A temporada de verão de 2025, considerada o principal período comercial para Hollywood, encerra-se sem alcançar a marca de US$ 4 bilhões de receita nos Estados Unidos. De acordo com projeções divulgadas pela Variety, o valor final deve ficar em torno de US$ 3,5 bilhões, distante das previsões iniciais e cerca de meio bilhão abaixo da meta simbólica perseguida por estúdios e exibidores.
Resultados abaixo do esperado
Desde 2023, executivos do setor alimentavam o lema “sobreviver até 2025”, na esperança de que o calendário deste ano representasse a volta ao patamar pré-pandemia. A realidade mostrou-se diferente. O único título a ultrapassar a barreira do US$ 1 bilhão global em 2025 foi “Lilo & Stitch”, que reuniu US$ 422 milhões nos EUA. Em segundo lugar aparece “Superman”, de James Gunn, com US$ 347 milhões no mercado doméstico e US$ 605 milhões no mundo.
Produções que, no papel, pareciam garantias de público acabaram entregando números modestos. “Thunderbolts*” somou US$ 190 milhões domésticos (US$ 382 milhões globais), enquanto “The Fantastic Four: First Steps” fechou com US$ 257 milhões nos EUA e US$ 490 milhões no total. A animação da Pixar “Elio” terminou o circuito com US$ 73 milhões domésticos e US$ 152 milhões mundiais, o pior desempenho da história do estúdio.
Nem mesmo franquias consolidadas escaparam. “Jurassic World Rebirth” arrecadou US$ 844 milhões globalmente, porém cerca de 60% desse valor veio de fora dos Estados Unidos, reduzindo o impacto na bilheteria doméstica. Assim, faltaram grandes sucessos que compensassem os diversos lançamentos de desempenho discreto.
Comparação histórica e efeitos prolongados da pandemia
A última vez que o verão norte-americano ultrapassou US$ 4 bilhões foi em 2023, graças ao fenômeno “Barbenheimer”: “Barbie” encerrou com mais de US$ 600 milhões nos EUA e US$ 1,4 bilhão globais, enquanto “Oppenheimer” chegou a US$ 310 milhões domésticos e quase US$ 1 bilhão no mundo. Mesmo assim, aquele resultado já ficara aquém do recorde de 2019, quando os ingressos somaram US$ 4,38 bilhões.
Especialistas atribuem a retração de 2025 a fatores acumulados: mudanças de hábito provocadas pela Covid-19, crescimento do streaming, greves de roteiristas e atores em 2023 que atrasaram produções, além da saturação de gêneros como o de super-heróis. Relatórios recentes indicam que o desempenho pré-pandemia talvez não volte a ser regra; aumentos no preço do ingresso vêm compensando parte da queda no volume de vendas.
Impacto para estúdios e exibidores
A ausência de blockbusters muito acima de US$ 1 bilhão cria pressão sobre as maiores distribuidoras, que dependem de margens elevadas para cobrir orçamentos cada vez mais altos. Para as salas de cinema, o quadro impõe revisão de custos e de estratégias de programação, já que períodos de menor fluxo de espectadores tendem a ficar mais frequentes.

Imagem: Internet
Executivos agora discutem calendários mais espaçados, investimentos em formatos premium e parcerias com plataformas digitais. Ao mesmo tempo, filmes de médio orçamento — como o sucesso surpresa “KPop Demon Hunters”, líder de bilheteria em seu fim de semana de estreia com US$ 19,2 milhões — voltam ao radar, pois podem gerar retorno satisfatório com risco menor.
Na avaliação de analistas, o verão de 2025 consolida a percepção de que o setor vive um “novo normal”, em que recordes excepcionais se tornarão pontuais. Estúdios que antes contavam com receitas domésticas robustas precisarão considerar mais seriamente o mercado internacional e novas fontes de renda, como licenciamentos e parcerias de streaming.
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O fechamento abaixo dos US$ 4 bilhões sinaliza um cenário em transformação, no qual bilheterias dependem cada vez mais de títulos extraordinários e da resposta do público global. Resta saber como Hollywood ajustará projetos, orçamentos e calendários para lidar com essa nova realidade. Acompanhe nossas próximas publicações para não perder as atualizações sobre o futuro dos cinemas.
Curiosidade
O recorde histórico de um único verão nos EUA continua com 2019, quando “Vingadores: Ultimato” liderou um total de US$ 4,38 bilhões em ingressos. Naquele ano, o filme da Marvel sozinho somou US$ 858 milhões domésticos. Para efeito de comparação, todo o top 5 de 2025, somado, não alcançou o mesmo valor dentro dos Estados Unidos, ilustrando como a dinâmica de superproduções mudou em poucos anos.