Pequim — A China estabeleceu um novo recorde de lançamentos orbitais em um único ano ao alcançar 72 decolagens bem-sucedidas até 9 de novembro de 2025. O número ultrapassa a marca de 68 missões obtida em 2024 e reforça a posição do país como protagonista no setor espacial, embora ainda atrás dos Estados Unidos em volume total de operações neste ciclo.
Sequência de quatro decolagens em 48 horas garante marca histórica
O feito foi confirmado após um fim de semana intenso, no qual quatro foguetes chineses deixaram a Terra em menos de 48 horas. Dois deles partiram do tradicional Centro de Lançamento de Jiuquan, na região noroeste, operados pela estatal China Aerospace Science and Technology Corporation (CASC). No sábado (8), um Long March 11H colocou em órbita três satélites Shiyan-32, destinados a testar novas tecnologias embarcadas e a validar componentes para futuras missões.
Na noite de domingo (9), outro modelo da família, o Long March 12, decolou transportando um lote de satélites de banda larga que farão parte da constelação SatNet. O projeto prevê até 13 000 unidades em órbita terrestre baixa (LEO) para ampliar a oferta de internet de alta velocidade — iniciativa considerada estratégica pelo governo chinês para conectar áreas remotas e competir mundialmente no mercado de conectividade global.
Empresas privadas ganham espaço, mas ainda enfrentam desafios
Além dos veículos comandados pela CASC, duas companhias comerciais protagonizaram os demais lançamentos do fim de semana. A CAS Space utilizou seu foguete Kinetica-1 (também chamado de Lijian-1) para colocar dois satélites de observação da Terra em LEO, cumprindo a missão conforme o planejado. A operação confirma a tendência de expansão do setor privado chinês, apoiado por políticas governamentais que fomentam a participação de startups em segmentos de menor escala e nichos específicos.
No entanto, a busca por confiabilidade ainda apresenta obstáculos. A Galactic Energy viu seu Ceres-1 sofrer uma anomalia no estágio superior durante o voo de domingo, resultando na perda dos três satélites a bordo. Segundo especialistas do setor, falhas em veículos de menor porte são esperadas na fase inicial de amadurecimento tecnológico, mas cada incidente gera revisões de projeto e análise de riscos que impactam cronogramas e custos.
Estados Unidos mantêm liderança global impulsionada pela SpaceX
Apesar do avanço chinês, dados de rastreamento orbital indicam que os Estados Unidos já superaram 150 lançamentos em 2025, mais do que o dobro do total chinês. A diferença é puxada principalmente pelo Falcon 9, da SpaceX, responsável por 143 missões até o momento. Mais de 100 desses voos foram dedicados ao crescimento da constelação Starlink, serviço de internet via satélite que ultrapassou 5 000 unidades operacionais, segundo relatórios oficiais da empresa.
A comparação mostra dois modelos de escala. Enquanto a SpaceX concentra a maioria dos voos em um único veículo reutilizável, a China se apoia em uma variedade de foguetes estatais e privados, priorizando tanto a colocação de satélites militares e científicos quanto a diversificação de serviços comerciais.
Impacto estratégico e projeções para 2026
Autoridades chinesas afirmam que bater o recorde anual reforça a autossuficiência tecnológica do país e abre caminho para metas mais ambiciosas, como a conclusão de uma estação espacial própria ampliada e missões lunares tripuladas previstas para a próxima década. Analistas independentes observam que o ritmo de lançamentos sustenta cadeias de suprimento domésticas, estimula a formação de mão de obra especializada e atrai investimento de capital de risco para novos negócios espaciais.

Imagem: Mike Wall published
Para 2026, projeções internas citadas por meios estatais apontam para um volume superior a 80 missões, com maior participação de veículos reutilizáveis e de propelentes menos poluentes. De acordo com relatórios de mercado, o foco será integrar satélites de sensoriamento, comunicação quântica e demonstrações de propulsão elétrica, além de reforçar a cobertura de internet em regiões rurais da China e em países parceiros da Iniciativa Cinturão e Rota.
O que muda para o usuário e para o mercado
Na prática, o aumento de lançamentos chineses pode trazer concorrência adicional no fornecimento de banda larga satelital, pressionando preços e acelerando a adoção de antenas de menor custo. Empresas de logística, agricultura de precisão e monitoramento ambiental tendem a se beneficiar de imagens de alta resolução geradas por novos satélites de observação. Para o público em geral, a disputa entre constelações pode resultar em serviços mais estáveis em áreas sem infraestrutura de fibra ótica, ampliando a inclusão digital global.
Curiosidade
No mesmo fim de semana em que a China quebrou seu recorde, o Long March 11H completou seu 20.º voo operacional desde 2015. O estágio básico desse foguete deriva de mísseis balísticos navais e é lançado a partir de plataformas móveis, inclusive embarcações no Mar Amarelo. O sistema permite flexibilidade de local e reduz o risco de queda de detritos em áreas habitadas, estratégia que se conecta à meta chinesa de aumentar a cadência de lançamentos sem sobrecarregar seus centros terrestres.
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