A China realizou dois lançamentos orbitais em sequência entre a tarde de 8 de novembro e a madrugada de 9 de novembro (horário de Brasília), atingindo a marca de 70 tentativas de colocação de satélites em órbita em 2025 e ultrapassando o recorde anterior de 68, estabelecido em 2024.
Dois lançamentos em menos de 24 horas
O primeiro voo partiu às 18h01 (horário de Brasília) de 8 de novembro, quando um foguete Longa Marcha 11 deixou uma plataforma móvel ao largo de Haiyang, província de Shandong. A confirmação oficial de sucesso levou quase oito horas, intervalo incomum para missões rotineiras. Posteriormente, a Corporação de Ciência e Tecnologia Aeroespacial da China (CASC) informou que a carga útil era composta pelos satélites Shiyan-32 (01, 02 e 03). Sem detalhes adicionais, a estatal apenas indicou que os artefatos se destinam a “testes de novas tecnologias espaciais”.
De acordo com especialistas, a série Shiyan costuma avaliar sensores, subsistemas de comunicação, monitoramento ambiental e manobras de proximidade, contribuindo para validar plataformas antes de uso operacional. Os lançamentos anteriores da constelação incluíram o Shiyan-31, colocado em órbita em 13 de outubro, e os Shiyan-30 (01 e 02), lançados em 29 de setembro.
Horas depois, às 23h32 de 8 de novembro, um foguete Kinetica-1, operado pela empresa CAS Space, decolou do Centro de Lançamento de Jiuquan, no noroeste do país. A bordo, seguiam os satélites Chutian-2 (01 e 02), desenvolvidos pela subsidiária de engenharia espacial da Corporação de Ciência e Indústria Aeroespacial da China (CASIC). O objetivo é testar operações em very low Earth orbit (VLEO), faixa de cerca de 200 a 300 quilômetros de altitude que oferece imagens de alta resolução e menor latência de comunicação, mas exige sistemas de compensação de arrasto atmosférico.
Recorde anual de missões orbitais
Com as duas decolagens, a China chegou ao 70.º lançamento orbital do ano, superando o recorde anterior quando ainda restam quase dois meses para o fim de 2025. O Centro de Jiuquan concentrou 23 missões, mantendo-se como a base mais ativa do país. Xichang soma 16 voos, enquanto Wenchang e o porto espacial comercial de Hainan ampliam participação em ritmo acelerado.
Dados oficiais indicam redução proporcional do uso dos antigos foguetes Longa Marcha 2, 3 e 4, que empregam propelentes hipergólicos. Foram 26 voos desses modelos até agora, ante 32 em todo o ano passado. Paralelamente, cresceram as missões com lançadores movidos a querosene ou hidrogênio líquido — Longa Marcha 5, 6, 7 e 8 —, que já somam 24 decolagens no período. No total, os veículos da família Longa Marcha representam cerca de três quartos das saídas orbitais efetuadas em 2025.
A atividade comercial também avança. Kinetica-1, Jielong-3 e a linha Kuaizhou, todas vinculadas a estatais, contabilizam dez voos, enquanto empresas privadas como Galactic Energy, Landspace, iSpace e Gravity Space respondem por nove lançamentos. Segundo relatórios do setor, a construção das constelações nacionais Guowang e Qianfan está entre os motores do aumento de demanda.
Próximas decolagens e panorama para 2026
A agenda de lançamentos segue apertada. Ainda em 9 de novembro, um Longa Marcha 12 deve sair do novo porto espacial comercial de Hainan, e a Galactic Energy planeja lançar um foguete Ceres-1 de Jiuquan. Para 15 de novembro está previsto o voo inaugural do maior Ceres-2. Além disso, o retorno da tripulação da missão Shenzhou-20 permanece adiado enquanto a agência espacial chinesa avalia risco de detritos em rota de reentrada.

Imagem: Ourspace
Especialistas veem a consolidação de novos fornecedores e o uso crescente de estágios reutilizáveis como fatores que podem manter a curva de crescimento em 2026. A expansão das bases costeiras e a inauguração de plataformas flutuantes também devem reduzir gargalos logísticos e aumentar a frequência de saídas.
Impacto para o leitor
Para quem acompanha o setor, o novo recorde reforça a posição da China como concorrente direta dos Estados Unidos na chamada “economia da órbita baixa”. O aumento de satélites experimentais acelera o desenvolvimento de telecomunicações, monitoramento ambiental e serviços de observação terrestre, o que pode refletir em conexão mais rápida, imagens de maior qualidade e novos aplicativos de análise de dados para empresas e consumidores.
Curiosidade
Satélites em órbitas muito baixas percorrem o planeta em apenas 90 minutos e podem registrar detalhes surpreendentes da superfície. Contudo, o ar rarefeito ainda gera arrasto suficiente para desacelerar o veículo, exigindo minijatos ou propulsores elétricos que reajustem a altitude periodicamente. Esse “equilíbrio” entre proximidade da Terra e sustentação orbital é um dos desafios mais complexos da engenharia aeroespacial atual.
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