O Museu do Louvre, em Paris, enfrenta questionamentos sobre a eficácia de seus sistemas de proteção após auditorias privadas revelarem fragilidades consideradas graves. Os relatórios, divulgados pelo jornal Libération, apontam softwares desatualizados, senhas frágeis e servidores obsoletos como brechas que podem ter facilitado o recente roubo de joias da coroa francesa, ocorrido em 19 de outubro.
Sistema de vigilância operava com software descontinuado
De acordo com os documentos analisados, oito programas essenciais para a segurança do acervo não recebem atualizações há vários anos. Entre eles está o Sathi, solução desenvolvida pela Thales em 2003 para monitorar câmeras e controlar acessos. Um levantamento técnico realizado em 2019 já alertava que o Sathi não era mais mantido pela fornecedora. A Thales confirmou à equipe de auditoria que não havia contrato ativo nem contato recente com o museu para suporte ou renovação.
As auditorias também identificaram que, em 2021, o Sathi ainda rodava em um servidor com Windows Server 2003, sistema operacional cujo suporte foi encerrado pela Microsoft em 2015. Especialistas em cibersegurança explicam que a ausência de patches de segurança torna esse ambiente vulnerável a exploits conhecidos, possibilitando ataques mesmo por usuários com conhecimentos técnicos limitados.
Senhas fracas facilitaram acesso não autorizado
Outro ponto crítico foi o uso de credenciais consideradas elementares. A Agência Nacional de Segurança dos Sistemas de Informação da França detectou que senhas como “LOUVRE” e “THALES” eram utilizadas para acessar servidores e estações de trabalho responsáveis pela vigilância. Segundo analistas ouvidos pelas auditorias, a adoção de senhas previsíveis viola práticas básicas de segurança, reduzindo o tempo necessário para invasores romperem barreiras.
Os testes realizados indicaram que qualquer pessoa com acesso à rede interna — por exemplo, a partir de computadores administrativos — poderia manipular câmeras, alterar permissões de crachás e até abrir portas remotamente. Em alguns cenários, as invasões também seriam possíveis pela internet, sem presença física nas dependências do museu.
Falhas persistem há pelo menos uma década
Relatórios de 2013, 2016 e 2019 já haviam apontado problemas estruturais semelhantes, mas, segundo as auditorias, pouca coisa mudou. A ministra da Cultura da França, Rachida Dati, reconheceu as lacunas e afirmou que o governo trabalha em um plano de modernização. A admissão contrasta com posições anteriores, quando a direção do Louvre negava falhas abrangentes.
Paralelamente, quatro suspeitos do roubo das joias foram detidos. Autoridades francesas classificam o grupo como “amador”, o que reforça a hipótese de que as vulnerabilidades tecnológicas exerceram papel decisivo no crime. Para especialistas em segurança patrimonial, a discrepância entre o valor cultural do Louvre e o estado de sua infraestrutura digital expõe um problema recorrente em museus de grande porte: a dificuldade de conciliar conservação histórica com atualização tecnológica constante.
Impacto para o setor cultural e próximos passos
Segundo consultores em gestão de risco, o episódio deve servir de alerta a outras instituições que armazenam acervos de alto valor. A recomendação inclui auditorias frequentes, adoção de autenticação multifator e migração para sistemas com suporte ativo. Relatórios recentes da organização sem fins lucrativos Europa Nostra indicam que 40% dos museus do continente operam com algum grau de desatualização tecnológica.
No curto prazo, o Louvre deve priorizar a substituição do servidor com Windows Server 2003, revisar credenciais de acesso e firmar contratos de manutenção para softwares críticos. Fontes ligadas ao Ministério da Cultura afirmam que o governo avalia liberar verbas extraordinárias para a modernização completa da rede, mas prazos e valores ainda não foram definidos.

Imagem: Resul Muslu
Para o visitante, a principal consequência pode ser a limitação de acesso a determinadas alas durante a implementação das correções, além do reforço visível de equipes de segurança. No mercado de cibersegurança, empresas especializadas já observam aumento na demanda por soluções dedicadas a ambientes museológicos, incluindo sensores IoT e análise de vídeo por inteligência artificial.
Esse conjunto de medidas, se efetivamente implantado, tende a reduzir o risco de novas violações e preservar a integridade de um dos acervos mais importantes do mundo. Segundo especialistas, entretanto, a confiança do público e de seguradoras só será restabelecida após auditorias independentes confirmarem a eficácia das mudanças.
Curiosidade
O Louvre mantém mais de 35 mil obras em exibição, mas o acervo total ultrapassa 400 mil peças. Para otimizar espaço, cerca de 70% fica em reservas técnicas afastadas do público — áreas que também dependem de vigilância eletrônica. A vulnerabilidade identificada atinge não apenas as galerias famosas, mas esses depósitos menos visíveis, ampliando o desafio de proteção.
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Resumo: Auditorias revelaram que o Louvre utilizava softwares sem suporte e senhas frágeis, facilitando um roubo recente. A modernização do sistema de vigilância é urgente e pode influenciar a adoção de novas práticas de segurança em museus de todo o mundo. Fique atento às atualizações e compartilhe esta notícia para ampliar a discussão sobre proteção de patrimônio cultural.
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