A Momentus, companhia norte-americana especializada em veículos de transferência orbital, firmou dois contratos com a NASA avaliados em US$ 7,6 milhões para levar experimentos de fabricação em microgravidade e propulsão avançada ao espaço. Os acordos foram anunciados em 9 de outubro, durante evento em Auckland, Nova Zelândia, e preveem o transporte das cargas a bordo de uma futura missão da plataforma Vigoride.
Do crescimento de cristais ao motor de detonação giratória
O primeiro contrato, de US$ 5,1 milhões, foi concedido pelo programa Flight Opportunities da agência espacial e cobrirá o voo da demonstração Commercial Orbital System for Microgravity In-Space Crystallization (COSMIC). O objetivo é produzir cristais semicondutores em microgravidade, condição que reduz imperfeições estruturais e pode resultar em componentes eletrônicos de maior desempenho. Concluída a síntese, um minicapsula de reentrada será liberada para trazer o material processado de volta à Terra.
Desenvolvido pela startup Astral Materials em parceria com a SpaceWorks Engineering, o experimento foi um dos vencedores do desafio Space Technology Payload, promovido pela iniciativa TechLeap Prize da NASA. Segundo a agência, a seleção prioriza propostas com potencial de impacto industrial e aplicação em missões de longa duração.
O segundo contrato, estimado em US$ 2,5 milhões, financiará o teste de um motor de detonação giratória da Juno Propulsion. Esse tipo de propulsor promete eficiência superior aos motores químicos convencionais ao gerar ondas de combustão contínuas em rotação, o que aumenta o impulso específico. A versão que voará no Vigoride utilizará nitrous oxide e etano como propelentes, combinação otimizada para operação no vácuo.
Lançamento previsto para 2026
A Momentus planeja embarcar as duas cargas na mesma espaçonave Vigoride, com lançamento não antes de outubro de 2026. O veículo atuará como plataforma de hospedagem e como rebocador orbital, levando os experimentos a órbitas adequadas para cada demonstração antes de iniciar as manobras de retorno do material cristalizado.
Antes disso, a empresa tem outro voo programado para fevereiro de 2025 em um lançamento compartilhado (rideshare) da SpaceX. A principal carga dessa missão será o projeto NOM4D (Novel Orbital and Moon Manufacturing, Materials, and Mass-efficient Design), iniciativa da DARPA que avalia técnicas de montagem em órbita.
Busca por novos modelos de negócio
A Momentus integra o grupo de empresas que desenvolvem veículos de transferência orbital (OTVs, na sigla em inglês), projetados para posicionar satélites em órbitas específicas após a separação do foguete principal. Embora analistas previssem forte demanda por esse serviço, o mercado evoluiu mais lentamente que o esperado. Segundo o diretor-executivo John Rood, muitos fabricantes de pequenos satélites optaram por lançar constelações inteiras em um único foguete, reduzindo a procura imediata por “última milha” orbital.
Diante desse cenário, a companhia decidiu priorizar cargas hospedadas e missões de demonstração tecnológica para órgãos governamentais. Além dos contratos recém-assinados, a Momentus já possui acordos com a DARPA e com a SpaceWERX, braço de inovação da Força Espacial dos Estados Unidos. “Estamos satisfeitos em participar de programas que se situam na vanguarda da tecnologia espacial”, declarou Rood em comunicado corporativo.
Recuperação financeira e próximos passos
No início de 2024, a Momentus adiou voos futuros citando limitações de caixa. Desde então, recebeu novo aporte de investidores e retomou o cronograma de lançamentos. Segundo relatórios oficiais, a empresa trabalha para consolidar um portfólio de missões regulares que combine transporte orbital, hospedagem de cargas e serviços de reentrada.

Imagem: Momentus
Especialistas do setor avaliam que o interesse da NASA em projetos como COSMIC e no motor de detonação giratória reforça a tendência de testar tecnologias específicas no ambiente espacial antes de validá-las em larga escala. Caso as demonstrações confirmem ganhos de eficiência, os resultados podem impulsionar avanços na produção de semicondutores e em sistemas de propulsão para satélites de pequena e média massa.
Impacto para o leitor: a evolução dos OTVs pode reduzir custos de acesso a órbitas especializadas, ampliando oportunidades para startups, universidades e países emergentes. Para o usuário final, isso pode significar serviços de comunicação mais rápidos, monitoramento ambiental em tempo quase real e aplicações industriais inéditas.
Curiosidade
Apesar de parecer um conceito recente, motores de detonação giratória foram propostos na década de 1950, mas faltavam materiais capazes de suportar as altas pressões envolvidas. Somente com a chegada de ligas metálicas avançadas e simulações computacionais sofisticadas o design tornou-se viável, abrindo caminho para testes como o da Juno Propulsion a bordo do Vigoride.
Para quem deseja acompanhar outras iniciativas de transporte orbital, vale conferir a cobertura completa em nossa seção de Tecnologia, que reúne análises sobre lançamentos, satélites e exploração espacial em andamento.
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