Satélites desafiam fotos do Cometa Lemmon, mas empilhamento de imagens soluciona o problema

Tecnologia

O crescente número de satélites em órbita da Terra está deixando marcas visíveis nas fotografias astronômicas do Cometa Lemmon (C/2026 A6). Trilhas luminosas cortam as exposições e, em muitos casos, comprometem a estética das imagens. Astrofotógrafos, no entanto, recorrem a técnicas de pós-processamento para remover esses rastros e preservar a visão limpa do cometa.

Volume de satélites torna rastros quase inevitáveis

Segundo dados oficiais, cerca de 13 mil satélites estão atualmente operacionais em torno do planeta. Desse total, aproximadamente 8,9 mil pertencem à constelação Starlink, da SpaceX. A empresa planeja expandir a frota para até 42 mil unidades, enquanto outros provedores de internet e observação da Terra discutem projetos semelhantes. Esse aumento faz com que praticamente qualquer exposição fotográfica voltada ao céu noturno registre pelo menos um risco brilhante. “Cada subframe que capturo contém uma ou mais trilhas”, relatou o astrofotógrafo Dan Bartlett.

A poluição luminosa provocada por satélites não se limita às imagens de longa exposição. Entusiastas com telescópios portáteis ou até binóculos também percebem objetos artificiais cruzando o campo de visão. Embora o fenômeno não impeça a observação, especialistas temem impactos em pesquisas profissionais que dependem de câmeras sensíveis e longas janelas de observação.

Como o empilhamento de imagens remove as trilhas

Para contornar o problema, astrofotógrafos registram dezenas de exposições curtas em vez de uma única captura longa. Na etapa de pós-processamento, softwares de empilhamento aplicam algoritmos de “Sigma Rejection”. O método calcula o valor médio de cada pixel e descarta aqueles que se desviam além de um limite estatístico, eliminando assim os pontos mais brilhantes causados por satélites.

Chris Schur, também fotógrafo especializado em céus profundos, explica que é necessário empilhar pelo menos 12 capturas para que o algoritmo funcione de forma eficaz. Com menos imagens, não há dados suficientes para rejeitar todos os outliers. “Esse é um procedimento padrão para quem fotografa cometas ou nebulosas”, afirmou. O resultado é um mosaico livre de riscos, revelando detalhes do coma e da cauda do cometa que poderiam passar despercebidos.

Embora o processo seja relativamente simples para usuários experientes, ele exige hardware adequado: câmeras sensíveis, controladores de guiagem e computadores capazes de processar grandes conjuntos de dados. Modelos dedicados, como a câmera CMOS refrigerada ZWO ASI533MC, ganham popularidade entre entusiastas por oferecer baixo ruído e alta eficiência quântica, características fundamentais para a astrofotografia.

Impacto para ciência e mercado de observação

Organizações científicas alertam que o aumento das chamadas megaconstelações pode prejudicar estudos de objetos frágeis, como asteroides próximos à Terra. Estimativas citadas por observatórios profissionais indicam que, se os planos atuais forem mantidos, a maioria das imagens astronômicas de pesquisa apresentará múltiplas interferências. Para mitigar esses efeitos, sociedades astronômicas negociam com empresas de satélites soluções como revestimentos antirreflexo e ajustes de órbita.

Do ponto de vista econômico, o avanço das constelações de internet cria um paradoxo. Enquanto impulsiona novos serviços de banda larga global, pode elevar custos de projetos científicos que precisarão de mais tempo de observação ou software especializado para limpeza de dados. Segundo especialistas em políticas espaciais, a discussão sobre regulamentação deverá ganhar força nos próximos anos.

Satélites desafiam fotos do Cometa Lemmon, mas empilhamento de imagens soluciona o problema - Imagem do artigo original

Imagem: Anthy Wood published

O que muda para o observador amador

Para quem fotografa o céu como hobby, a principal consequência é a necessidade de planejamento. Sessões mais longas de captura, maior capacidade de armazenamento e aprendizado de técnicas de empilhamento tornam-se indispensáveis. Em contrapartida, ferramentas acessíveis e tutoriais gratuitos permitem que mesmo iniciantes reproduzam procedimentos profissionais.

Seja para registrar o Cometa Lemmon ou qualquer outro objeto de passagem, o conselho dos fotógrafos experientes é simples: capturar várias imagens, manter exposições curtas e usar software confiável para combinar as tomadas. Dessa forma, mesmo sob um céu povoado por satélites, ainda é possível produzir fotografias de alta qualidade e contribuir com bancos de dados de ciência cidadã.

Curiosidade

Em 1957, poucos meses após o lançamento do primeiro satélite Sputnik 1, astrônomos registraram a trilha do objeto em placas fotográficas de película — marcando o início do desafio que hoje atinge proporções astronômicas. A diferença é que, naquela época, havia apenas um risco no céu; agora, milhares cruzam o quadro em minutos.

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