Bruxelas — A Comissão Europeia apresentou, em 28 de outubro, proposta para que os Estados-membros autorizem negociações com a Ucrânia sobre sua adesão ao Governmental Satellite Communications (GOVSATCOM), serviço de comunicações governamentais por satélite da União Europeia (UE). A iniciativa pretende garantir ao país acesso rápido, confiável e seguro a capacidades de satélite compartilhadas pelos participantes do bloco.
O que é o GOVSATCOM e por que interessa à Ucrânia
O GOVSATCOM foi concebido para unificar recursos já existentes de satélites governamentais dos Estados-membros e de operadoras privadas autorizadas, criando uma rede segura para missões críticas de segurança, defesa, gestão de crises e infraestrutura essencial. Atualmente, França, Itália, Espanha e Luxemburgo figuram entre os países que disponibilizam ativos espaciais ao sistema.
Segundo a Comissão, permitir a entrada da Ucrânia fortalece a capacidade comum de resposta a ameaças e amplia a resiliência europeia em cenário marcado pela guerra no leste do continente. O acesso à plataforma deve apoiar comunicações militares, de proteção civil e de serviços públicos essenciais em território ucraniano e na região do Mar Negro.
Próximos passos formais e requisitos operacionais
Para que a adesão se concretize, são necessários vários procedimentos institucionais. O governo ucraniano deverá submeter pedido formal à UE, detalhando necessidades de capacidade e cobertura. Em seguida, será negociado acordo internacional que defina direitos, deveres e modelo de financiamento.
Outro ponto central é a credenciação de segurança do GOVSATCOM Hub, núcleo que conecta usuários a redes nacionais ou comerciais. O Hub ainda não opera plenamente e foi desenhado, na legislação atual, para uso exclusivo de países do bloco. Caso a Ucrânia seja incluída, esse enquadramento terá de ser ajustado para garantir conformidade regulatória e proteção de dados sensíveis.
Quanto a custos, ainda não há definição sobre quem arcará com o consumo adicional de banda satelital. Os Estados-membros deverão decidir se o financiamento virá de verbas comunitárias, dos orçamentos nacionais ou de modelo híbrido. Especialistas em política espacial observam que o debate orçamentário tende a ser decisivo para o cronograma de implementação.
Integração futura com a constelação IRIS²
O GOVSATCOM representa a primeira fase de uma estratégia europeia mais ampla. A partir de 2025, a UE planeja lançar a constelação multi-órbita IRIS², concebida para ampliar cobertura, redundância e segurança das comunicações do bloco. Para que a Ucrânia também usufrua desse sistema, o país precisará concluir a adesão ao GOVSATCOM e cumprir requisitos técnicos adicionais.
Relatórios oficiais indicam que a segunda fase poderá envolver desenvolvimento de novos satélites por meio de parcerias público-privadas, caso as capacidades atuais se mostrem insuficientes frente à demanda crescente. A participação ucraniana nesse estágio dependerá do êxito das etapas jurídicas, financeiras e de segurança em curso.
Impactos estratégicos para Europa e setor espacial
Desde o início do conflito com a Rússia, Kiev expandiu o uso de comunicações via satélite para manter serviços essenciais e coordenação militar. A eventual integração ao GOVSATCOM colocaria essas comunicações sob um guarda-chuva europeu, conferindo padronização de segurança e acesso a satélites governamentais de alta resiliência.

Imagem: BlackSky
Para a UE, a medida representa aprofundamento de cooperação com um país parceiro em situação de guerra, sem precedentes no âmbito do programa espacial comunitário. Além disso, sinaliza ao mercado de satélites privados que a demanda por capacidade segura se manterá elevada, podendo estimular novos contratos e investimentos.
Analistas ressaltam que, ao abrir o GOVSATCOM a um Estado não membro, a Comissão Europeia estabelece paradigma que poderá ser replicado com outras nações alinhadas a interesses de segurança do bloco. Isso também pressiona por revisão do arcabouço regulatório para acomodar futuros parceiros externos.
O que muda para o cidadão e para o mercado
Se aprovado, o acordo pode acelerar soluções de conectividade segura em áreas de conflito e catástrofes, cenário que exige comunicações robustas e independentes de infraestrutura terrestre. Empresas europeias de satélite podem ver aumento de contratos governamentais, enquanto fabricantes de terminais terrestres terão nova frente de demanda. Para o público, a tendência é de maior segurança nas cadeias de suprimento e de dados, refletindo-se em serviços críticos, como transporte, energia e resposta a emergências.
Curiosidade
Embora pareça recente, o conceito de compartilhamento de satélites governamentais na Europa foi discutido pela primeira vez em 2013, após falhas em cabos submarinos no Mediterrâneo. A ideia ganhou força como alternativa para evitar pontos únicos de falha e, agora, torna-se ferramenta geopolítica ao aproximar a Ucrânia de uma rede que nasceu para integrar apenas membros da UE.
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