A HEO Robotics, empresa australiana fundada em 2019, planeja ampliar o serviço de imagens de espaçonaves que já oferece na órbita baixa da Terra (LEO) para regiões mais distantes, incluindo a órbita geostacionária (GEO) e, futuramente, destinos no Sistema Solar. A companhia ganhou notoriedade ao captar fotografias de alto detalhe da Estação Espacial Internacional, da estação chinesa Tiangong e de satélites em fase de reentrada, utilizando câmeras instaladas em satélites de parceiros.
Expansão para a órbita geostacionária
Atualmente, a HEO Robotics adquire imagens por meio de acordos com operadoras de satélites de observação da Terra, como BlackSky e Satellogic. Esses satélites são aproveitados quando não estão sobre alvos terrestres — por exemplo, enquanto sobrevoam oceanos — para realizar a chamada “non-Earth imaging” (NEI), ou captura de objetos espaciais.
O desafio, segundo o cofundador e diretor-executivo Will Crowe, é repetir o modelo em GEO, a aproximadamente 35 786 quilômetros de altitude, onde estão posicionados satélites de telecomunicações, meteorologia e defesa avaliados em bilhões de dólares. Poucas plataformas carregam câmeras nessa região, o que obriga a companhia a embarcar seus próprios sensores em novos lançamentos. “Chegar à GEO é tecnicamente exigente, mas representa um destravamento significativo de receita e capacidade para nossos clientes”, afirmou Crowe durante o Congresso Internacional de Astronáutica, realizado em Sydney.
Para viabilizar a transição, a empresa assinou um memorando de entendimento de três anos com a Astroscale, especialista em serviços de órbita e remoção de detritos. O acordo prevê colaboração em GEO e em órbitas de transferência, permitindo que as imagens externas da HEO apoiem inspeções, diagnósticos e futuras operações de reabastecimento ou desorbitação de satélites.
Licenças e reconhecimento oficial
Em fevereiro, a HEO recebeu da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) a primeira licença Tier-3 para operar uma câmera óptica comercial acima de 800 quilômetros. Segundo a agência, a medida sinaliza a importância crescente da NEI na segurança espacial e no monitoramento de objetos que representam risco de colisão.
Relatórios de organizações como a União Astronômica Internacional indicam que o número de satélites em LEO deve ultrapassar 60 000 na próxima década, impulsionado por megaconstelações de banda larga. Imagens externas de alta resolução são consideradas uma ferramenta valiosa para detectar anomalias, orientar manobras de evasão e documentar eventos de reentrada, como ocorreu com o satélite ERS-2 da Agência Espacial Europeia, fotografado pela HEO em fevereiro.
De olho em asteroides e além
A longo prazo, o objetivo declarado pela empresa é oferecer um serviço de “Sistema Solar sob demanda”. Crowe afirma que a mesma abordagem de múltiplas câmeras em órbitas estratégicas pode viabilizar missões de reconhecimento de asteroides que se aproximam da Terra ou mesmo de corpos na cintura principal entre Marte e Júpiter. “Basta ter sensores suficientes e trajetórias adequadas para cumprir a missão”, disse o executivo.
Especialistas em políticas espaciais observam que a disponibilidade comercial de imagens de sondas, estágios de foguetes e de detritos em trajetórias interplanetárias poderá reduzir custos de missões científicas e aumentar a transparência em atividades governamentais de exploração.

Imagem: a HEO Robotics satellite
Implicações para o mercado e para o usuário final
Segundo analistas do setor, a expansão do monitoramento externo para GEO tende a beneficiar operadoras de telecomunicações, seguradoras e forças armadas. Imagens independentes podem agilizar investigações de falhas, evitar perda de cobertura e apoiar planos de continuidade de serviços críticos, como telefonia móvel, TV por satélite e dados meteorológicos.
Para o consumidor, a iniciativa pode significar conexões mais estáveis e previsões climáticas mais precisas, uma vez que eventuais problemas nos satélites poderão ser identificados antes de causarem interrupções de larga escala.
Curiosidade
Embora a prática de fotografar outros satélites pareça recente, o primeiro registro conhecido ocorreu em 1968, quando a missão americana ATS-3 capturou imagens de companheiros de órbita para fins de teste. Hoje, a HEO Robotics pretende transformar esse conceito em serviço regular, oferecendo uma espécie de “selfie espacial” que ajuda a manter o céu menos congestionado e mais seguro.
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