Um buraco coronal com contornos que lembram uma borboleta liberou, nos últimos dias, uma corrente de vento solar que continua a atingir a Terra com intensidade elevada. Imagens captadas pelo Observatório de Dinâmica Solar (SDO), da NASA, mostram que a abertura, formada entre 8 e 11 de setembro, alcançou cerca de 500 mil quilômetros de extensão — dimensão suficiente para alinhar quase 40 planetas do tamanho da Terra. O fluxo de partículas aceleradas originou uma tempestade geomagnética classificada inicialmente como G3 (forte), impacto que se prolonga nesta semana.
Vento solar mantém velocidade acima de 600 km/s
De acordo com plataformas de meteorologia espacial, a velocidade das partículas chegou a 760 km/s no ápice do fenômeno, reduzindo-se depois para valores entre 600 e 700 km/s, ainda capazes de perturbar a magnetosfera terrestre. Buracos coronais surgem quando linhas do campo magnético solar se abrem, permitindo que o plasma escape com menor resistência. Nas imagens em ultravioleta extremo, essas regiões aparecem mais escuras, indicando temperaturas e densidades inferiores às da coroa circundante.
O material ejetado iniciou seu deslocamento na direção do planeta logo após a abertura ganhar forma definida. Atravessar a distância de aproximadamente 150 milhões de quilômetros até a Terra levou cerca de três dias, tempo considerado curto para eventos desse tipo. A chegada do vento solar, no domingo (14), desencadeou distúrbios magnéticos que favoreceram a formação de auroras em latitudes habitualmente menos atingidas, como o norte dos Estados Unidos e boa parte do Reino Unido.
Possíveis efeitos em satélites e redes de comunicação
Tempestades classificadas no nível G3 podem provocar cargas elétricas em componentes eletrônicos de satélites, aumentar o arrasto em órbitas baixas e causar falhas temporárias de radionavegação. A Administração Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) costuma emitir avisos preventivos nessas situações para operadores de infraestrutura crítica. Segundo especialistas, os riscos incluem pequenos deslocamentos orbitais e perda momentânea de precisão em sistemas GPS, especialmente em altas latitudes.
A intensidade do evento estava em declínio na noite de terça-feira (16), mas tempestades menores (G1) persistiram, mantendo a possibilidade de auroras esporádicas até o meio da semana. Apesar da redução gradual, as perturbações ainda exigem monitoramento contínuo, sobretudo porque o ciclo solar 25 se aproxima de seu pico de atividade previsto para 2025. Estudos recordam que períodos de máximo costumam registrar maior frequência de manchas solares, ejeções de massa coronal e aberturas extensas na coroa.
Equinócios ampliam a probabilidade de tempestades
Cientistas observam que a proximidade do equinócio de setembro, marcado para o dia 22, potencializa os efeitos do vento solar. Nessa época do ano, o eixo de rotação da Terra tende a alinhar-se de forma a facilitar a interação entre o campo magnético planetário e as partículas carregadas. O fenômeno, descrito como efeito Russell-McPherron desde 1973, explica por que estatísticas históricas apontam quase o dobro de tempestades geomagnéticas nos equinócios em comparação com os solstícios.
Dados coletados entre 1932 e 2014 indicam que episódios intensos de distúrbio magnético ocorrem, em média, duas vezes mais em março e setembro. Para a comunidade de operadores de energia, telecomunicações e transporte, esses períodos são considerados críticos, exigindo planos de contingência que incluem a suspensão temporária de atividades extraveiculares em missões espaciais e ajustes de inclinação de painéis solares em satélites.
Impacto potencial para o cotidiano
Para o público em geral, os efeitos mais perceptíveis restringem-se às exibições de luzes coloridas nos céus das regiões polares. Contudo, eventos mais severos poderiam interferir em serviços essenciais, como sinal de rádio, TV via satélite e sistemas de posicionamento global usados em aviação e logística. Especialistas recomendam que empresas dependentes desses recursos acompanhem boletins oficiais de meteorologia espacial para reduzir eventuais prejuízos.

Imagem: NASA
Embora o atual episódio não tenha causado interrupções significativas, ele serve de alerta sobre a necessidade de modernizar redes elétricas e protocolos de proteção de equipamentos. A tendência é que novos eventos semelhantes ocorram com mais frequência nos próximos dois anos, conforme o Sol atinge o máximo de seu ciclo.
Curiosidade
Você sabia que o maior blecaute já atribuído a uma tempestade geomagnética ocorreu em 13 de março de 1989? Naquele dia, uma ejeção de massa coronal derrubou a rede elétrica de Quebec, no Canadá, deixando seis milhões de pessoas sem energia por nove horas. O caso levou indústrias de vários países a reforçar blindagens e criar padrões de segurança, tema que ganha relevância sempre que buracos coronais, como o da “borboleta” registrada agora, apontam diretamente para a Terra.
Para ampliar seu conhecimento sobre meteorologia espacial e acompanhar próximos alertas, confira também as últimas matérias na seção de tecnologia do nosso portal.
Para mais informações e atualizações sobre tecnologia e ciência, consulte também:
Quer ficar por dentro das próximas novidades sobre o espaço? Leia outras notícias em nossa seção de Tecnologia e ative as notificações para não perder nenhuma atualização.
Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no RN Tecnologia, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!

