Durante o Almoço Feminino da Chanel 2025, realizado na última terça-feira (4), em Los Angeles, a atriz e diretora Kristen Stewart fez um discurso incisivo sobre a desigualdade de gênero na indústria cinematográfica. A artista afirmou que, mesmo após o impacto do movimento #MeToo, o setor “regrediu” em oportunidades para mulheres e carece de mudanças estruturais imediatas.
Dados mostram recuo na participação feminina
Para embasar sua crítica, Stewart citou números recentes que evidenciam a disparidade. De acordo com um relatório da USC Annenberg Inclusion Initiative, apenas 12,1% dos principais filmes lançados em 2023 foram dirigidos por mulheres. Já um estudo da San Diego State University apontou que, em 2024, as profissionais representaram 24% dos cargos de direção, roteiro, produção, edição e direção de fotografia entre as maiores bilheterias.
“O retrocesso em relação ao nosso breve momento de progresso é estatisticamente devastador”, afirmou a atriz. Segundo especialistas consultados por entidades do setor, a tendência sugere um esgotamento do impulso gerado pelo #MeToo, movimento que ganhou força em 2017 ao expor casos de assédio envolvendo o produtor Harvey Weinstein e outras figuras de Hollywood.
Crítica ao modelo de negócios e impacto no conteúdo
No discurso, Stewart questionou o que descreveu como “modelo de negócios machista”, que, em sua leitura, finge apoiar criadoras enquanto “suga recursos e menospreza perspectivas femininas”. Ela ressaltou que roteiros considerados “sombrios” ou “tabus” costumam ser rejeitados, limitando a diversidade de histórias contadas.
Segundo dados oficiais da Motion Picture Association, mulheres continuam sub-representadas não apenas na direção, mas também na distribuição de orçamento. Projetos liderados por diretoras recebem, em média, menos investimento de marketing, fator que diminui a visibilidade e o retorno de bilheteria desses filmes.
Trajetória de Stewart reforça debate sobre oportunidades
A artista de 34 anos construiu carreira em grandes franquias, como “Crepúsculo”, e no cinema independente, onde conquistou o Prêmio César por “Acima das Nuvens” (2014). Em 2022, foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz por “Spencer”. Agora, avança como diretora com “The Chronology of Water”, adaptação da obra autobiográfica de Lidia Yuknavitch.
O longa, escrito, produzido e dirigido por Stewart, estreou no Brasil em outubro, durante o Festival do Rio, e tem lançamento comercial previsto para 15 de janeiro de 2026. A trama acompanha uma nadadora que enfrenta abuso familiar e vícios antes de encontrar voz na escrita — narrativa que, segundo a diretora, examina traumas femininos sem filtros, alinhando-se ao tema de seu discurso.
Movimento #MeToo: avanços e limites
Desde 2017, o #MeToo provocou mudanças legislativas nos Estados Unidos, como a restrição de acordos de confidencialidade em casos de assédio sexual e a ampliação de prazos para denúncias. Relatórios indicam, porém, que a transformação cultural dentro dos estúdios evolui mais lentamente. “Podemos medir disparidades salariais, impostos sobre absorventes e estatísticas, mas a violência silencia”, disse Stewart, destacando que o medo continua presente em equipes de produção.

Imagem: ma McIntyre
Especialistas em diversidade apontam que iniciativas de capacitação e metas numéricas ajudaram a ampliar contratações, mas faltam políticas de longo prazo para garantir financiamento equitativo e distribuição justa de vagas em cargos de liderança.
O que muda para profissionais e público
A fala de Stewart reacende o debate sobre representatividade atrás das câmeras e pressiona grandes estúdios a reverem critérios de seleção de projetos. Para o público, o aumento da participação feminina tende a ampliar a variedade temática dos filmes, trazendo visões mais plurais sobre violência, maternidade, sexualidade e mercado de trabalho. Já para profissionais do setor, a discussão reforça a necessidade de redes de apoio, mentorias e fundos dedicados a diretoras e roteiristas em início de carreira.
Se as empresas atenderem ao alerta, especialistas veem potencial para um mercado mais competitivo e rentável, já que produções lideradas por mulheres demonstram desempenho semelhante ou superior nas bilheterias quando recebem orçamento equivalente.
Curiosidade
Kristen Stewart não é a única atriz a migrar para a direção em busca de autonomia criativa. Nomes como Emerald Fennell, vencedora do Oscar por “Bela Vingança”, e Greta Gerwig, responsável pelo fenômeno “Barbie”, também relataram desafios similares ao comando de produções de grande escala. Casos recentes indicam que a presença feminina na direção cresce em festivais internacionais, sugerindo um caminho de resistência para novas vozes conquistarem espaço.
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