Mesmo com a suspensão parcial das atividades do governo dos Estados Unidos, os sete tripulantes da Expedição 73 mantêm a rotina científica a 400 km de altitude. A Agência Aeroespacial norte-americana determinou que operações ligadas à “proteção de vida e propriedade” não podem ser interrompidas, garantindo a permanência dos astronautas na Estação Espacial Internacional (ISS) e o suporte mínimo a partir do Centro de Controle em Houston.
Quem continua em órbita e quem ficou em terra
A atual tripulação reúne três cosmonautas da Roscosmos — Sergey Ryzhikov, Alexey Zubritsky e Oleg Platonov —, a participação japonesa com Kimiya Yui (JAXA) e três representantes da NASA: Jonny Kim, Zena Cardman e Mike Fincke. Enquanto grande parte dos 15 mil servidores civis da agência foi colocada em licença não remunerada, o grupo em órbita permanece “excepcionado” da paralisação, assim como os controladores de voo, médicos e engenheiros que garantem segurança e suporte 24 horas por dia.
De acordo com o memorando de contingência da NASA, somente pessoal “necessário para salvaguardar vidas humanas” pode seguir em atividade presencial. Na prática, isso significa que experimentos, manutenção de sistemas e eventuais respostas a emergências seguem normalmente, mas iniciativas consideradas secundárias — divulgação científica, eventos públicos e parte do trabalho administrativo — foram suspensas.
Rotina científica preservada, salário adiado
Nas últimas semanas, a Expedição 73 conduziu pesquisas sobre comportamento de fluidos em microgravidade, cultura de células humanas e testes de impressão 3D, além de inspeções periódicas em sistemas de energia e suporte à vida. Segundo técnicos da agência, a continuidade desses estudos evita perda de dados e garante cronogramas acertados com universidades e empresas parceiras.
Os três norte-americanos, no entanto, desempenham suas funções sem receber pagamento no momento. Assim como outros trabalhadores federais considerados essenciais, eles só receberão os salários retroativos após o Congresso aprovar novo orçamento. Especialistas em direito trabalhista destacam que a legislação garante a remuneração integral posterior, mas não prevê juros ou correção monetária durante o atraso.
A bordo, Kimiya Yui tem suplido a ausência de postagens oficiais norte-americanas nas redes sociais. O astronauta compartilhou imagens da aproximação do cargueiro japonês HTV-X1, do cometa Lemon cortando o limiar da atmosfera e de auroras boreais avistadas da cúpula da estação. A NASA orientou seus profissionais a priorizar comunicações internas, limitando divulgações públicas durante o shutdown.
Novo cargueiro japonês e logística em dia
No dia 31 de outubro, o veículo HTV-X1, primeiro da nova geração de cargueiros não tripulados do Japão, acoplou-se à ISS trazendo 6 toneladas de suprimentos, equipamentos de pesquisa e mantimentos. A captura foi realizada pelo braço robótico Canadarm2 sob coordenação dos tripulantes norte-americanos. Os trabalhos de descarregamento começaram poucas horas depois e seguiram conforme agendamento prévio.
Relatórios indicam que a chegada da nave reabasteceu estoques de alimentos, água e peças de reposição suficientes para vários meses, reduzindo riscos associados à paralisação governamental nos Estados Unidos. O próximo envio de carga, operado pela SpaceX, está previsto para janeiro e, por enquanto, não sofre alterações.
Programa Artemis mantém prioridade, mas pode atrasar
Além das operações da ISS, o planejamento da missão Artemis 2 — primeiro voo tripulado ao redor da Lua desde 1972 — também recebeu status de atividade crítica. A meta oficial continua fevereiro de 2026, mas engenheiros admitem que a falta de trabalhadores civis em atividades de suporte pode pressionar prazos. Caso o impasse orçamentário se prolongue, janelas alternativas entre março e abril já são consideradas.
Atrasos em Artemis 2 teriam efeito cascata sobre Artemis 3, missão que deve retornar astronautas à superfície lunar. Analistas de mercado lembram que a corrida lunar ganhou novo fôlego com o programa chinês, cujo pouso tripulado está projetado para o fim desta década. Na visão de estrategistas do setor espacial, manter o cronograma da NASA também é visto como questão de liderança tecnológica e geopolítica.

Imagem: Josh Dinner published
Impacto para o público e para a indústria
Para a população em geral, a paralisação ilustra como serviços essenciais permanecem ativos mesmo em cenários de crise política. Já para empresas que dependem de contratos com a agência, o shutdown representa adiamento de pagamentos e potenciais reprogramações de lançamentos. Segundo a associação comercial do segmento, cada mês de inatividade parcial pode gerar perdas de até 140 milhões de dólares em cadeias de fornecimento ligadas ao programa espacial norte-americano.
Embora a rotina a bordo da ISS continue estável, prolongar a situação traz incertezas sobre manutenções de longo prazo, voos de carga e treinamento de novas tripulações. Especialistas consultados apontam que uma solução rápida no Congresso é fundamental para preservar cronogramas e conter custos adicionais.
Para o leitor, o episódio reforça a dependência de decisões políticas no funcionamento de programas científicos estratégicos. Caso o impasse se estenda, podem surgir atrasos em experimentos que influenciam desde o desenvolvimento de novos materiais até pesquisas biomédicas com aplicação direta na Terra.
Curiosidade
A Estação Espacial Internacional completa, em novembro, 25 anos de presença humana ininterrupta em órbita. Desde 2000, mais de 270 pessoas passaram pelo laboratório, que dá uma volta na Terra a cada 90 minutos. Durante um shutdown governamental, a ISS torna-se um dos poucos “prédios federais” que continuam totalmente operacionais fora do planeta.
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