Alunos e professores do Instituto Federal do Acre (Ifac), no campus de Sena Madureira, testemunharam na tarde de terça-feira (14) um halo solar de grandes proporções. O arco luminoso, que formou um anel quase perfeito ao redor do Sol, mobilizou a comunidade acadêmica, gerando registros fotográficos e uma rápida explicação científica no próprio pátio da escola.
Fenômeno ocorre pela refração da luz em cristais de gelo
Segundo o Serviço Meteorológico dos Estados Unidos (National Weather Service), halos solares surgem quando a luz do Sol atravessa milhões de minúsculos cristais de gelo suspensos nas nuvens do tipo cirro, geralmente localizadas acima de 5 000 metros de altitude. Esses cristais funcionam como prismas naturais, refratando e refletindo a luz em um ângulo de 22 graus, o que resulta em um círculo luminoso de cores suaves, semelhante a um arco-íris esmaecido.
No Acre, as condições atmosféricas favoreceram a formação do halo por poucos minutos, o suficiente para que estudantes como João Augusto Nascimento de Queiroz e Jordana Raica Batista de Melo registrassem imagens de alta qualidade. A atividade contou com o suporte imediato dos técnicos Edeclan Damasceno Silva e Irlandia Silva, que auxiliaram na organização dos observadores e na orientação sobre os cuidados visuais.
De acordo com o professor de agronomia Matheus Matos, fenômenos ópticos dessa natureza ajudam a demonstrar, na prática, conceitos de refração, dispersão e formação de espectros. “Quando os alunos veem o efeito no céu, a teoria deixa de ser abstrata”, salientou o docente, ressaltando que eventos atmosféricos servem como “laboratório ao ar livre” para a disciplina de Física.
Registro reforça interesse de estudantes pela ciência
O professor de informática Ronnie Mancuzo, que já atuou como redator em portais de tecnologia, aproveitou a ocasião para reforçar a recomendação de nunca olhar diretamente para o Sol sem proteção adequada. Filtros solares específicos para telescópios, óculos de eclipse ou métodos indiretos, como projetar a imagem em uma superfície branca, continuam sendo as alternativas mais seguras. Segundo especialistas, a exposição direta pode causar sérios danos à retina, mesmo em eventos aparentemente suaves como o halo.
Para o Ifac, o episódio ilustra o potencial de integrar observações naturais ao currículo formal. A professora Ana Cláudia Campos, que também fotografou o fenômeno, avalia que experiências visuais reforçam a retenção de conteúdo e estimulam a pesquisa independente. Relatórios acadêmicos indicam que práticas de campo melhoram em até 30 % a compreensão de conceitos em disciplinas exatas, quando comparadas a abordagens exclusivamente teóricas.
Não se trata de um evento cotidiano. Halos solares exigem uma combinação precisa de temperatura, altitude das nuvens e posição do sol em relação ao observador. Embora comuns em regiões de clima frio, são mais raros em áreas tropicais, o que explica a surpresa no Acre. Meteorologistas locais registram em média dois a três halos por ano em todo o estado, número considerado baixo se comparado ao sul do Chile ou ao norte da Europa, onde a frequência pode superar dez ocorrências anuais.
Impactos para educação e cultura científica
Segundo dados oficiais do Ministério da Educação, 57 % dos institutos federais brasileiros mantêm projetos de extensão relacionados à astronomia amadora. O registro feito em Sena Madureira reforça essa tendência, pois demonstra como fenômenos espontâneos podem ser incorporados às atividades de ensino, pesquisa e divulgação científica. Especialistas avaliam que iniciativas desse tipo aumentam o interesse dos jovens por carreiras STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

Imagem: Ana Cláudia Campos
Além da motivação estudantil, o episódio pode servir de referência para programas de observação do tempo e do clima. Órgãos de meteorologia utilizam relatos de halos para inferir a presença de cirros densos, que muitas vezes precedem a chegada de frentes frias. Assim, ainda que o halo em si não indique mau tempo, seu aparecimento pode sinalizar mudanças atmosféricas nas horas seguintes.
Para o leitor, a principal lição é a possibilidade de usar eventos naturais como incentivo à curiosidade científica e à prática fotográfica. Com a popularização de câmeras de smartphones equipadas com sensores de alta resolução, qualquer pessoa pode registrar fenômenos como halos, arco-íris duplos ou nuvens iridescentes, contanto que adote precauções visuais adequadas.
Curiosidade
Halos não se limitam ao Sol. A Lua também pode exibir círculos luminosos em noites frias, refletindo a mesma interação entre cristais de gelo e luz. Esse “halo lunar” tende a apresentar tons prateados e, segundo folclore popular, pode indicar chuva nas 24 horas seguintes. Embora a crença não tenha embasamento científico rigoroso, estatísticas meteorológicas mostram que a presença de cirros altos costuma anteceder a formação de sistemas de baixa pressão, explicando parcialmente a fama do fenômeno.
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