A descoberta de um disco em espiral em torno da estrela em formação G358-MM1 pode alterar conceitos consolidados sobre como astros de grande massa nascem no Universo. Utilizando interferometria de base muito longa (VLBI, na sigla em inglês), uma equipa internacional coordenada pelo Observatório Astronômico Nacional do Japão (NAOJ) rastreou emissões de rádio conhecidas como masers e mapeou a estrutura do material que alimenta a protoestrela. O resultado foi a identificação de quatro braços espirais que indicam instabilidades gravitacionais e ajudam a explicar surtos repentinos de acréscimo de matéria na região central.
Técnica de masers permite “fotografar” ondas de calor
Masers são concentrações de moléculas que amplificam ondas de rádio, funcionando de forma semelhante a lasers, porém em comprimento de onda maior. Segundo especialistas em radioastronomia, esses sinais surgem quando nuvens de gás são aquecidas de forma abrupta, emitindo radiação intensa em frequências bem definidas. Como brilham muito mais do que o restante do ambiente, servem de marcadores naturais para rastrear fenômenos dinâmicos em áreas de difícil observação.
Para estudar G358-MM1, os cientistas combinaram antenas distribuídas em diferentes continentes, criando um radiotelescópio virtual com milhares de quilômetros de diâmetro. Essa configuração, conhecida como VLBI, possibilita uma resolução angular capaz de distinguir detalhes equivalentes ao tamanho de uma moeda vista da superfície da Lua.
Com essa precisão, a equipa monitorou as posições de dezenas de masers distribuídos pelo disco de gás e poeira que circunda a protoestrela. Cada ponto luminoso correspondeu a um “pingo” de calor gerado por um surto de alimentação da estrela — evento classificado como explosão episódica de crescimento. Ao ligar esses pontos no espaço, os astrônomos criaram um método apelidado de mapeamento de ondas de calor, que revelou contornos antes inacessíveis para instrumentos óticos ou infravermelhos.
Instabilidades associadas a braços espirais
Ao contrário do que se imaginava para discos em torno de objetos massivos, o material de G358-MM1 não se distribui de forma uniforme. Os contornos traçados pelos masers mostraram quatro braços espirais claramente definidos, semelhantes a tentáculos de um polvo, girando em torno do centro. Relatórios indicam que esse tipo de padrão ocorre quando a própria gravidade do disco o torna instável, criando aglomerações de gás que acabam colapsando e despencando sobre a protoestrela.
Em estrelas com mais de oito vezes a massa do Sol, a pressão da radiação é tão forte que impediria o fluxo contínuo de matéria. No entanto, os novos dados sugerem que a queda de material acontece em blocos descontínuos: a instabilidade forma os braços, o gás se acumula e, em seguida, mergulha no núcleo, gerando a explosão de radiação que excita as moléculas e produz os masers. Esse ciclo explicaria por que protoestrelas de grande massa apresentam luminosidade variável e surtos de crescimento abruptos.
De acordo com dados oficiais divulgados pela equipa, o fenômeno observado em G358-MM1 fornece a conexão que faltava entre instabilidade gravitacional do disco e explosões episódicas. A constatação reforça modelos teóricos que preveem distribuição em espiral para sistemas jovens muito massivos, mas ainda carecia de evidência direta.
Impacto para modelos de formação estelar
A análise de especialistas indica que o resultado terá repercussões significativas na astrofísica. Modelos atuais dependem de simulações computacionais para descrever como estrelas acima de oito massas solares conseguem acumular matéria sem serem dispersadas pela própria radiação. A identificação de um disco espiral vivo fornece um cenário observacional concreto para calibrar essas simulações e aprimorar previsões sobre luminosidade, taxas de acréscimo e existência de ondas de choque.

Imagem: R. A. Burns
Além disso, o método de mapeamento de ondas de calor por masers deverá ser aplicado a outras protoestrelas, permitindo verificar se a formação de braços espirais é regra ou exceção. Caso padrões semelhantes sejam encontrados em diferentes regiões de nascimento estelar, astrônomos poderão generalizar o mecanismo para objetos de massa variada, potencialmente revendo cronogramas evolutivos de estrelas e planetas.
Para o público geral, compreender como gigantes estelares se formam ajuda a explicar a distribuição de elementos pesados no Cosmos, já que estrelas massivas terminam a vida em supernovas que semeiam o espaço com materiais essenciais à formação de planetas rochosos e, consequentemente, à vida.
Curiosidade
Os masers, fundamentais para essa descoberta, foram detectados pela primeira vez em 1965. Embora usem moléculas comuns — como água ou metanol —, eles só ocorrem em condições específicas de temperatura e densidade, atuando como “megafones” naturais de micro-ondas. Sem esse fenômeno, mapeamentos detalhados de discos estelares a milhares de anos-luz seriam praticamente impossíveis.
Para quem acompanha avanços em ciência espacial, a revelação de G358-MM1 demonstra como a combinação de tecnologia e métodos inovadores continua a ampliar nossa compreensão do Universo. Se você deseja saber mais sobre descobertas recentes e impactos no setor de tecnologia, convidamos a ler outros artigos em nosso portal de notícias.
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