Kazuhiko Torishima, ex-editor de Dragon Ball na revista Weekly Shonen Jump, voltou a chamar atenção ao comentar o fenômeno Demon Slayer – Kimetsu no Yaiba. Em declaração recente, o veterano da indústria afirmou que a popularidade global da obra de Koyoharu Gotouge só atingiu o patamar atual graças à adaptação animada produzida pelo estúdio Ufotable, e não pelo mangá original.
Comparação direta entre mídias
Durante a conversa reproduzida na rede social X (antigo Twitter), Torishima comparou a relação entre mangá e anime à preparação de café. Segundo ele, o material impresso seria “grão cru”, enquanto o anime seria responsável por “torrar e transformar” o conteúdo em algo realmente especial. A metáfora reforça o ponto de que, na avaliação do editor, a narrativa e a arte do mangá não apresentavam elementos suficientes para gerar o enorme engajamento observado após a estreia da série animada.
O comentário surge em um cenário de recordes para a franquia. O longa Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba – Castelo Infinito estreou recentemente no Japão e, em poucos dias, quebrou marcas de bilheteria, consolidando o título como uma das produções mais lucrativas do mercado de animação.
Desempenho do anime impulsiona a marca
Lançada em 2019, a versão televisiva de Demon Slayer ganhou destaque imediato pelos níveis de animação, trilha sonora e direção de arte. A qualidade técnica atraiu espectadores para além do público leitor habitual de mangás, ampliando receitas de streaming, cinema e licenciamento de produtos.
Especialistas em mercado apontam que a consistência visual apresentada pela Ufotable elevou o padrão de produção em séries de ação. A repercussão se estendeu a outros estúdios, que passaram a priorizar equipes menores e calendários mais flexíveis para assegurar acabamento superior, tendência que também foi observada em títulos lançados após 2020.
Ao ressaltar a importância do anime, Torishima toca em debate recorrente na indústria japonesa: até que ponto laços entre mangá e animação definem o êxito comercial de uma marca de entretenimento. O ex-editor vê o caso de Demon Slayer como exemplo de obra que, embora tenha base sólida, alcançou projeção mundial sobretudo graças à adaptação audiovisual.
Recepção entre fãs e profissionais
As declarações de Torishima dividem opiniões. Parte do público concorda que o anime potencializou a obra, citando sequências de combate, trilhas orquestradas e trabalho de dublagem como fatores decisivos para o apelo emocional. Outro segmento destaca que o mangá vendeu milhões de exemplares antes mesmo da estreia televisiva, argumento utilizado para defender a força do material escrito.

Imagem: nichos que aparentente ninguém liga
Mesmo reconhecendo o mérito do estúdio, fãs lembram que Gotouge construiu personagens empáticos e uma trama acessível que facilitaram a transposição para a TV. Já profissionais do setor veem nos comentários de Torishima uma crítica indireta à dependência crescente de animações de alto orçamento para impulsionar vendas de publicações impressas.
Impacto econômico e cultural
O sucesso de Demon Slayer gerou resultados notáveis. De acordo com dados divulgados no Japão, a circulação acumulada do mangá ultrapassou 150 milhões de cópias, enquanto o filme Mugen Train (2020) tornou-se a maior bilheteria da história do país, superando títulos como Your Name e A Viagem de Chihiro. A recente estreia de Castelo Infinito reforça essa trajetória, consolidando a franquia como um dos principais ativos da indústria de entretenimento japonesa.
Torishima, conhecido por opiniões francas desde seu trabalho com Akira Toriyama, sustenta que a combinação de direção cinematográfica, paleta de cores vibrante e ritmo de narrativa do anime criou uma experiência que atraiu novos consumidores. Para o editor, a série animada “extraordinária” foi responsável por ampliar exponencialmente o alcance da marca, transformando o que seria um sólido sucesso editorial em um fenômeno global.
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Em resumo, as declarações de Kazuhiko Torishima reacendem a discussão sobre a influência das adaptações animadas no desempenho comercial de obras impressas. A repercussão mostra que, no cenário atual, sinergias entre mídias continuam fundamentais. Continue acompanhando nossas atualizações e compartilhe sua opinião sobre o tema.