Novo estudo indica que expansão do Universo já começou a desacelerar

Ciência

Pesquisadores da Universidade Yonsei, na Coreia do Sul, afirmam que a expansão do Universo pode ter deixado de acelerar e iniciado um processo de desaceleração na época atual. A conclusão, publicada no periódico Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, resulta de uma revisão detalhada do brilho de supernovas do tipo Ia, tradicionalmente usadas como “velas padrão” para medir distâncias cósmicas.

Revisão de supernovas desafia consenso de 25 anos

Desde o fim da década de 1990, observações de supernovas do tipo Ia sustentam o modelo em que a expansão do Universo acelera sob efeito da energia escura, descrito pelo cenário ΛCDM. O grupo de Yonsei reavaliou esse padrão ao considerar a idade das estrelas progenitoras, fator que afeta o brilho das explosões. Segundo o estudo, supernovas originadas em populações estelares mais antigas tendem a parecer ligeiramente mais brilhantes, enquanto aquelas em sistemas jovens aparentam ser mais fracas — mesmo após as correções aplicadas há décadas.

Ao incorporar esse ajuste etário em uma amostra ampla, os autores observaram que os dados deixam de se encaixar confortavelmente no ΛCDM e se alinham melhor a cenários em que a energia escura varia no tempo. Esses cenários foram recentemente favorecidos por medições do Instrumento Espectroscópico de Energia Escura (DESI), que combina ecos do Big Bang registrados em oscilações acústicas de bárions (BAO) e na radiação cósmica de fundo em micro-ondas.

De acordo com o professor Young-Wook Lee, que lidera a equipe, os resultados “mostram que o Universo já entrou em uma fase de expansão desacelerada”. Se confirmada, a hipótese representa a maior reviravolta na cosmologia desde a descoberta da energia escura, há 27 anos.

Energia escura em xeque e nova abordagem para a tensão de Hubble

Modelos que preveem energia escura variável podem oferecer outra explicação para a chamada tensão de Hubble — o descompasso entre diferentes métodos de medir a taxa de expansão do cosmos. Ao indicar que a energia escura enfraquece com o tempo, a nova análise sugere um caminho para reconciliar valores obtidos por supernovas e por medições de BAO.

Segundo especialistas consultados pelo estudo, a correção de idade fornece um teste independente do DESI, ampliando a robustez do resultado. Os autores também realizaram um “teste livre de evolução”: compararam apenas supernovas de galáxias jovens e coevas ao longo de toda a faixa de distâncias. Os dados reforçaram a leitura de que a desaceleração já estaria em curso.

Relatórios indicam que a próxima geração de levantamentos deverá oferecer números mais precisos. O Observatório Vera C. Rubin, recém-inaugurado no Chile, planeja descobrir mais de 20 mil novas galáxias hospedeiras de supernovas do tipo Ia nos próximos cinco anos. Com avaliações refinadas de idade estelar, a comunidade espera realizar um teste definitivo da cosmologia baseada em supernovas.

Impacto potencial para a astronomia e para o público

Caso a desaceleração seja confirmada, a cosmologia contemporânea precisará redefinir o papel da energia escura, repensar a evolução do Universo e reavaliar instrumentos teóricos usados em modelagens. Na prática, avanços em calibração fina de sensores, algoritmos de análise de grandes volumes de dados e técnicas de espectroscopia tendem a beneficiar áreas como satélites de observação, imageamento científico e até aplicações médicas.

Para o leitor, a mudança de paradigma afeta nossa compreensão de longo prazo sobre a origem e o destino do cosmos. Uma expansão que já perde ritmo altera estimativas de idade futura do Universo e pode influenciar pesquisas sobre matéria escura, formação de galáxias e até a possibilidade de vida em escalas cósmicas.

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Curiosidade

O DESI, citado no estudo, utiliza um conjunto de 5 000 fibras ópticas controladas por robôs capazes de reposicionar-se a cada 20 minutos. Esse arranjo permite mapear a luz de milhões de galáxias, gerando bases de dados que ocupam centenas de terabytes. A precisão do sistema é tão elevada que, se aplicado à Terra, seria possível identificar a posição de um objeto do tamanho de uma moeda a mais de 1 000 km de distância.

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