Starlab mostra estação espacial em tamanho real e reforça alianças globais

Tecnologia

Sydney, Austrália – A Starlab Space revelou, durante o Congresso Astronáutico Internacional (IAC), uma maquete em escala real da futura estação espacial comercial que pretende colocar em órbita na segunda metade da década. O modelo, exposto no estande da Voyager Space, permitiu ao público visualizar dimensões, módulos de pesquisa e sistemas de suporte à vida que devem substituir parte das funcionalidades hoje oferecidas pela Estação Espacial Internacional (ISS).

Estrutura interna prevê três níveis de operação

Com diâmetro de 7,8 metros, o volume principal da estação foi dividido em três pavimentos de 2,2 metros de altura cada. O primeiro nível acomodará os sistemas de suporte à vida, banheiro e equipamentos de exercício físico. O andar intermediário foi projetado para receber cerca de 130 “middeck lockers”, gavetas padronizadas usadas para experimentos científicos e demonstrações tecnológicas. O último piso abrigará os dormitórios, equipados com duas janelas voltadas para a Terra e duas para o horizonte, bem como uma cozinha desenvolvida pela Leidos.

Segundo Courtenay McMillan, responsável pelo segmento de missões da Starlab Space, a estratégia comercial adota um modelo de “real estate”. “Já existem clientes reservando espaço nos lockers para manter experimentos durante períodos específicos”, explicou a executiva. Além dos compartimentos alugáveis, a plataforma oferecerá microscópios, centrífugas, armazenamento refrigerado e outros laboratórios compartilhados.

Consórcio internacional amplia rede de parceiros

A Voyager Space lidera o projeto em conjunto com Airbus, Mitsubishi Corporation, MDA Space, Palantir Technologies e, mais recentemente, a belga Space Applications Services. Esta última, especializada em integração de cargas úteis, foi anunciada como investidora e parceira poucos dias antes da abertura do evento em Sydney. “A entrada da SpaceApps amplia o acesso da Starlab a mercados e comunidades de pesquisa da Europa”, destacou a Voyager em comunicado oficial.

Outro reforço veio no dia 3 de outubro: a australiana-estadunidense Saber Astronautics passou a atuar como canal de vendas e prestadora de serviços técnicos, incluindo avaliações de viabilidade, integração de hardware e suporte às operações em órbita.

No campo industrial, a empresa norte-americana Vivace Corporation foi escolhida para fabricar a estrutura primária de alumínio da estação. A produção ocorrerá em Nova Orleans, com atividades adicionais de desenvolvimento e testes nas instalações da NASA em Michoud, no estado da Louisiana. O CEO da Starlab, Marshall Smith, classificou o acordo como “marco essencial” para transformar o conceito em realidade e “perpetuar o legado da ISS”.

Robótica canadense e janelas panorâmicas chamam atenção

Quem visitou o pavilhão pôde ver de perto o braço robótico externo fornecido pela MDA Space, responsável por operações de manutenção e acoplamento de cargas. Grandes janelas panorâmicas, outro ponto alto da maquete, revelam a aposta na observação da Terra como diferencial para missões científicas e turísticas.

Durante o dia reservado ao público, centenas de crianças acompanhadas pelos pais passaram pelo local e tiraram fotos ao lado da estrutura. Matt Magaña, presidente de espaço, defesa e segurança nacional da Voyager Technologies, afirmou que “o tamanho total e a capacidade da estação impressionaram os visitantes”, sinalizando interesse tanto da comunidade acadêmica quanto de potenciais turistas espaciais.

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Imagem: Starlab

Próximos passos e impacto para o mercado de órbita baixa

O cronograma detalhado de lançamento ainda não foi divulgado, mas especialistas do setor apontam que iniciativas como a Starlab são fundamentais para garantir continuidade de pesquisa em microgravidade numa fase pós-ISS. Relatórios oficiais mostram que a NASA, a Agência Espacial Europeia (ESA) e outras entidades avaliam opções comerciais para manter experimentos científicos e convênios educacionais quando a atual estação for desativada.

A proliferação de plataformas privadas pode gerar novos modelos de negócios, desde hospedagem de universidades até serviços de manufatura em microgravidade. Para pesquisadores, a diversificação de provedores tende a reduzir custos e ampliar janelas de acesso ao espaço. Já para empresas, o ambiente orbital abre oportunidades em setores como biotecnologia, materiais avançados e turismo.

Ao apresentar um protótipo realista e envolver parceiros de diferentes continentes, a Starlab sinaliza maturidade crescente do mercado de estações comerciais. Caso o projeto avance como planejado, usuários brasileiros poderão, no futuro, reservar espaço para experimentos de universidades ou startups nacionais, trazendo benefícios diretos à inovação e à economia do país.

Se você acompanha as transformações da economia espacial, vale conferir outras iniciativas que também buscam ocupar o espaço deixado pela ISS. Acesse a seção de tecnologia em Remanso Notícias para acompanhar novidades, análises e entrevistas exclusivas.

Curiosidade

Embora ainda esteja no chão, a maquete da Starlab já inclui janelas do mesmo tamanho previsto para a estação em órbita. De acordo com engenheiros, cada vidro foi pensado para suportar variações extremas de temperatura e impactos de micrometeoritos, inspirando-se em soluções usadas no famoso “cupola” da ISS. Essa preocupação reforça a tendência de incorporar áreas de observação amplas, não apenas para pesquisa, mas também para melhorar a experiência de astronautas e futuros visitantes.

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