O orçamento destinado à inteligência artificial (IA) vem crescendo no meio corporativo. Segundo o Estudo Talent Trends 2024, elaborado pela Randstad, 65% das companhias aumentaram seus investimentos em IA neste ano. A expectativa é de que essa prioridade se mantenha nos planos financeiros de 2026, reforçando a necessidade de abordagem estruturada para garantir retorno sobre o capital aplicado.
Crescimento rápido esbarra em resultados limitados
Relatórios oficiais indicam que a adoção da IA avança em ritmo acelerado no Brasil. Dados da pesquisa Desbloqueando o Potencial da IA no Brasil 2025, encomendada pela Amazon Web Services, mostram que 9 milhões de empresas nacionais já utilizam a tecnologia de forma sistemática, o equivalente a 40% do total de organizações ativas no país. O índice representa alta de 29% em relação ao ano anterior, sinalizando consolidação do recurso no ambiente corporativo.
Os números refletem impactos positivos na receita e na produtividade: 95% das empresas que implementaram IA relatam aumento nas vendas, enquanto 96% apontam melhorias na eficiência operacional. No entanto, a implantação nem sempre se converte em ganhos de larga escala. Levantamento do MIT, intitulado The GenAI Divide: State of AI in Business 2025, revela que 95% dos projetos não geram benefícios significativos em eficiência ou faturamento. As causas passam por adoção desorganizada, falta de integração com processos e dificuldade em sair da fase piloto.
Outra barreira é a percepção de risco. Estudo global da KPMG, Trust, Attitudes and Use of AI: 2025, aponta que a preocupação dos brasileiros com potenciais efeitos negativos da IA subiu de 49% em 2022 para 75% em 2024. A proporção dos que consideram os benefícios superiores aos riscos caiu de 71% para 44% no mesmo período, reforçando a necessidade de governança robusta.
Planejamento orçamentário ganha novas frentes
Especialistas indicam que incorporar a IA ao budget exige visão de longo prazo. A consultoria Bain & Company estima que a IA generativa figurará entre as três prioridades estratégicas de mais de 60% das empresas nos próximos dois anos. Para atender a esse cenário, o investimento precisa contemplar quatro frentes essenciais:
1. Exploração e descoberta: análise de processos e identificação de casos de uso. Inclui capacitações iniciais e testes de viabilidade em pequena escala.
2. Pilotos e MVPs: desenvolvimento de protótipos com baixo risco, voltados a validar hipóteses antes de uma implementação ampla.
3. Escala: integração dos sistemas de IA aos fluxos de trabalho, definição de métricas de desempenho e expansão gradual das soluções.
4. Capacitação: formação contínua das equipes. O relatório da AWS aponta que habilidades em IA serão essenciais para 48% dos cargos até 2027, mas apenas 32% das empresas se consideram prontas.
A alocação de recursos deve ainda contemplar requisitos regulatórios. O debate sobre uma legislação brasileira inspirada no AI Act europeu tende a gerar custos adicionais de conformidade, envolvendo mitigação de vieses algorítmicos e transparência no uso dos dados.

Imagem: Pedro Assis
Maturidade tecnológica define ritmo de investimento
Relatório da AWS classifica a jornada de adoção da IA em três estágios. No básico (62% das empresas), o foco é tático, com ferramentas prontas como chatbots. No intermediário (26%), passam a surgir soluções customizadas e preocupação com governança de dados. Já o avançado (12%) concentra organizações que fazem da IA um pilar estratégico; nessa categoria, 29% das startups operam nesse nível, contra 7% das grandes corporações.
Para 2026, a tendência é que cada segmento oriente o orçamento conforme seu grau de maturidade. Startups devem continuar investindo na IA como núcleo de produtos e serviços, enquanto empresas consolidadas precisarão focar integração, escalabilidade e treinamento de times para extrair valor além dos ganhos incrementais.
Além da questão técnica, a IA entra no radar de ESG. Stakeholders cobram uso ético e inclusivo da tecnologia, o que implica reservar verbas para auditorias, relatórios de impacto social e adequação a normas de proteção de dados.
Impacto para o leitor: a inserção de IA no orçamento corporativo pode influenciar o cotidiano do consumidor, ao gerar atendimentos mais rápidos, produtos personalizados e serviços baseados em análise preditiva. Para profissionais de tecnologia e gestores, entender essas tendências amplia a competitividade no mercado de trabalho e define novas competências exigidas pelas empresas.
Curiosidade
Segundo a consultoria Gartner, apenas 48% das iniciativas de transformação digital alcançam plenamente seus objetivos. Entre as organizações consideradas “digital vanguard”, porém, o índice salta para 71%. A principal diferença está na integração entre áreas de negócio e no uso de dados para embasar decisões, reforçando que a IA, quando bem planejada, pode elevar substancialmente a taxa de sucesso dos projetos.
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