Luxemburgo, 13 de novembro de 2023 – A operadora SES assinou contrato com a startup francesa Infinite Orbits para utilizar o veículo de serviço orbital Endurance, previsto para lançamento no fim de 2027. O robô de 750 kg será empregado primeiro como plataforma de testes em um satélite aposentado em órbita cemitério e, em seguida, prolongará em cerca de cinco anos a vida útil de um satélite geoestacionário (GEO) em operação.
Cronograma de missões até 2029
Com o novo acordo, a SES passa a concentrar cinco missões de extensão de vida programadas entre 2026 e 2029 – o maior portfólio ativo no mercado comercial GEO. Segundo a empresa, as próximas etapas são:
2º trimestre de 2026 – Starfish Space Otter: o veículo de 300–400 kg, desenvolvido nos Estados Unidos, fará acoplamento experimental em um satélite desativado antes de assumir o impulsionamento de um equipamento ainda em operação e com combustível limitado.
2º trimestre de 2026 – Mission Robotic Vehicle (MRV): operado pela SpaceLogistics, subsidiária da Northrop Grumman, o MRV lançará três Mission Extension Pods (MEPs) – dois comprados pela SES e um pela australiana Optus – que acrescentam cerca de seis anos de serviço a cada satélite.
MEV-1 (2026–2029): pioneiro em 2019, o Mission Extension Vehicle 1 retornará à frota da SES depois de concluir serviço temporário no Optus D3. O robô poderá ser alocado em qualquer janela entre meados de 2026 e o início de 2029.
MEV-2 (até 2030): já acoplado desde 2021 ao Intelsat 10-02, o veículo tem contrato de extensão que garante operação até 2030.
Endurance (2027): a parceria recém-anunciada com a Infinite Orbits encerra a lista, aumentando o período de sustentação de um satélite da SES que, hoje, teria vida útil expirando em 2029.
Robôs orbitais consolidam novo segmento
O mercado de serviços em órbita ganhou tração em 2019, quando o MEV-1 realizou o primeiro reabastecimento orbital de um satélite comercial. Desde então, plataformas com braços robóticos ou sistemas autônomos de encaixe buscam evitar descartes precoces e reduzir custos de substituição.
Especialistas apontam que prolongar a operação de um GEO por cinco anos pode gerar economia superior a US$ 100 milhões, valor aproximado do lançamento de um novo satélite de telecomunicações. Além disso, manter posições orbitais ativas preserva direitos de frequência, ponto sensível para operadoras globais.
Segundo dados oficiais citados pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), cerca de 380 satélites GEO devem atingir o limite de combustível na próxima década, criando demanda potencial para dezenas de missões de manutenção ou desorbitação controlada.
Tecnologia e logística de cada missão
O modelo de negócios varia conforme a solução. No caso dos Mission Extension Pods, pequenos propulsores de 350 kg são instalados no cliente por braço robótico e assumem manobras de órbita e atitude. Já MEV, Otter e Endurance acoplam-se na extremidade de propulsão do satélite e atuam como “rebocadores”, fornecendo empuxo contínuo.

Imagem: Infinite Orbits
Todos os veículos fazem primeiro um teste em órbita cemitério, localizada cerca de 300–400 km acima do arco GEO, para evitar riscos à rede ativa. Após validação, descem até o satélite operacional escolhido.
De acordo com a SES, a flexibilidade de estender um satélite “em qualquer momento do ciclo de vida” permite planejar manobras de cobertura ou reposicionamento, sem aguardar o último quilo de combustível. Dessa forma, o serviço pode ser combinado com necessidades comerciais emergentes, como cobertura de eventos ou migração de banda.
Impacto para operadoras e mercado
A agenda anunciada pela SES demonstra que a extensão de vida começa a migrar de projeto experimental para ferramenta regular de gestão de frota. Consultorias do setor estimam que, até 2032, contratos desse tipo movimentem mais de US$ 4 bilhões.
Para o consumidor final, os benefícios incluem maior estabilidade de serviços de televisão, internet via satélite e backhaul móvel. Provedores evitam interrupções prolongadas e mantêm capacidade instalada sem novos lançamentos – processo que geralmente leva dois a três anos entre fabricação e entrada em serviço.
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Este panorama mostra como a robótica orbital se firmou como alternativa viável para prolongar a vida de ativos bilionários. O avanço da tecnologia de acoplamento automático e a redução de massa dos veículos sugerem novos modelos, como reparo de painéis ou troca de componentes, que podem mudar a economia espacial nos próximos anos. Se confirmados, esses serviços permitirão que operadores utilizem plataformas antigas por períodos ainda mais extensos, reduzindo a quantidade de sucata e otimizando investimentos em novas constelações.
Curiosidade
A órbita geoestacionária, situada a 35 786 km da Terra, foi proposta em 1945 pelo escritor Arthur C. Clarke como ponto fixo para comunicações globais. Hoje, o local abriga mais de 550 satélites ativos e centenas de unidades aposentadas. A cada missão de extensão anunciada, cresce o interesse em transformar a região em verdadeiro “estaleiro espacial”, com robôs capazes de reabastecer, consertar ou reposicionar artefatos que custam centenas de milhões de dólares.
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