A Arianespace confirmou que o primeiro voo da versão mais potente do foguete Ariane 6, equipada com quatro propulsores de combustível sólido e batizada de Ariane 64, só ocorrerá em 2026. A informação foi divulgada em 16 de outubro, quando a empresa detalhou o calendário atualizado das missões previstas para o próximo ano.
Reorganização do calendário de 2025
Segundo a operadora europeia de lançamentos, a quarta e última decolagem do Ariane 6 em 2025 transportará dois satélites de navegação Galileo. Essa missão, assim como as três anteriores previstas para o mesmo ano, utilizará o Ariane 62, variante do veículo que conta com dois propulsores auxiliares. A companhia não revelou a data exata do lançamento; tradicionalmente, o cronograma é divulgado cerca de um mês antes da decolagem.
O próximo compromisso da Arianespace ocorre em 4 de novembro, também com o Ariane 62, para colocar em órbita o Sentinel-1D, satélite de radar que integra o programa europeu de observação da Terra Copernicus. Com isso, a empreitada de inaugurar a configuração de quatro propulsores foi transferida para 2026.
Primeira missão do Ariane 64 será para o Project Kuiper
Quando finalmente decolar, o Ariane 64 levará ao espaço um lote de satélites de banda larga do Project Kuiper, iniciativa da Amazon que pretende oferecer internet global de alta velocidade. O contrato representa o maior cliente comercial já firmado para o novo lançador e, segundo analistas do setor, é considerado crucial para a viabilidade financeira do programa Ariane 6.
Até o início deste ano, o plano da Arianespace era realizar cinco voos do Ariane 6 em 2025, incluindo a estreia da versão mais potente. No entanto, ajustes técnicos e a necessidade de validar parâmetros de voo fizeram a empresa reduzir esse número para quatro. O diretor-executivo da companhia, David Cavaillolès, declarou durante a World Space Business Week, em setembro, que “o desenvolvimento do Ariane 64 segue na direção certa” e que a equipe está “finalizando os últimos detalhes” antes da certificação.
Lançamentos de 2024 e expectativa de ritmo acelerado
Em 2024, a Arianespace já concluiu duas missões bem-sucedidas do Ariane 6, uma em março e outra em agosto. De acordo com Cavaillolès, a meta inicial era encerrar o ano com cinco voos, mas a empresa recalibrou o planejamento para quatro, sem considerar isso um revés. “O que importa é que confirmamos quatro lançamentos, quando muitos duvidavam que passaríamos de dois ou três”, afirmou o executivo.
Para 2026, a previsão é praticamente dobrar o ritmo, alcançando cerca de oito decolagens ao longo do ano. O executivo argumenta que, se cumprida, essa taxa de crescimento representará “a expansão mais rápida já registrada para um foguete de grande porte”.
Impactos para o mercado espacial europeu
O adiamento da estreia do Ariane 64 ocorre em um momento no qual a Europa busca consolidar autonomia no acesso ao espaço. Desde a aposentadoria do Ariane 5, em 2023, a região atravessa um período de transição, com menor oferta de lançadores capazes de transportar cargas pesadas. Especialistas observam que atrasos adicionais podem aumentar a dependência de prestadores de serviço fora do continente, especialmente da SpaceX, atualmente líder em voos comerciais.

Imagem: Internet
Apesar dos desafios, a decisão de concentrar todos os lançamentos de 2025 na configuração Ariane 62 oferece à Arianespace tempo extra para qualificar o modelo de quatro propulsores sem comprometer contratos já firmados. Relatórios internos indicam que a certificação do Ariane 64 é vista como prioridade, pois ele representa maior capacidade de carga e competitividade em um mercado de grande demanda por constelações de satélites.
O que muda para clientes e usuários finais
Para contratantes institucionais, como a Comissão Europeia e a Agência Espacial Europeia (ESA), o rearranjo pretende garantir a continuidade de programas estratégicos, entre eles Galileo e Copernicus, sem lacunas operacionais. Para empresas privadas, a confirmação de um cronograma mais estável reduz incertezas e permite planejar lançamentos de satélites de telecomunicações, observação da Terra e Internet das Coisas.
Em escala de usuário final, o impacto mais visível deve ser sentido no acesso à internet via satélite. O Project Kuiper, que depende principalmente de voos do Ariane 64 para acelerar a implantação de sua rede, poderá enfrentar ajustes no cronograma de oferta de serviços comerciais. Ainda assim, fontes ligadas à Amazon garantem que a meta de iniciar operações em meados de 2026 continua válida.
Curiosidade
Embora o Ariane 64 ainda aguarde a certificação final, a variante Ariane 62 acumula histórico de decolagens sem falhas desde o voo inaugural. Técnicos destacam que ambos os modelos compartilham cerca de 90 % dos componentes, o que facilita a validação cruzada de sistemas. Essa abordagem modular foi inspirada no conceito de família de foguetes, popularizado nos anos 1960 pelos programas espaciais soviético e norte-americano.
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