Uma carta enviada em 10 de novembro pela deputada democrata Zoe Lofgren, líder da minoria no Comitê de Ciência da Câmara dos Estados Unidos, solicita que a NASA interrompa imediatamente o fechamento e a realocação de laboratórios no Goddard Space Flight Center, em Greenbelt, Maryland. Segundo a parlamentar, a medida coloca em risco missões bilionárias, como o Telescópio Espacial Roman, atualmente em fase final de desenvolvimento no centro.
Encerramentos durante paralisação do governo
A iniciativa de desativar 13 edifícios — que abrigam cerca de 100 laboratórios — ganhou ritmo durante o shutdown federal iniciado em 1.º de outubro. De acordo com o plano de contingência da agência, quase 90% dos 2.867 servidores civis do Goddard foram colocados em licença não remunerada, deixando poucas pessoas para monitorar as mudanças realizadas no campus.
Relatos recebidos pelo gabinete de Lofgren indicam empacotamento apressado de equipamentos, descarte de materiais técnicos e até a movimentação de um satélite sobressalente da década de 1960. Para a deputada, a operação “coloca em risco hardware e capacidades essenciais” e pode atrasar ou comprometer o sucesso de programas em andamento.
Em 5 de novembro, a Goddard Engineers, Scientists and Technicians Association (GESTA) — sindicato que representava trabalhadores do centro até perder direitos de negociação coletiva em agosto — advertiu que “dezenas ou centenas de milhões de dólares em propriedade financiada pelo contribuinte” estariam vulneráveis a danos ou inutilização. A entidade também sugeriu possível violação da Lei Anti-Deficiência, pois funcionários afastados não podem ser acionados sem pagamento.
Documento ressalta risco para telescópio Roman
Entre os laboratórios ameaçados, consta o de propulsão responsável por subsistemas críticos do Telescópio Espacial Roman, considerado sucessor do Hubble e do James Webb em observações de campo amplo. O telescópio, avaliado em vários bilhões de dólares, tem lançamento previsto para meados da década e depende de testes no próprio Goddard.
Lofgren argumenta que a remoção “abrupta e desordenada” de pessoal e equipamentos contraria o suposto plano diretor de 20 anos apresentado pela NASA, que prevê redução de 25% na área construída até 2037. Para a congressista, qualquer consolidação deveria ocorrer com cronograma detalhado e justificativa técnica, o que não estaria acontecendo.
A carta, endereçada ao administrador interino Sean Duffy, exige confirmação escrita, em até 24 horas, de que todas as atividades de fechamento, descarte ou realocação no Goddard foram suspensas. A deputada também anunciou pedido de investigação ao Escritório do Inspetor-Geral da agência para verificar conformidade legal e impacto operacional das ações.
Número de edifícios e justificativa da agência
Durante reunião em 4 de novembro com a equipe de Lofgren, representantes da NASA afirmaram que o corte de instalações faz parte de um plano de modernização, cujo objetivo seria tornar o campus mais eficiente e sustentável em longo prazo. No entanto, documentos obtidos pelo gabinete da parlamentar apontam aceleração de prazos, com encerramento total do laboratório de propulsão já em 12 de novembro.
Especialistas consultados por associações profissionais observam que uma transição dessa magnitude costuma exigir meses de catalogação de equipamentos, avaliação de riscos e definição de novos locais. Interromper atividades críticas no auge de um shutdown aumenta a possibilidade de extravio de componentes únicos, atrasos em cronogramas e despesas adicionais para requalificação de infraestrutura.

Imagem: NASA
Potenciais impactos para o programa espacial
De acordo com analistas do setor, qualquer atraso significativo no Telescópio Roman pode gerar custos adicionais de centenas de milhões de dólares, além de comprometer calendários de outras missões que dependem dos mesmos laboratórios de teste. A pressão orçamentária tende a crescer, já que o Congresso avalia o financiamento de novos veículos de lançamento e sondas científicas.
Outro ponto destacado é o prejuízo ao capital humano. Com laboratórios fechados, engenheiros e cientistas especialistas correm o risco de serem redistribuídos ou buscar oportunidades fora da agência, causando perda de conhecimento institucional. Relatórios anteriores do Government Accountability Office mostram que atrasos e reestruturações frequentes elevam o risco de falhas técnicas nos primeiros anos de operação de satélites.
Análise de impacto para o leitor
Para a comunidade científica e para o contribuinte, a paralisação do Goddard representa possível desperdício de investimento público e incertezas na produção de dados espaciais que alimentam pesquisas sobre energia escura, exoplanetas e clima terrestre. Se os prazos do Telescópio Roman forem adiados, acadêmicos e empresas que dependem de observações de alta precisão poderão rever cronogramas de estudos e contratos de prestação de serviços.
Curiosidade
O Goddard Space Flight Center recebeu esse nome em homenagem a Robert H. Goddard, considerado o “pai dos foguetes modernos”. Em 1926, Goddard realizou o primeiro voo de um foguete movido a combustível líquido, marco que abriu caminho para programas espaciais como Apollo, Shuttle e, mais recentemente, o lançamento de telescópios avançados como o James Webb. A preservação das instalações que levam seu nome é, portanto, simbólica para a história da astronáutica.
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