Blue Origin pousa estágio gigante do foguete New Glenn em navio-drone após lançamento de sondas da NASA

Tecnologia

A Blue Origin concluiu, na quinta-feira (13), a segunda missão do foguete New Glenn, reforçando sua meta de reutilização de veículos orbitais. O propulsor enviou duas sondas gêmeas da NASA à órbita com destino a Marte e, em seguida, retornou com êxito para um pouso controlado no navio-drone Jacklyn, posicionado a cerca de 604 quilômetros da costa da Flórida.

Lançamento marca debut científico das sondas ESCAPADE

O voo partiu do Complexo de Lançamento 36, no Cabo Canaveral, às 14h30 (horário local). A carga útil consistia nas sondas ESCAPADE (Escape and Plasma Acceleration and Dynamics Explorers), desenvolvidas para estudar a interação do vento solar com a magnetosfera marciana. De acordo com a NASA, a dupla terá papel central na compreensão de como a atmosfera do planeta vermelho perde partículas para o espaço, contribuindo para modelos climáticos futuros.

Após a separação das naves, confirmada a cerca de nove minutos da decolagem, o estágio superior prosseguiu em trajetória de transferência interplanetária. Segundo registros de telemetria, todos os sistemas funcionaram dentro dos parâmetros previstos, assegurando a inserção correta na rota em direção a Marte.

Pouso inédito para veículo de grande porte

O ponto alto da missão veio com o retorno do primeiro estágio, batizado de Never Tell Me the Odds. Com 57 metros de altura e 7 metros de diâmetro, o propulsor executou uma queima de retropropulsão, reduziu velocidade e realizou manobras de correção antes de tocar a plataforma do Jacklyn. Imagens divulgadas pela empresa mostram o foguete “escorando” lateralmente até o centro do convés, procedimento projetado para mitigar riscos de impacto em caso de falha nos motores.

Até então, somente a SpaceX havia conseguido recuperar estágios de lançadores orbitais desse porte. A Blue Origin afirma que cada unidade do New Glenn foi projetada para voar pelo menos 25 vezes. Fotografias pós-pouso indicam que o propulsor retornou praticamente sem danos aparentes, abrindo caminho para inspeções e uma possível reutilização em curto prazo.

Reação da empresa e próximos passos

O fundador Jeff Bezos celebrou o resultado em publicação na rede X, classificando a operação como “uma performance incrível da equipe”. Dave Limp, diretor-executivo da companhia, destacou que o êxito no segundo voo supera expectativas de confiabilidade inicial: “Nunca antes um propulsor tão grande pousou com sucesso na segunda tentativa”, afirmou em comunicado interno.

A Blue Origin planeja intensificar o ritmo de lançamentos do New Glenn para atender à demanda de clientes governamentais, comerciais e de defesa. Relatórios indicam que a empresa pretende alcançar frequência mensal até 2027, posicionando-se como concorrente direta da SpaceX em missões de carga pesada.

Impacto para o setor espacial

Especialistas veem o pouso como passo relevante na redução dos custos de acesso ao espaço. A reutilização de grandes estágios pode diminuir significativamente o preço por quilograma colocado em órbita, favorecendo missões científicas e constelações de satélites comerciais. Além disso, a diversificação de provedores de lançamento fortalece a resiliência da cadeia de suprimentos aeroespacial, aspecto considerado estratégico por agências governamentais.

Blue Origin pousa estágio gigante do foguete New Glenn em navio-drone após lançamento de sondas da NASA - Imagem do artigo original

Imagem: Mike Wall published

Segundo dados oficiais, o mercado global de lançamentos orbitais movimentou cerca de US$ 12 bilhões em 2023, com projeção de crescimento anual de 9% até 2030. A entrada do New Glenn em operação regular tende a aumentar a competição nesse segmento, potencialmente pressionando tarifas e estimulando inovações em sistemas de propulsão limpa e logística de reuso.

Análise para o leitor

Para o público interessado em tecnologia, a evolução do New Glenn sinaliza novas oportunidades de acesso a experimentos em microgravidade, envio de pequenos satélites e, no médio prazo, missões tripuladas além da órbita baixa. Caso a Blue Origin cumpra o objetivo de reutilizar o estágio principal em até 25 voos, aplicativos cotidianos que dependem de satélites — como navegação, meteorologia e comunicação — podem se beneficiar de custos menores e cobertura mais ampla.

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Curiosidade

O lema da Blue Origin, “Gradatim Ferociter” (“Passo a passo, ferozmente”), reflete a estratégia de avanços incrementais adotada pela empresa. Curiosamente, o navio-drone usado no pouso, Jacklyn, recebeu esse nome em homenagem à mãe de Jeff Bezos, sublinhando a tradição de batizar plataformas marítimas com vínculos pessoais ou históricos no setor espacial.

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