China apresenta UBIOS e desafia domínio do UEFI em PCs

Tecnologia

O Global Computing Consortium (GCC), formado por 13 empresas chinesas lideradas pela Huawei, divulgou a criação do UBIOS — Sistema Básico Unificado de Entrada-Saída. O firmware, reconstruído a partir da BIOS tradicional, foi desenvolvido sem recorrer ao padrão UEFI, hoje predominante em computadores pessoais.

Objetivos e características do UBIOS

De acordo com o GCC, o projeto nasceu para simplificar a fase de inicialização do computador e ampliar a compatibilidade com diferentes arquiteturas de processador. Engenheiros envolvidos afirmam que o UEFI se tornou demasiado complexo, sobretudo devido à implementação de referência TianoCore EDK II, mantida pela Intel. O novo firmware promete:

  • Suporte otimizado a chiplets, tecnologia que divide o processador em módulos menores, como os anunciados recentemente pela Intel na linha Panther Lake.
  • Gerenciamento aprimorado de sistemas heterogêneos, permitindo que placas-mãe operem com múltiplos tipos de CPU ao mesmo tempo.
  • Compatibilidade nativa com x86, ARM, RISC-V e LoongArch, esta última de origem chinesa.

Especialistas consultados por universidades locais indicam que a adoção de um firmware mais enxuto pode reduzir o tempo de boot e simplificar a manutenção de segurança, além de facilitar ajustes por fabricantes de placas-mãe e data centers.

Independência tecnológica e cenário internacional

A iniciativa integra a estratégia de Pequim para diminuir a dependência de tecnologias controladas por empresas dos Estados Unidos. Relatórios oficiais do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação apontam que a participação norte-americana em especificações de firmware gera custos adicionais e pode limitar a personalização de soluções para o mercado doméstico.

Segundo o GCC, a escolha de evitar licenças vinculadas ao UEFI é tanto técnica quanto estratégica. O consórcio argumenta que, ao partir da BIOS original, é possível manter total controle sobre o código-fonte e escapar de possíveis restrições de exportação. Para analistas do setor, o movimento reflete a mesma lógica que motivou a criação de alternativas locais para sistemas operacionais, chips de memória e infraestrutura de rede.

Casos anteriores — como o LoongArch, arquitetura de CPU desenvolvida na China — mostram que, apesar da robustez técnica, a ampla adoção internacional costuma enfrentar obstáculos relacionados a drivers, certificações e suporte por fornecedores globais de software. O sucesso do UBIOS pode depender, portanto, de acordos com desenvolvedores de sistemas operacionais como Linux e, em menor escala, Microsoft Windows.

Próximos passos e adoção pelo mercado

Mais detalhes técnicos serão apresentados na Conferência Global de Computação, agendada para novembro em Shenzhen. Até lá, o GCC trabalha na elaboração de kits de desenvolvimento e documentação pública para fabricantes de hardware.

Representantes da indústria chinesa de PCs veem oportunidades em setores governamentais, educacionais e militares, onde políticas de compra costumam priorizar soluções locais. Já empresas estrangeiras observam com cautela: consultorias de mercado mencionam a possibilidade de surgirem duas vias de firmware, uma centrada no UEFI e outra no UBIOS, a exemplo do que ocorreu com Android e HarmonyOS no campo dos sistemas móveis.

O cronograma preliminar prevê a produção de placas-mãe compatíveis ainda em 2024. Fabricantes de BIOS tradicionais, como a taiwanesa Byosoft, participam do projeto, o que pode acelerar testes de validação. No entanto, não há anúncio oficial sobre certificação de sistemas operacionais internacionais, aspecto considerado fundamental para expandir o uso além das fronteiras chinesas.

Para o usuário final, a introdução de um firmware alternativo pode afetar diretamente a experiência de atualização de BIOS, a compatibilidade de periféricos e o suporte a recursos de segurança como Secure Boot. Caso o UBIOS prove ser mais leve e flexível, empresas globais de hardware poderão rever estratégias de firmware, levando a produtos mais customizáveis e, potencialmente, menos dependentes de licenças estrangeiras.

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Curiosidade

Você sabia que a BIOS original foi criada em 1975 para o primeiro microcomputador da IBM e tinha apenas alguns quilobytes? À época, todo o código cabia em um chip de memória ROM do tamanho de um selo postal. O avanço do hardware exigiu a transição para o UEFI em meados dos anos 2000, mas agora o UBIOS tenta mostrar que ainda há espaço para reinventar esse software essencial, mesmo quase cinco décadas depois do conceito inaugural.

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