda para o público

Na prática, a possibilidade de detectar demência mais cedo pode influenciar desde planos de saúde até decisões familiares sobre estilo de vida. Se os sistemas de diagnóstico incorporarem métricas de formato cerebral, exames de imagem realizados por pessoas na faixa dos 50 ou 60 anos, por exemplo, já poderiam indicar a necessidade de acompanhamento mais próximo ou de intervenções voltadas à preservação da função cerebral.

Segundo especialistas, modificações no sono, na alimentação e na prática de exercícios mostram efeitos positivos quando iniciadas antes da perda significativa de neurônios. Assim, a informação antecipada favorece escolhas que retardam a progressão da doença, reduzindo custos médicos e melhorando a qualidade de vida.

Curiosidade

O córtex entorrinal, foco do estudo, não é importante apenas para a memória. Pesquisas anteriores demonstram que essa mesma região ajuda a construir mapas internos de localização, permitindo que seres humanos e animais se orientem no espaço. A sobreposição de funções explica por que alguns pacientes com Alzheimer se perdem em ambientes familiares nos estágios iniciais da doença.

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