A Hungria tornou-se o 57.º país a assinar os Acordos Artemis, conjunto de princípios que orienta a exploração espacial sustentável e transparente. O anúncio foi feito em 22 de outubro pelo administrador interino da NASA, Sean Duffy, por meio de publicação em rede social. Com a decisão, o país se junta a Finlândia, Bangladesh, Noruega e Senegal, que já haviam aderido em 2023.
Anúncio discreto durante paralisação governamental
Desde 1.º de outubro, a Administração Federal dos Estados Unidos enfrenta paralisação parcial de atividades, o que suspendeu comunicados de imprensa da NASA. Por esse motivo, a assinatura não contou com nota oficial da agência nem do Departamento de Estado, órgão que costuma divulgar os novos subscritores. A única referência pública partiu da postagem de Duffy, que destacou “compromisso compartilhado com uma exploração pacífica e transparente em um momento em que outros buscam militarizar o espaço”.
O Ministério das Relações Exteriores húngaro tampouco publicou declaração formal. Ainda assim, a assinatura coincidiu com a visita do chanceler Péter Szijjártó a Washington. Relato resumido do encontro entre Szijjártó e o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, não mencionou o tema espacial.
Contexto e metas dos Acordos Artemis
Lançados em 2020, os Acordos Artemis estabelecem normas para a cooperação internacional no espaço, incluindo partilha de dados, assistência a astronautas em perigo, transparência de missões e gestão de recursos lunares. Embora tenham o nome do programa americano de retorno à Lua, a adesão não garante participação direta nas missões Artemis; trata-se de um enquadramento legal voluntário que busca reduzir conflitos durante a próxima fase de exploração.
Segundo especialistas ouvidos em diversos fóruns da indústria espacial, a ampliação do número de signatários fortalece a ideia de usos pacíficos do espaço diante de tensões geopolíticas. Durante o Congresso Astronáutico Internacional (IAC) realizado neste mês em Sydney, representantes de 39 países signatários discutiram maneiras de operacionalizar as diretrizes e atrair novos parceiros. “Queremos mais nações explorando conosco, mas, quando os recursos são limitados, é preciso viabilizar a entrada de países emergentes nessa aventura”, afirmou Amit Kshatriya, administrador associado da NASA, após a reunião.
Estratégia húngara no cenário espacial europeu
Membro da União Europeia e da Agência Espacial Europeia (ESA), a Hungria costuma cooperar por vias multilaterais, mas também busca acordos diretos quando considera estratégico. Exemplo recente é o contrato firmado com a Axiom Space para levar um astronauta húngaro à Estação Espacial Internacional na missão privada Ax-4, programada para este ano. Enquanto Suécia e Polônia optaram por missões via ESA, Budapeste preferiu trilhar caminho próprio, indicando interesse em posicionamento autônomo.
A nova assinatura insere o país em uma rede que envolve parceiros tradicionais dos Estados Unidos, além de nações emergentes. Para analistas consultados por centros de pesquisa europeus, a movimentação pode ampliar oportunidades de missões conjuntas, acesso a dados científicos e participação em futuras operações na órbita lunar.
Relevância para o programa Artemis e a diplomacia espacial
Embora não haja vínculo contratual entre adesão e participação no programa lunar, observadores consideram ambos interdependentes. Para Mike Gold, ex-funcionário da NASA que coordenou a criação dos acordos, “o avanço dos Acordos Artemis é uma vitória para um futuro no espaço baseado em paz, transparência e segurança; contudo, seu sucesso está intrinsecamente ligado ao êxito do próprio programa Artemis”.

Imagem: X FMSzijjarto
Gold também comentou que o apoio de lideranças políticas norte-americanas, como o senador Ted Cruz e o secretário Sean Duffy, reforça a intenção de “superar a China na Lua”, ressaltando a competição tecnológica como pano de fundo.
Impacto para o leitor e para o mercado
Para pesquisadores, empresas de satélites e investidores brasileiros, a entrada de mais um país na lista de signatários sinaliza ambiente regulatório em expansão. Isso pode significar novas parcerias para universidades e startups nacionais interessadas em projetos lunares ou missões em órbita terrestre. Além disso, a convergência de normas pode reduzir custos jurídicos e acelerar acordos de compartilhamento de dados, beneficiando desde serviços de observação da Terra até experimentos de microgravidade.
Curiosidade
Você sabia que a primeira participação húngara em missões espaciais remonta a 1980, quando o cosmonauta Bertalan Farkas voou a bordo de uma nave soviética? Hoje, mais de quatro décadas depois, o país volta a buscar protagonismo justamente no momento em que acordos multilaterais como o Artemis tentam evitar a repetição das disputas da Guerra Fria — agora com a Lua como palco.
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