Uma área estimada em 1,5 milhão de quilômetros quadrados repleta de resíduos plásticos se formou no meio do Oceano Pacífico, entre os Estados Unidos e o Japão. A concentração de detritos, equivalente ao tamanho do estado do Amazonas, é mantida no mesmo ponto por giros oceânicos — grandes correntes marítimas que circulam em formato de redemoinho.
Segundo pesquisadores que monitoram a região, esses giros retêm redes de pesca, garrafas, embalagens e milhões de microplásticos, criando um aglomerado já conhecido como “plastisfera”. O fenômeno transformou a poluição em um recife artificial onde organismos marinhos passaram a viver e se reproduzir.
Organismos encontram abrigo no lixo
Relatórios científicos apontam a presença de caranguejos, anêmonas, algas e microrganismos fixados nas peças de plástico. Esse processo de colonização surpreendeu a comunidade científica, pois demonstra a capacidade de adaptação da fauna a substratos artificiais. Entretanto, especialistas alertam que a descoberta está longe de ser positiva.
Os mesmos giros que mantêm o lixo concentrado também convertem as partículas em balsas flutuantes, capazes de transportar espécies de um continente a outro. A migração forçada aumenta o risco de introdução de organismos invasores em ecossistemas costeiros sensíveis, com potenciais impactos socioeconômicos e sanitários.
Além disso, muitos animais confundem plásticos com alimento. A ingestão de fragmentos pode levar à desnutrição, bloqueios intestinais e óbito em espécies como tartarugas, aves marinhas e peixes, alertam biólogos marinhos entrevistados por agências internacionais.
Desafios para a limpeza do oceano
Frente à gravidade do cenário, iniciativas internacionais vêm tentando remover parte desse material. Projetos que utilizam barreiras flutuantes ou embarcações adaptadas já recolheram toneladas de detritos, mas ainda não conseguem acompanhar o ritmo em que o plástico chega ao mar.
O desafio torna-se maior porque a limpeza em larga escala pode afetar as comunidades que se adaptaram ao “recife” improvisado. Organizações ambientais ponderam que retirar o lixo significa, ao mesmo tempo, remover os organismos que agora dependem dele. Por isso, cientistas defendem soluções integradas, focadas na redução da geração de resíduos na origem e em melhores sistemas de gestão de descarte em terra firme.
De acordo com dados da ONU, 80 % do lixo nos oceanos provêm de fontes terrestres, principalmente por meio de rios e águas pluviais. Os outros 20 % decorrem de apetrechos de pesca abandonados ou perdidos. Especialistas concordam que conter essa entrada é mais eficiente e econômico do que tentar recuperar o material depois de disperso pelo mar.

Imagem: galihsputro
Efeitos para o setor econômico e para a saúde
O acúmulo de plástico no Pacífico já causa prejuízos à pesca, ao turismo e à navegação. Redes de deriva podem danificar hélices e cascos de embarcações, enquanto praias turísticas afetadas por resíduos sofrem retração no número de visitantes. Além disso, estudos apontam que microplásticos ingeridos por organismos marinhos podem chegar à cadeia alimentar humana, levantando preocupações sobre possíveis efeitos à saúde.
Para o leitor, a principal repercussão prática é o impacto direto nos preços de pescado, na qualidade dos alimentos e em oportunidades de emprego nas comunidades costeiras. Medidas de consumo responsável, reciclagem e apoio a políticas públicas de gestão de resíduos tornam-se, portanto, ações concretas que cada pessoa pode adotar para reduzir o problema.
Curiosidade
Embora pareça novidade, o termo “plastisfera” foi cunhado em 2013 para descrever comunidades microbianas que colonizam plásticos marinhos. Esses microrganismos conseguem degradar parcialmente alguns polímeros, mas o processo é lento e libera substâncias químicas que ainda estão sob investigação. A descoberta reacendeu debates sobre biotecnologia como possível aliada na mitigação da poluição plástica.
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