“O Último Episódio”, novo longa de Maurilio Martins, estreia com uma trilha sonora concebida para transportar o público aos fins dos anos 1980 e início dos 1990. Responsáveis pela composição, os músicos John Ulhoa e Richard Neves, da banda mineira Pato Fu, explicam que a missão era fazer o espectador questionar se as canções pertenciam realmente à época ou se eram criações originais para o filme.
Como o projeto chegou aos músicos
O convite partiu do produtor Gabriel Martins, que mantém amizade de longa data com Richard Neves. Ambos se conheceram em festivais de música e cinema em Tiradentes (MG). Ao iniciar a produção do novo filme, Gabriel sugeriu que Richard e John assumissem a trilha. O diretor Maurilio Martins aprovou imediatamente a escolha.
Na primeira reunião, o diretor descreveu o tom desejado: “nostalgia dos anos 80, mas sem parecer réplica”. A partir daí, a dupla decidiu criar faixas que soassem como gravações antigas de bandas pouco conhecidas, mesclando timbres típicos de sintetizadores analógicos, baterias eletrônicas e chiados de fita cassete. De acordo com os músicos, o resultado enganou até o próprio diretor em alguns momentos.
Metodologia de recriação sonora
Para alcançar autenticidade, Ulhoa e Neves recorreram a equipamentos vintage e a plugins que emulam gravações em fita. Segundo relatórios técnicos do estúdio, foram usadas máquinas de rolo, samplers de 12 bits e compressores clássicos. A estratégia buscava reproduzir as limitações que marcaram a estética da época, quando erros de gravação acabavam se transformando em identidade sonora.
Além dos recursos tecnológicos, a dupla se valeu da experiência acumulada no Pato Fu, conhecido por experimentações desde os anos 1990. John Ulhoa afirma que a banda se tornou “uma escola de produção”, permitindo que hoje ele e Richard consigam simular quase qualquer timbre desejado. “Se o pedido é um baterista de 1987, sabemos como ele tocaria e qual microfone seria usado”, resume.
Duas vertentes na mesma trilha
O trabalho final foi dividido em dois eixos. O primeiro utiliza timbres caricatos dos anos 80, com certa dose de humor, ideal para cenas de festa ou referências a videogames de 8 bits. O segundo adota tratamento mais sóbrio e emotivo, presente em canções interpretadas por Fernanda Takai e pelo próprio John Ulhoa. Nesses momentos, a dupla optou por arranjos elegantes, mantendo o caráter nostálgico sem cair na paródia.
Uma faixa chama atenção pela mistura incomum de ritmos: um “samba sobre base de reggae”, criado para ambientar uma partida de futebol no bairro onde se passa a história. Richard Neves explica que a ideia era retratar a diversidade musical das comunidades mineiras no início dos anos 90, combinando elementos familiares ao público com sonoridades inesperadas.
Integração entre imagem e áudio
Durante a pós-produção, os compositores acompanharam cortes preliminares praticamente sem som ambiente. Esse método permite ajustar a música ao ritmo da edição, alterando viradas de bateria ou acordes para coincidir com mudanças de cena. Segundo profissionais de mixagem envolvidos, a versão definitiva foi finalizada em 5.1 e, depois, convertida para estéreo a fim de preservar detalhes em salas de exibição menores.
A cena considerada mais representativa pelo duo envolve a faixa Inside. Nela, a música cresce gradualmente enquanto a mãe do protagonista ouve uma mensagem do filho, culminando em uma virada de bateria sincronizada com um corte dramático. Para especialistas em trilha, esse tipo de sincronismo reforça emoção e ajuda o espectador a conectar som e narrativa.

Imagem: Internet
Impacto no mercado audiovisual
O uso de trilhas que resgatam sonoridades retro ganhou força na última década, impulsionado por séries como “Stranger Things” e pela popularização de sintetizadores analógicos reeditados. Produtores consultados apontam que esse movimento atende a um público que valoriza memória afetiva, ao mesmo tempo em que oferece identidade única a obras independentes.
No Brasil, “O Último Episódio” se junta a produções como “Marte Um”, também da Filmes de Plástico, que investem na colaboração com músicos locais para diferenciar a estética sonora. Analistas de mercado observam que parcerias desse tipo podem ampliar a visibilidade da cena musical regional, abrir novas fontes de receita e fortalecer a cadeia criativa entre cinema e música.
Para o espectador, a principal mudança é a imersão: trilhas convincentes transportam quem assiste para um período específico sem precisar de explicações visuais excessivas. Em telas de streaming ou salas de cinema, a familiaridade auditiva acelera a conexão emocional com os personagens.
Curiosidade
Na fase de experimentação, John Ulhoa recorreu a um gravador portátil de fita cassete de sua adolescência para capturar ruídos de fundo usados em transições do filme. O aparelho, fabricado em 1983, estava guardado há décadas. Após limpeza e troca de correias, voltou a funcionar e emprestou ao longa aquele chiado característico que muitos associam a fitas mixtape da época.
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