O Centro de Voos Espaciais Goddard, principal polo científico da NASA dedicado a pesquisas climáticas e desenvolvimento de satélites, passa por um processo acelerado de desmonte em pleno shutdown do governo dos Estados Unidos. Segundo um relatório investigativo do jornalista Josh Dinner, apresentado no episódio 185 do podcast “This Week In Space”, laboratórios foram fechados, funcionários estratégicos estão em licença não remunerada ou aposentadoria precoce e setores inteiros tiveram suas atividades suspensas sem a aprovação prévia do Congresso.
Goddard enfrenta cortes severos em plena paralisação
De acordo com o levantamento, as medidas começaram a ser aplicadas logo após o início da paralisação administrativa e somam-se a reduções orçamentárias já previstas para 2024. Os ajustes atingem diretamente programas de observação terrestre, missões de monitoramento atmosférico e projetos de instrumentação que dependem de financiamento contínuo. Fontes internas ouvidas pelo podcast afirmam que, ao término do shutdown, o centro poderá operar com capacidade significativamente inferior à atual, comprometendo cronogramas de lançamento e validação de dados científicos.
O impacto imediato envolve a suspensão de contratos temporários e o congelamento de novas contratações, prática que, segundo funcionários, coloca em risco a continuidade de estudos sensíveis. Diferentemente de paralisações anteriores, marcadas por uma retomada quase integral das operações, desta vez parte das equipes pode não retornar, gerando perda de conhecimento acumulado e atrasos em missões críticas.
Consequências para a ciência climática e para a força de trabalho
Responsável por pesquisas avançadas em observação da Terra e modelagem do clima, Goddard representa um eixo estratégico para a compreensão de fenômenos como desmatamento, derretimento de calotas polares e evolução de gases de efeito estufa. Especialistas alertam que a interrupção prolongada desses estudos compromete séries temporais, dificulta a análise de tendências e retarda recomendações de políticas públicas baseadas em evidências.
Um relatório recente de assessores democratas no Congresso acusa a administração federal de implementar cortes propostos no orçamento sem aprovação legislativa, ação que poderia infringir a Lei Antideficiência. Se comprovada a ilegalidade, o governo seria obrigado a restituir recursos e rever demissões, prolongando a instabilidade institucional.
Enquanto isso, o administrador interino da agência, Sean Duffy, declarou que a NASA pretende “afastar-se” parcialmente das ciências climáticas para concentrar esforços no retorno à Lua e em futuras missões a Marte. A afirmação reforça temores de que o segmento de pesquisa ambiental seja relegado a segundo plano, justamente quando eventos climáticos extremos intensificam a demanda por dados precisos.
Movimentações paralelas no setor espacial
Além da crise em Goddard, a semana espacial trouxe outras notícias relevantes. O bilionário Jared Isaacman foi novamente indicado para chefiar a NASA, em uma reversão de posição do governo norte-americano. Se confirmado pelo Senado, Isaacman substituirá Duffy e assumirá a gestão da agência em meio ao processo de reestruturação.
Em outro front, a estação espacial internacional celebrou 25 anos de operação enquanto autoridades chinesas procuraram a NASA pela primeira vez para evitar uma possível colisão orbital de satélites. O contato inaugura um formato inédito de cooperação entre Washington e Pequim na mitigação de riscos espaciais, sinalizando que a segurança compartilhada pode se sobrepor a rivalidades geopolíticas.
Impacto potencial para mercado e sociedade
Para empresas que dependem de dados ambientais, como seguradoras, agritechs e setores de energia, a degradação da capacidade de Goddard pode significar perdas financeiras associadas a previsões menos confiáveis. Segundo estimativas de analistas consultados pelo podcast, o shutdown de 2019 gerou prejuízos de aproximadamente US$ 500 milhões à NASA por atrasos e retrabalho; números semelhantes são esperados caso a paralisação atual se prolongue, com efeitos indiretos na cadeia de fornecedores aeroespaciais.

Imagem: Space
Se confirmada a mudança de foco da agência, universidades e startups que colaboram com o centro precisarão buscar novos parceiros para viabilizar projetos de observação da Terra. Além disso, o público poderá enfrentar lacunas na divulgação de relatórios meteorológicos e climáticos avançados, usados em planejamento urbano, agricultura e gestão de recursos hídricos.
Para quem acompanha o setor, a situação de Goddard funciona como termômetro da prioridade que o governo atribui à ciência climática. Caso as operações não sejam plenamente restabelecidas, a lacuna de dados pode atrasar iniciativas globais de mitigação e adaptação às mudanças do clima, afetando decisões econômicas e políticas nos próximos anos.
Este cenário reforça a importância de monitorar a evolução das negociações no Congresso e eventuais revertes na estrutura da agência. Segundo especialistas, a recuperação do centro exigirá esforço adicional em financiamento, recontratação de talentos e reposição de equipamentos, caso contrário missões programadas para a próxima década podem ser canceladas ou transferidas para consórcios privados.
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Curiosidade
Sabia que é possível lançar uma réplica em miniatura do foguete Falcon 9 direto do quintal? A fabricante Estes vende um modelo detalhado, de 78 cm de altura, inspirado no veículo da SpaceX. O kit utiliza motores de baixa potência e atinge cerca de 100 m de altitude, oferecendo uma experiência prática de engenharia aeroespacial para entusiastas. A iniciativa ajuda a popularizar a ciência de foguetes, tema diretamente ligado às pesquisas que centros como Goddard realizam em escala real.
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