Telescópio Gemini Norte identifica 11 elementos rochosos na atmosfera do exoplaneta WASP-76b

Ciência

Uma investigação internacional utilizou o Telescópio Gemini Norte, instalado no Havaí, para detectar 11 elementos químicos normalmente associados a rochas na atmosfera do exoplaneta WASP-76b. Localizado a 634 anos-luz da Terra, o gigante gasoso tem temperatura aproximada de 2 000 °C e completa uma volta em torno da estrela hospedeira em órbita 12 vezes mais próxima que a de Mercúrio em relação ao Sol.

Quais elementos foram identificados

O estudo encontrou sódio, potássio, lítio, níquel, manganês, cromo, magnésio, vanádio, bário, cálcio e ferro na atmosfera do planeta. Segundo os responsáveis pela pesquisa, as abundâncias se alinham tanto com as da estrela que o planeta orbita quanto com as registradas no nosso Sol. Esses dados reforçam a teoria de que gigantes gasosos se formam a partir da mesma mistura de gás e poeira que dá origem às estrelas, enquanto corpos rochosos, como a Terra, surgem por acreção de fragmentos sólidos.

Por que a descoberta chama atenção

Ao orbitar tão perto de sua estrela, WASP-76b recebe intensa radiação e apresenta um lado permanentemente voltado para a luz, atingindo temperaturas capazes de vaporizar minerais. Esse fenômeno faz com que elementos normalmente presos em rochas se tornem detectáveis como gás. De acordo com os pesquisadores, esse comportamento é raro em exoplanetas observados até o momento, o que torna o corpo celeste um laboratório natural para estudar a química de mundos extremos.

Entre as detecções, uma molécula em especial se destaca: o óxido de vanádio. Segundo especialistas, trata-se da primeira identificação confirmada dessa substância em um exoplaneta. O composto desempenha função análoga à do ozono na Terra, absorvendo parte da radiação estelar e influenciando a dinâmica térmica da atmosfera.

Técnica de observação e importância para a astrofísica

Os dados foram obtidos com espectroscopia de alta resolução. Esse método analisa o espectro de luz proveniente do planeta à medida que ele transita em frente à estrela, permitindo identificar assinaturas químicas específicas. “Cada elemento deixa um padrão distinto, comparável a uma impressão digital”, explicam os autores.

A descoberta consolida o papel de instrumentos terrestres de grande abertura, como o Gemini Norte, no estudo de exoplanetas. Relatórios indicam que telescópios da próxima geração, incluindo o Extremely Large Telescope (ELT) em construção no Chile, poderão aplicar técnicas semelhantes a corpos menores e potencialmente habitáveis.

O que muda para futuras pesquisas

Agora que um conjunto diversificado de elementos foi comprovado em WASP-76b, os astrônomos pretendem investigar como a circulação atmosférica distribui essas substâncias entre o lado diurno, ultrassuperaquecido, e o lado noturno, relativamente mais frio. Modelos climáticos sugerem que metais podem condensar e “chover” na face escura, o que ajudaria a explicar anomalias de densidade registradas em observações anteriores.

Além disso, a presença de óxido de vanádio oferece pista valiosa sobre mecanismos de absorção de calor em exoplanetas gigantes. Segundo especialistas, compreender essas interações é crucial para interpretar medições de temperatura realizadas por missões como James Webb e, futuramente, Roman Space Telescope.

Impacto para o leitor

Embora o exoplaneta esteja fora do alcance de missões tripuladas, a detecção de elementos rochosos em sua atmosfera aprofunda o entendimento sobre processos de formação planetária que também atuaram no Sistema Solar. Na prática, isso pode refinar a busca por mundos parecidos com a Terra, ajudar a prever condições atmosféricas em planetas longínquos e orientar o desenvolvimento de instrumentos mais sensíveis para a próxima década.

Se você acompanha a evolução dos telescópios terrestres, vale conferir como outras pesquisas têm ampliado nosso mapa de exoplanetas em regiões antes inacessíveis. No canal de Tecnologia da Remanso Notícias, há reportagens sobre avanços similares que podem interessar.

Curiosidade

Gigantes gasosos do Sistema Solar, como Júpiter e Saturno, possuem composição química comparável à de WASP-76b, mas a distância maior em relação ao Sol mantém suas atmosferas frias demais para que minerais se voltem gasosos. Se Júpiter estivesse tão próximo de nossa estrela quanto o exoplaneta está de sua hospedeira, elementos como ferro e cálcio também poderiam vaporizar e se tornar visíveis aos telescópios.

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