Um levantamento conduzido pelo Google em parceria com a consultoria YouGov indica que usuários do Android relatam menor exposição a mensagens de spam e tentativas de golpe por SMS quando comparados a proprietários de iPhone. O estudo avaliou mais de 5.000 consumidores nos Estados Unidos, Índia e Brasil durante o mês de conscientização sobre cibersegurança.
Resultados mostram diferença expressiva entre plataformas
De acordo com os dados, pessoas que utilizam smartphones com Android tiveram 58% mais chances de afirmar que não receberam mensagens fraudulentas na semana anterior à pesquisa. O número é ainda mais significativo entre proprietários de dispositivos Pixel, que registraram probabilidade 96% maior de relatar zero ocorrências de spam.
No sentido oposto, participantes que utilizam iOS foram 65% mais propensos a relatar três ou mais mensagens de golpe no mesmo período. Esse contraste sugere uma vantagem do ecossistema Android na filtragem automática de SMS suspeitos.
Fatores de proteção apontados pelo Google
Segundo o Google, três pilares ajudam a explicar o resultado:
1. Verificações contínuas no protocolo RCS – O padrão Rich Communication Services emprega checagens de identidade e criptografia ponta a ponta em conversas entre aplicativos compatíveis.
2. Defesa integrada contra phishing e golpes – Algoritmos de detecção identificam links maliciosos e números associados a fraudes antes que a mensagem chegue à caixa de entrada.
3. Filtros automáticos de spam – O aplicativo Mensagens para Android classifica conteúdos potencialmente indesejados, enviando-os a uma pasta separada para reduzir exposições.
Além dessas camadas, o estudo cita uma análise do Leviathan Security Group que aponta os modelos Pixel à frente de Apple, Samsung e Motorola em proteção contra fraudes.
IA amplia bloqueio de conteúdo malicioso
Relatórios corporativos do Google destacam o uso de inteligência artificial para identificar padrões suspeitos em tempo real. A mesma lógica já se aplica a chamadas telefônicas: o app Telefone exibe alertas visuais quando detecta números associados a golpes, recurso expandido gradualmente em mercados como Estados Unidos e Brasil.
Especialistas em segurança digital ouvidos por veículos do setor afirmam que a combinação de IA e base de dados em nuvem cria um ecossistema mais adaptável a novas táticas de cibercriminosos. Isso é relevante porque, segundo dados oficiais do Ministério da Justiça, o Brasil registrou aumento de 34% em denúncias de golpes por SMS em 2023.
Impacto para consumidores e operadoras
Para usuários finais, a principal consequência é a redução do risco de compartilhamento involuntário de informações pessoais, como códigos de autenticação e dados bancários. Do lado das operadoras, mecanismos de bloqueio nativo aliviam a demanda por serviços de filtragem via rede, diminuindo custos operacionais.
Empresas que adotam comunicação via SMS também saem beneficiadas, pois uma caixa de entrada menos poluída tende a aumentar a taxa de abertura de mensagens legítimas, como confirma estudo da consultoria Juniper Research.
Imagem: Shutterstock
Comparação com iniciativas anteriores
Em 2020, a Apple introduziu uma função que separa remetentes desconhecidos, mas sem bloquear automaticamente mensagens suspeitas. Já o Google vem aprimorando filtros desde 2018, ano em que integrou seu sistema antispam ao aplicativo Mensagens. A evolução contínua parece refletir nos resultados atuais, especialmente no portfólio Pixel, que recebe atualizações mensais de segurança diretamente da empresa.
Debate sobre privacidade e criptografia
Organizações de defesa da privacidade destacam que filtros de spam não devem comprometer a criptografia de ponta a ponta. O Google afirma que a análise ocorre em dispositivos quando possível, preservando conteúdo sensível. A Apple, por sua vez, reforça que o iMessage mantém criptografia integral, embora o SMS tradicional continue sem essa camada de proteção.
Possíveis desdobramentos
Para 2026, o Google sinaliza prioridade na expansão de IA defensiva em todo o sistema operacional. Analistas de mercado avaliam que a tendência pode pressionar fabricantes e desenvolvedores de apps de mensagens a adotarem padrões semelhantes, elevando o nível geral de segurança móvel.
Na perspectiva de regulação, órgãos como a Anatel monitoram medidas de bloqueio automático de spam e já discutem impor metas mínimas às operadoras. Caso isso avance, a filtragem de SMS pode deixar de ser diferencial competitivo e se tornar exigência básica de certificação.
Para o leitor, a principal mudança é a possibilidade de redução de riscos ao compartilhar dados no dia a dia, bem como menor necessidade de soluções terceirizadas de bloqueio. A tendência também sugere que mensagens corporativas legítimas terão ambiente mais limpo para engajar o público.
Curiosidade
Embora o SMS tenha completado 31 anos em 2023, o formato continua relevante: segundo a GSMA, mais de 5 bilhões de pessoas ainda utilizam a tecnologia globalmente. O paradoxo é que, enquanto o volume de mensagens pessoais cai, a proporção de spam cresce, exigindo evoluções constantes nos filtros que hoje fazem do Android referência na contenção de golpes.
Para ampliar sua compreensão sobre avanços em segurança móvel, vale acompanhar os conteúdos já publicados em nossa seção de Tecnologia, onde detalhamos outras iniciativas do setor.
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