Satélite chinês FY-3H revela primeiras imagens e amplia monitoramento climático global

Ciência

O novo satélite meteorológico FY-3H, lançado pela China em 2023, começou a operar em órbita e já forneceu as primeiras imagens em alta resolução da Terra. O material foi apresentado durante a 15ª Conferência de Usuários de Satélites Meteorológicos da Ásia-Oceania (AOMSUC-15) e na edição 2025 da Conferência de Usuários dos Satélites Fengyun (FYSUC), eventos realizados em Qingdao, na província de Shandong.

Segundo a Administração Meteorológica da China (CMA), o equipamento integra uma constelação voltada a fortalecer sistemas de alerta precoce e ampliar a cooperação internacional em observação da Terra. A divulgação das imagens ocorre na mesma semana em que especialistas de mais de 50 países se reuniram para discutir avanços na previsão de fenômenos extremos e nas estratégias de mitigação de riscos climáticos.

Seis instrumentos já em operação e cobertura global diária

O FY-3H saiu da fase de comissionamento com seis dos nove sensores principais ativados. Entre eles estão câmeras ópticas multiespectrais, radares de micro-ondas e equipamentos capazes de executar “tomografia” atmosférica. De acordo com dados oficiais, essa combinação permite medir temperatura, umidade, composição de nuvens, concentração de gases de efeito estufa e até variações no campo eletromagnético que podem afetar satélites e redes de telecomunicações.

As primeiras imagens revelaram formações de gelo na Antártida, sistemas de baixa pressão no Hemisfério Norte e um vórtice polar sobre o Ártico, registrado em 12 de outubro por sensores de temperatura e umidade por micro-ondas. O satélite realiza passagens polares 14 vezes ao dia, garantindo observação global diária e monitoramento frequente das calotas de gelo, informação considerada estratégica para projeções de elevação do nível do mar.

Impacto na previsão de desastres e no intercâmbio de dados

Relatórios da Organização Meteorológica Mundial (OMM) indicam que a qualidade e a frequência de dados oriundos da órbita polar são decisivas para aprimorar modelos numéricos de previsão do tempo. Ao integrar o FY-3H à rede internacional, a CMA espera fortalecer a iniciativa Early Warnings for All, das Nações Unidas, que busca garantir sistemas de alerta precoce para toda a população do planeta até 2027.

Natalia Donohoe, chefe da Divisão de Sistemas Espaciais e Utilização da OMM, afirmou no evento que as informações geradas pelo novo satélite “podem reduzir significativamente o tempo de resposta a eventos extremos, como tufões, ondas de frio e tempestades severas, especialmente na região da Ásia-Oceania”. Ela destacou que, quanto maior o compartilhamento com países em desenvolvimento, menor será o impacto humanitário desses fenômenos.

Os dados do FY-3H também auxiliam no acompanhamento de composições atmosféricas que influenciam a qualidade do ar. Segundo especialistas em clima, a capacidade de medir dióxido de carbono e metano em alta resolução ajuda a rastrear emissões regionais e a checar o cumprimento de metas ambientais.

Comparação com missões anteriores e próximos passos da constelação Fengyun

A série Fengyun (vento e nuvem, em mandarim) existe desde 1988 e reúne satélites geoestacionários e de órbita polar. O FY-3H sucede o FY-3G, lançado em 2021, acrescentando sensores mais sensíveis no espectro de micro-ondas e uma câmera capaz de capturar imagens coloridas de 250 metros por pixel. Esses avanços aproximam a qualidade chinesa de programas consolidados, como o NOAA-20 dos Estados Unidos e o MetOp-C da Europa.

De acordo com a CMA, três instrumentos do FY-3H ainda passarão por calibração em órbita antes de entrarem em operação plena. A agência pretende liberar a distribuição global dos dados brutos e processados até o segundo semestre de 2025, passo considerado essencial para que centros meteorológicos de outras regiões ajustem seus modelos.

Além disso, o próximo satélite da série, FY-3I, já está em fase final de desenvolvimento. Ele deverá ampliar a observação de aerossóis e partículas finas, complementando a capacidade de monitorar eventos de poeira e fumaça, fatores que afetam tanto a saúde humana quanto o balanço radiativo da Terra.

O que muda para o público e para o mercado de tecnologia

Para o usuário comum, a entrada em operação do FY-3H significa previsões do tempo potencialmente mais precisas, alertas de desastres em menor intervalo de tempo e informações climáticas detalhadas disponíveis em aplicativos e plataformas de noticiários. No setor privado, empresas de energia, agricultura e logística tendem a incorporar os novos dados a seus sistemas, elevando a eficiência operacional e reduzindo perdas causadas por eventos climáticos inesperados.

Companhias de satélites e fornecedores de hardware também observam o movimento chinês como oportunidade de cooperação tecnológica ou de concorrência direta, sobretudo no mercado de sensores de micro-ondas e componentes para missão espacial em órbita polar.

Curiosidade

O FY-3H não monitora apenas o clima na Terra: seus sensores detectam ainda auroras e perturbações eletromagnéticas oriundas do Sol. Esse tipo de dado é fundamental para proteger satélites de navegação e redes elétricas contra tempestades solares, reforçando a importância de missões meteorológicas que extrapolam o escopo atmosférico.

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