Amy Madigan explica por que se recusou a aplaudir Elia Kazan no Oscar de 1999

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Uma declaração recente da atriz Amy Madigan trouxe de volta um dos momentos mais comentados da cerimônia do Oscar de 1999. Na ocasião, Madigan e o ator Ed Harris, seu marido, permaneceram imóveis enquanto boa parte do Teatro Shrine, em Los Angeles, ovacionava o diretor Elia Kazan, homenageado com um Oscar honorário. Vinte e cinco anos depois, a artista revelou o motivo da recusa.

Motivação ligada ao passado familiar

A explicação surgiu durante entrevista ao The New York Times, conduzida pelo jornalista Kyle Buchanan. Embora a resposta não tenha sido publicada na versão final da matéria, Buchanan divulgou o trecho em sua conta na rede X. Segundo Madigan, a decisão de permanecer sentada foi influenciada diretamente pela experiência de seu pai, analista político que trabalhou no Capitólio durante o auge do macarthismo nos Estados Unidos.

“De jeito nenhum eu aplaudiria”, afirmou a atriz. “Meu pai estava em Washington quando o macarthismo dominava o país, e aquilo o marcou profundamente. Na hora, todas essas lembranças vieram à minha mente, então apenas pensei: ‘Não’.”

Contexto: Kazan e o Comitê de Atividades Antiamericanas

O gesto de Madigan e Harris está relacionado ao papel de Elia Kazan na chamada caça às bruxas de Hollywood. Em 1952, o cineasta prestou depoimento ao Comitê de Atividades Antiamericanas da Câmara (HUAC, na sigla em inglês). Após uma primeira audiência em que se recusou a citar colegas ligados ao Partido Comunista, Kazan voltou a ser convocado e, na segunda oportunidade, forneceu nomes de profissionais do setor.

A atitude permitiu que continuasse a trabalhar, mas o transformou em figura controversa. Muitos o consideraram responsável por aprofundar as listas negras que impediram atores, roteiristas e diretores de conseguir emprego na indústria. Mesmo décadas depois, parte da comunidade cinematográfica manteve reservas em relação ao diretor, conhecido por clássicos como “Viva Zapata!” (1952) e “Sindicato de Ladrões” (1954).

No Oscar de 1999, a divisão ficou evidente. Enquanto artistas como Robert De Niro, Martin Scorsese, Warren Beatty e Kathy Bates se levantaram para celebrar o homenageado, outros — entre eles Nick Nolte, Ed Harris e Amy Madigan — permaneceram sentados, evidenciando o desconforto existente desde os anos 1950.

Retorno aos holofotes com “A Hora do Mal”

A lembrança do episódio coincide com o momento em que Madigan volta a ser cotada para o Oscar. Ela integra o elenco de “A Hora do Mal”, novo longa dirigido por Zach Cregger com estreia prevista para 7 de agosto de 2025. O thriller, de 2 horas e 8 minutos, conta também com Josh Brolin, Julia Garner e Alden Ehrenreich.

Analistas da indústria indicam que o desempenho da atriz pode levá-la novamente à cerimônia, desta vez como concorrente a estatueta de atuação. Caso a indicação se confirme, seria a segunda presença de Madigan como potencial premiada — a primeira ocorreu em 1986, quando concorreu por “Filhos do Silêncio”.

McCarthismo ainda repercute em Hollywood

Mais de 70 anos após o início das investigações do senador Joseph McCarthy, o tema ainda provoca debates no setor audiovisual. O episódio de 1999 e a recente declaração de Madigan demonstram como decisões tomadas naquele período seguem influenciando atitudes individuais e a memória coletiva da indústria.

Questionado em 1997 sobre o impacto das críticas que recebia, Kazan minimizou o assunto: “Recebi tantos elogios e críticas ao longo da vida. Que diferença faz?”, afirmou ao The New York Times. A resposta não foi suficiente para dissipar a controvérsia, que voltou à tona sempre que a Academia mencionou seu legado.

A revelação de Amy Madigan reforça que a história de Hollywood é marcada tanto por grandes filmes quanto por tensões políticas. Seu relato também mostra como experiências pessoais, no caso a vivência do pai durante o macarthismo, podem influenciar decisões públicas décadas depois.

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Resumo: Amy Madigan explicou que não aplaudiu Elia Kazan no Oscar de 1999 por causa do envolvimento do diretor com o HUAC e pelo impacto que o macarthismo teve em sua família. O tema volta à pauta enquanto a atriz desponta como possível indicada ao Oscar de 2026 pelo filme “A Hora do Mal”. Continue nos acompanhando para mais notícias do mundo do entretenimento.

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