Darren Aronofsky incluiu uma referência direta a Martin Scorsese em seu próximo longa-metragem, “Caught Stealing”, previsto para chegar aos cinemas em 2025. O diretor escalou Griffin Dunne para viver um personagem chamado Paul, mesma designação e rosto que marcaram o protagonista de “After Hours”, comédia urbana de Scorsese lançada em 1985. A decisão cria uma ponte de quatro décadas entre as produções e reforça o diálogo que Aronofsky mantém com a cultura cinematográfica de Nova York.
Homenagem marca 40 anos de “After Hours”
“Caught Stealing” se passa em 1998, ano em que Aronofsky estreou com “Pi”. Ao ambientar a nova trama na cidade e no período que viu seu primeiro sucesso nascer, o cineasta povoa o roteiro de referências à Nova York dos anos 1990. Entre elas, destacam-se a locadora Kim’s Video, ícone dos cinéfilos da época, e citações musicais inseridas nos diálogos do protagonista Hank, interpretado por Austin Butler.
A presença de Griffin Dunne, contudo, vai além do simples aceno a uma década. Em “After Hours”, o ator vive Paul Hackett, um datilógrafo que atravessa uma noite caótica após um encontro inesperado no SoHo. Quarenta anos depois, Dunne retorna às telas como Paul, agora proprietário do bar onde Hank trabalha na Lower East Side. Segundo especialistas, a escolha funciona como espelho narrativo: o Paul de 1985 simboliza o homem comum preso à rotina; o de 2025 encarna o hedonismo que seduz quem busca fugir de amarras sociais.
Ao reutilizar o mesmo nome e ator, Aronofsky cria um “jogo de espelhos” que não confunde os longas como parte de um universo compartilhado, mas estimula o espectador a reconhecer paralelos temáticos entre conformismo e excesso. De acordo com críticos que já assistiram a exibições-teste, a cena em que Paul aconselha Hank a “não deixar a cidade engolir seus sonhos” funciona como chave de leitura para ambos os filmes.
Intertextualidade reforça tendência de easter eggs no cinema
A estratégia de escalar veteranos para papéis que dialogam com personagens marcantes não é inédita, mas ganha fôlego na era dos easter eggs. Relatórios da consultoria Gower Street mostram que produções que oferecem camadas de nostalgia registram maior engajamento em redes sociais e impulsionam o segundo fim de semana de bilheteria. “Caught Stealing” segue essa lógica ao apostar no reconhecimento instantâneo do rosto de Dunne pelos fãs de Scorsese.
Além disso, a nova obra de Aronofsky mistura elementos de comédia sombria e noir, gênero que o diretor explora desde “Pi”. A escolha de ambientar a narrativa ao longo de vários dias, e não em uma única noite como em “After Hours”, amplia a escala dos acontecimentos e permite que as consequências das escolhas de Hank repercutam de forma mais realista. Segundo dados preliminares do estúdio, o roteiro cobre três bairros distintos, exibindo desde clubes punk até apartamentos decadentes, retrato de uma Nova York pré-gentrificação.
A opção por manter tom cruel e humor ácido também aproxima o filme de clássicos neo-noir dos anos 1990, colocando-o em linha com produções como “Pulp Fiction” ou “Trainspotting”. Contudo, diferentemente das referências europeias ou californianas, Aronofsky insiste na atmosfera claustrofóbica de Manhattan para reforçar o caráter de labirinto urbano que devora os protagonistas.
Impacto para o mercado e para o público
Para o setor de exibição, “Caught Stealing” chega em momento de recuperação do circuito após a greve dos roteiristas de 2023. Analistas da Comscore estimam que filmes com apelo nostálgico devem representar 18 % da receita mundial em 2025, ante 11 % em 2019. Ao conectar o novo longa a um clássico cult, Aronofsky amplia o alcance do marketing, atraindo tanto fãs de cinema de arte quanto público interessado em thrillers contemporâneos.
Já para o espectador, a presença de elementos reconhecíveis facilita a imersão sem exigir conhecimento prévio. Caso tenha visto “After Hours”, o público enxergará camadas adicionais; se não, encontrará um personagem autônomo e funcional na trama. Profissionais de psicologia da mídia apontam que essa combinação de familiaridade e novidade aumenta a satisfação pós-sessão, o que tende a gerar recomendações boca a boca.

Imagem: Internet
Em termos de linguagem, “Caught Stealing” mantém a assinatura visual de Aronofsky, com câmera inquieta e cortes abruptos. A trilha sonora ostenta diversos “needle drops”, expressão usada na indústria para definir inserções de músicas populares já consagradas. Relatórios indicam que o diretor negociou direitos de faixas de bandas punk e hip-hop underground do final dos anos 1990, reforçando a autenticidade histórica.
Possíveis desdobramentos
Se o longa confirmar as expectativas de crítica e público, a aposta em reprises de personagens icônicos poderá inspirar outros realizadores a revisitar coadjuvantes memoráveis, oferecendo leituras contemporâneas sem depender de reboots completos. Produtores destacam que o modelo reduz custos de direitos autorais e evita a saturação de franquias, ao mesmo tempo em que entrega fan service moderado.
Para os fãs de Aronofsky, a ambientação em 1998 suscita especulações sobre uma ligação indireta com “Pi”. Embora não haja indícios formais de universo compartilhado, o simples fato de as duas histórias ocorrerem em paralelo alimenta debates acadêmicos sobre multiversos narrativos. Universidades que pesquisam cinema pós-moderno já planejam colóquios sobre o tema, prevendo que o longa de 2025 se torne objeto de estudo recorrente.
Na prática, o espectador verá um filme que mescla humor, tensão e reflexões sobre identidade urbana. Segundo o consultor de tendências culturais Steven Johnson, obras que exploram o “todo dia extraordinário” geram identificação imediata com a plateia millennial, que cresceu em grandes centros e reconhece a sensação de se perder em metrópoles aparentemente familiares.
Para quem acompanha o noticiário de entretenimento, a novidade reforça a importância de ficar atento a referências sutis que enriquecem a experiência cinematográfica. Ao visitar o cinema, procure observar detalhes de cenário, diálogos e escolhas de elenco: pequenas pistas podem revelar camadas inteiras de significado que escapam a uma leitura superficial.
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Curiosidade
Griffin Dunne, além de ator, dirige e produz filmes desde os anos 1990. Curiosamente, ele participou da pós-produção de “After Hours” acompanhando Scorsese na ilha de edição, experiência que o motivou a investir na carreira de cineasta. Voltar ao set como Paul em “Caught Stealing” encerra um ciclo iniciado há 40 anos e demonstra como participações pontuais podem atravessar gerações e marcar a história do cinema nova-iorquino.
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