O lançador europeu Ariane 6 colocou em órbita, no último dia 4 de novembro, o satélite de radar Sentinel-1D, projeto conjunto da Agência Espacial Europeia (ESA) e da Comissão Europeia dentro do programa Copernicus. O voo partiu do Centro Espacial de Kourou, na Guiana Francesa, às 18h02 (horário de Brasília) e, 33 minutos e meio depois, liberou a carga útil em sua trajetória planejada.
Características do satélite e missão prevista
Construído pela Thales Alenia Space, o Sentinel-1D pesa 2.184 quilogramas e opera a 693 quilômetros de altitude, em órbita heliossíncrona. O equipamento leva a bordo um radar de abertura sintética em banda C, além de um sistema automático de identificação de embarcações (AIS). Segundo responsáveis pelo Copernicus, o objetivo é fornecer imagens de alta resolução independentemente de condições climáticas ou luminosidade, apoiando áreas como agricultura, detecção de inundações e monitoramento de deslocamentos do solo.
O módulo AIS coleta sinais de navios e permite cruzar essas informações com as imagens de radar. Esse recurso, de acordo com técnicos da Comissão Europeia, facilita a localização de embarcações que navegam sem transmissor ativo, cenário comum em operações de contrabando ou pirataria.
Substituição do Sentinel-1A e compromissos de sustentabilidade
O novo satélite assume parte das funções do Sentinel-1A, em serviço desde 2014. Embora ainda operacional, o modelo mais antigo apresenta degradação no sistema de propulsão, o que levou a ESA a antecipar a decolagem do 1D. Autoridades da agência informaram que, tão logo o novo equipamento seja declarado plenamente funcional, o 1A começará a ter sua órbita reduzida para garantir a reentrada controlada em até 25 anos, prática alinhada às diretrizes internacionais de prevenção de lixo espacial.
Escolha do foguete e cronograma europeu
O contrato para lançar o Sentinel-1D no Ariane 6 foi assinado em janeiro deste ano. Na época, a ESA avaliou que o veículo de maior porte ofereceria um “caminho mais rápido” para o espaço do que o Vega C, que havia retomado voos recentemente após uma falha em dezembro de 2022. Segundo a diretora de Observação da Terra da ESA, Simonetta Cheli, a prioridade era colocar o satélite em operação “o quanto antes”, razão pela qual o cronograma do Ariane 6 prevaleceu.
Outra possibilidade seria recorrer ao Falcon 9, da SpaceX, opção utilizada por agências europeias em missões anteriores. Entretanto, o responsável pela unidade Copernicus na Comissão Europeia, Mauro Facchini, declarou que, sempre que possível, a estratégia é privilegiar lançadores do continente. Caroline Arnoux, vice-presidente da Arianespace, acrescentou que o Ariane 6 era o único capaz de atender à janela solicitada pelo cliente.
Desempenho do Ariane 6 em 2023
O lançamento do Sentinel-1D marca o terceiro voo do Ariane 6 neste ano e o quarto desde a estreia do foguete. Todas as missões utilizaram a configuração Ariane 62, equipada com dois propulsores laterais de combustível sólido. A variante Ariane 64, com quatro propulsores e maior capacidade de carga, teve o primeiro voo adiado para o início de 2026.
Ainda em 2023, a Arianespace planeja mais uma decolagem do Ariane 6 para colocar em órbita dois satélites de navegação Galileo. Especialistas veem a cadência de lançamentos como passo crucial para reduzir a dependência europeia de sistemas externos e assegurar autonomia em missões científicas, de defesa e de observação da Terra.

Imagem: ESA-CNES-Arianespace-ArianeGroup
Impactos para usuários e mercado de observação
Com a chegada do Sentinel-1D, espera-se um incremento significativo na atualização de imagens radar, beneficiando governos, pesquisadores e empresas que dependem de dados geoespaciais. Para o setor agrícola, por exemplo, relatórios indicam que séries temporais mais densas de observação facilitam previsões de safra e detecção precoce de pragas. Em áreas costeiras, a integração do AIS com o radar deve reforçar o combate à pesca ilegal e ao tráfico marítimo, contribuindo para segurança e preservação ambiental.
Na prática, usuários que contratam serviços baseados em Copernicus poderão receber produtos analíticos mais precisos e frequentes, o que reduz custos operacionais e agiliza respostas a desastres naturais. A expectativa é que novos players do mercado de dados satelitais explorem aplicações comerciais adicionais, estimulando inovação e gerando empregos qualificados no segmento espacial europeu.
Curiosidade
Apesar de operar a quase 700 quilômetros de altitude, o radar do Sentinel-1D é capaz de distinguir objetos de cerca de cinco metros de largura na superfície terrestre. Para efeito de comparação, isso equivale a detectar um ônibus escolar em meio a uma plantação, mesmo sob nuvens densas ou à noite, demonstrando a precisão alcançada pelos satélites de abertura sintética.
Para quem deseja aprofundar o tema espaço e tecnologia, vale conferir outros conteúdos publicados recentemente na seção de inovação da Remanso Notícias, onde discutimos avanços em lançadores reutilizáveis e novas constelações de observação.
Este lançamento reforça o compromisso europeu com a autonomia espacial e entrega ao mercado dados mais robustos para tomar decisões críticas. Continue acompanhando nossas atualizações e descubra como a tecnologia orbital pode impactar seu dia a dia.
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