Uma pesquisa recém-publicada no Astrophysical Journal descreve um conceito de missão chamado Space Weather Investigation Frontier (SWIFT). O projeto prevê quatro sondas em formação piramidal entre a Terra e o Sol, capazes de acelerar em até 40% a emissão de avisos sobre fenômenos solares potencialmente perigosos, como os “tornados espaciais”. Os autores, ligados à Universidade de Michigan, afirmam que a iniciativa pode reforçar a proteção de satélites, redes elétricas e demais infraestruturas sensíveis a tempestades geomagnéticas.
Como funcionaria a constelação SWIFT
O esquema apresentado reúne três naves movidas por propulsão convencional e um quarto veículo equipado com uma vela solar de alumínio equivalente a um terço do tamanho de um campo de futebol. A vela seria empregada para manter a espaçonave fora do ponto de equilíbrio gravitacional L1, numa posição ainda mais próxima do Sol. De acordo com os cálculos, esse posicionamento ampliado viabiliza a detecção precoce de estruturas de plasma conhecidas como “flux ropes” — vórtices que podem desencadear tempestades geomagnéticas severas ao atingirem a magnetosfera terrestre.
Cada lado da formação piramidal teria cerca de 322 mil quilômetros, distância comparável ao trajeto médio entre a Terra e a Lua. Três sondas ocupariam os vértices da base, distribuídas em um plano virtual ao redor de L1. O quarto módulo atuaria como “hub” acima desse plano, sustentado apenas pela pressão da luz solar captada pela vela. Segundo os engenheiros, o arranjo permitiria acompanhar a evolução do vento solar em diferentes pontos e determinar, com maior precisão, a direção e a intensidade de eventos ejetados pela estrela.
Razões para adotar a vela solar
Manter uma nave além de L1 exige correções constantes de atitude. Combustível químico resolveria a questão, mas reduziria a vida útil da missão. A vela solar, por sua vez, utiliza o impulso de fótons para estabilizar a órbita sem gasto de propelente. Os autores citam o projeto Solar Cruiser, apoiado por NASA e NOAA para lançamento em 2029, como prova de conceito. Caso esse precursor confirme a eficiência da tecnologia, a equipe pretende adaptar o desenho para o SWIFT.
Por que rastrear “tornados espaciais”
Flux ropes medem entre 4.800 quilômetros e 9,5 milhões de quilômetros de extensão. Embora pequenos demais para serem detectados por estudos focados em ejeções de massa coronal (CME) completas, esses vórtices podem transportar campos magnéticos voltados para o sul, condição que facilita a transferência de energia para a magnetosfera terrestre. Segundo especialistas, a interação aumenta o risco de panes em satélites, falhas em sistemas de navegação e apagões em redes de distribuição de energia — como o ocorrido na província canadense de Quebec em março de 1989.
Atualmente, sondas de NASA e Agência Espacial Europeia monitoram o Sol a partir de L1. No entanto, se uma ejeção for lançada em direção diferente ou contiver campo magnético orientado ao norte, a nuvem de partículas pode derivar e produzir vórtices fora do alcance dos sensores instalados nesse ponto. A frota SWIFT teria capacidade de registrar esse material desviado e preencher o hiato de observação, tornando as previsões mais completas.
Etapas e desafios para viabilizar a missão
O estudo não apresenta cronograma ou orçamento, porque ainda não existe financiamento para construção e lançamento das sondas. Contudo, o artigo serve de referência técnica e reforça a relevância do tema em um período de maior atividade solar. Segundo dados oficiais, o Sol aproxima-se do pico de seu ciclo de 11 anos, aumentando a frequência de labaredas e ejeções. Relatórios indicam que antecipar alertas em 40% daria mais tempo para desligar componentes sensíveis e reconfigurar satélites a fim de mitigar danos.
Impacto para o setor e para o dia a dia
Para o mercado de telecomunicações, aviação e infraestruturas críticas, cada minuto adicional antes de uma tempestade geomagnética pode significar economia de milhões de dólares em reparos. Empresas que operam constelações de satélites de baixa órbita avaliariam incorporar dados da SWIFT em seus centros de controle. Do ponto de vista do usuário final, sistemas de navegação, redes móveis e fornecimento de energia tendem a ficar mais resilientes, reduzindo interrupções que afetam consumo, transporte e serviços de emergência.

Imagem: Elizabeth Howell published
Este avanço também pode influenciar políticas de segurança energética. Países que investem em redes elétricas mais inteligentes poderiam integrar previsões aprimoradas para isolar seções vulneráveis com antecedência, minimizando o impacto de correntes induzidas por tempestades solares.
Curiosidade
Embora a ideia de velejar no espaço pareça futurista, o conceito existe desde a década de 1970. A pressão da luz solar, que sustenta a proposta do SWIFT, é suficiente para levar uma vela de poucos micrômetros de espessura a velocidades superiores às de sondas convencionais em longas distâncias. A mesma técnica é estudada em projetos de sondas interestelares, que poderiam um dia viajar até sistemas vizinhos sem depender de toneladas de combustível.
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