Um levantamento conduzido pela Universidade de Stanford indica que a inteligência artificial (IA) já provoca impacto significativo sobre vagas de entrada em determinadas áreas profissionais. Segundo a pesquisa, trabalhadores em início de carreira, com idades entre 22 e 25 anos, lotados em ocupações altamente expostas à tecnologia registraram redução relativa de 13 % no nível de emprego, mesmo após o controle de fatores ligados ao desempenho das empresas.
Metodologia e principais achados
O estudo analisou dados de folha de pagamento da ADP, uma das maiores processadoras de salários dos Estados Unidos. Os pesquisadores cruzaram as informações com métricas de exposição à IA para diferentes funções — entre elas desenvolvimento de software e atendimento ao cliente, setores reconhecidos pelo uso crescente de automação baseada em algoritmos.
Os resultados mostram que a diminuição afeta, sobretudo, os recém-ingressantes no mercado de trabalho. Para profissionais de faixas etárias superiores, em especial acima de 25 anos, não foram detectadas variações estatisticamente relevantes na empregabilidade dentro das mesmas áreas expostas.
Outro ponto destacado pelos autores é a existência de crescimento em segmentos menos suscetíveis à IA. Isso sugere que o impacto, embora relevante, permanece setorial e não representa uma retração generalizada para todos os níveis de entrada.
Percepção pública e projeções de mercado
A preocupação com eventuais cortes de postos também aparece em sondagens de opinião. Um levantamento Reuters/Ipsos realizado nos Estados Unidos revelou que 71 % dos entrevistados temem que “muitas pessoas percam o emprego” por causa de sistemas de inteligência artificial.
No setor empresarial, previsões igualmente cautelosas alimentam o debate. Em maio, o diretor-executivo da Anthropic, Dario Amodei, estimou que a automação pode extinguir até metade das funções de escritório no longo prazo. Ainda que a projeção seja controversa, declarações desse porte reforçam a necessidade de acompanhar indicadores de empregabilidade.
Por que os profissionais em início de carreira são mais vulneráveis?
Especialistas apontam três fatores principais:
1. Menor experiência prática
Recém-formados tendem a executar tarefas rotineiras, justamente as mais fáceis de automatizar com IA generativa ou sistemas de processamento de linguagem natural.
2. Custos de adaptação
Empresas podem preferir investir em ferramentas automatizadas em vez de capacitar novos colaboradores, reduzindo gastos com treinamento inicial.

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3. Flexibilidade organizacional
Departamentos de tecnologia e suporte ao cliente têm infraestrutura digital já preparada para integrar algoritmos, facilitando a substituição de etapas operacionais.
Impacto limitado para trabalhadores experientes
O mesmo estudo sugere que profissionais mais seniores mantêm níveis de emprego estáveis, mesmo em setores altamente expostos. Possíveis explicações incluem acúmulo de conhecimento tácito, responsabilidade por decisões estratégicas e capacidade de supervisionar sistemas automatizados. Dessa forma, a IA altera sobretudo o perfil das funções iniciais, enquanto posições que exigem julgamento e experiência seguem demandadas.
Reflexos para formação e políticas públicas
Os autores do relatório defendem atualização constante dos currículos universitários e fortalecimento de programas de requalificação. Para eles, habilidades ligadas à criatividade, pensamento crítico e integração de tecnologia podem mitigar os riscos de obsolescência. Já sob a ótica governamental, iniciativas de fomento à pesquisa, incentivos fiscais para treinamento e monitoramento do mercado de trabalho são apontadas como caminhos para reduzir eventuais disparidades geracionais.
Embora os números levantem alertas, o documento ressalta que o fenômeno não atinge todas as áreas de forma uniforme. A consolidação da IA cria oportunidades em novos nichos, inclusive no desenvolvimento e na governança dos próprios sistemas automatizados. A questão central, dizem os estudiosos, será garantir a transição segura dos profissionais mais jovens para postos que exijam competências complementares à tecnologia.
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Resumo: a pesquisa de Stanford revela queda de 13 % no emprego de jovens em ocupações sensíveis à IA, enquanto trabalhadores experientes permanecem menos afetados. A tendência reforça a importância de qualificação contínua e monitoramento do mercado. Continue acompanhando nosso portal para novas informações e orientações sobre o futuro do trabalho.
Curiosidade
O levantamento considera a faixa etária de 22 a 25 anos como ponto inicial da carreira porque coincide com o período médio de conclusão do ensino superior nos Estados Unidos. Essa delimitação permite diferenciar o impacto da IA sobre quem ainda não consolidou experiência profissional. Além disso, os autores observam que posições de estágio não foram incluídas, evitando distorções nos resultados finais.