Sonda chinesa Tianwen-1 registra aproximação inédita do cometa interestelar 3I/ATLAS em Marte

Ciência

A Administração Espacial Nacional da China (CNSA) divulgou imagens novas do cometa interestelar 3I/ATLAS, capturadas pela câmera de alta resolução da sonda Tianwen-1 em 3 de outubro de 2025. O registro ocorreu quando o objeto estava a cerca de 30 milhões de quilômetros da espaçonave, que orbita Marte desde fevereiro de 2021. Trata-se de uma das observações mais próximas já realizadas desse visitante interestelar.

Planejamento antecipado garantiu o sucesso da observação

Segundo a CNSA, a equipe da missão vinha monitorando a trajetória do 3I/ATLAS desde o início de setembro. Cálculos apontavam que o cometa passaria relativamente perto do Planeta Vermelho no início de outubro, e, diante dessa projeção, os controladores ajustaram os instrumentos da Tianwen-1 com antecedência para captar o melhor momento da aproximação. O procedimento envolveu o redirecionamento do sensor óptico e a configuração de um modo de fotografia contínua, capaz de gerar uma sequência de quadros em intervalos de poucos segundos.

Os dados foram enviados à Terra e processados pelo sistema em solo, resultando em imagens com detalhes claros da coma e da cauda do objeto. A partir de uma sequência de fotos obtidas em 30 segundos, os cientistas produziram uma curta animação que evidencia o deslocamento do cometa em relação ao fundo estelar — material que, de acordo com técnicos do programa chinês, já serve de base para análises sobre composição química e dinâmica orbital.

Colaboração indireta com missões europeias amplia base de dados

No mesmo fim de semana, as sondas ExoMars Trace Gas Orbiter (TGO) e Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA), também registraram o 3I/ATLAS, fornecendo ângulos complementares. Embora as operações não tenham sido coordenadas formalmente, a coincidência de observações oferece um conjunto de medições multiespectrais que, segundo especialistas, tende a refinar modelos sobre a estrutura e a origem do objeto.

Relatórios indicam que a combinação de dados ópticos, espectrais e de posição contribuirá para estimar a taxa de liberação de gases e partículas, além de facilitar o cálculo de possíveis desvios em sua rota causados por jatos de sublimação. Esse fenômeno, chamado de aceleração não gravitacional, foi observado anteriormente nos cometas interestelares ‘Oumuamua (2017) e 2I/Borisov (2019). O 3I/ATLAS é apenas o terceiro corpo comprovadamente interestelar a cruzar o Sistema Solar.

Teste técnico para futuras missões chinesas

A Erfolg da captura também funciona como um ensaio para a missão Tianwen-2, lançada em maio de 2025, cuja meta é coletar amostras de um asteroide próximo da Terra e estudar um cometa do cinturão principal. Detectar um alvo fraco, em movimento rápido e a longa distância confirmou a capacidade dos sistemas ópticos de apontamento e processamento da CNSA, aspectos considerados cruciais para encontros de curta janela temporal.

Composta por um orbitador, módulo de pouso e rover, a Tianwen-1 foi lançada em julho de 2020 e tem operado de maneira estável desde sua chegada a Marte. A missão já enviou mais de 1.800 gigabytes de dados científicos, incluindo levantamentos topográficos, análises atmosféricas e mapas de composição mineral.

Por que o 3I/ATLAS é tão relevante para a ciência?

Descoberto em 1º de julho de 2025, o 3I/ATLAS apresenta características que intrigam a comunidade astronômica. Estudos preliminares sugerem que ele se formou em regiões próximas ao centro da Via Láctea, onde predominam estrelas mais antigas. Idades estimadas para os materiais que compõem o cometa variam de três a 11 bilhões de anos, ou seja, possivelmente superiores à idade do Sol (4,6 bilhões de anos).

A análise de objetos interestelares permite comparar a química de sistemas estelares distintos. Substâncias voláteis, como água, dióxido de carbono e compostos orgânicos, fornecem pistas sobre as condições de formação desses sistemas. Além disso, entender como esses corpos transitam entre as estrelas pode ajudar a refinar estimativas sobre a frequência de intercâmbio de material na galáxia.

Segundo astrofísicos consultados por agências internacionais, cada nova detecção de um cometa interestelar aumenta em pelo menos uma ordem de grandeza a base estatística para modelos de origem. Os dados ainda contribuem para o desenvolvimento de estratégias de defesa planetária, uma vez que objetos com órbitas hiperbólicas desafiam métodos tradicionais de rastreio.

Impacto direto para o público e para o mercado espacial

Para o leitor, a divulgação das imagens reforça o ritmo acelerado da exploração planetária e abre caminho para cooperação científica internacional. Observações combinadas entre China e Europa demonstram que a troca de dados pode reduzir custos e acelerar descobertas. No setor privado, a validação de sensores capazes de detectar corpos escuros e velozes desperta interesse de empresas envolvidas em monitoramento orbital e em satélites de vigilância de detritos.

Curiosidade

O prefixo numérico “3I” no nome do cometa indica que este é o terceiro objeto identificado com trajetória interestelar (“I” de interestelar) desde o início da catalogação oficial em 2017. Antes dele, apenas ‘Oumuamua e 2I/Borisov haviam recebido essa classificação. A sigla “ATLAS” refere-se ao sistema de monitoramento Asteroid Terrestrial-impact Last Alert System, que faz varreduras noturnas do céu no Havaí e foi responsável pela descoberta inicial do corpo.

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