Cometa interestelar 3I/ATLAS exibe polarização inédita e intriga astrônomos

Tecnologia

O cometa 3I/ATLAS, terceiro objeto identificado como visitante interestelar em passagem pelo Sistema Solar, apresentou um padrão de polarização da luz jamais visto em cometas conhecidos. Observações divulgadas em um artigo no repositório científico arXiv, ainda em processo de revisão por pares, indicam que o fenômeno foge das duas categorias tradicionais de polarização — alta e baixa —, sugerindo a existência de um novo comportamento nessa classe de corpos celestes.

Dados iniciais confirmam singularidade do visitante

Detectado em 1º de julho, o 3I/ATLAS atravessa o Sistema Solar com velocidade quase duas vezes superior à dos antecessores Oumuamua e Borisov. No dia seguinte à descoberta, análises orbitais confirmaram sua origem fora da vizinhança solar. Estimativas apontam para um núcleo rochoso de 5,6 km de diâmetro e massa superior a 33 bilhões de toneladas, envolto por uma coma esverdeada rica em poeira.

As características físicas foram registradas por telescópios terrestres e pelo Very Large Telescope (VLT), do Observatório Europeu do Sul (ESO). De acordo com os pesquisadores, o objeto liberou gases ao se aproximar do Sol, comportamento típico em cometas. Entretanto, após possível interação com partículas de uma ejeção de massa coronal — ainda não confirmada —, o corpo saiu do alcance dos instrumentos ópticos e só deve voltar a ser observado no fim do ano.

Polarimetria revela padrão nunca catalogado

Para investigar detalhes da coma, os pesquisadores aplicaram a técnica de polarimetria, que estuda como a luz solar espalhada por partículas se organiza em direções específicas. Segundo o estudo, o 3I/ATLAS apresenta um ramo de polarização negativa extremamente profundo e estreito. Em termos práticos, isso significa que o alinhamento das ondas luminosas refletidas pela poeira do cometa não corresponde aos modelos já descritos para objetos do Sistema Solar ou para os dois visitantes anteriores.

Especialistas consultados no artigo afirmam que o padrão pode aproximar o 3I/ATLAS de corpos transnetunianos ou de centauros, que compartilham cores, inclinação espectral e indícios de gelo de água. Esses grupos residem em regiões distantes do Sol, o que poderia explicar a composição e a dinâmica incomuns observadas. Contudo, faltam dados em ângulos específicos para confirmar se o cometa inaugura uma nova categoria ou apenas representa um extremo de fenômenos já conhecidos.

Comparações com Oumuamua e Borisov

Oumuamua, descoberto em 2017, foi classificado inicialmente como asteroide e segue sem sinais claros de atividade cometária. Já Borisov, identificado em 2019, exibiu características compatíveis com cometas tradicionais, como liberação de gases e formação de coma. A diferença agora está no comportamento polarimétrico do 3I/ATLAS, que não se encaixa em nenhuma das classes a que pertencem seus predecessores.

Diversidade também aparece no tamanho. O núcleo do 3I/ATLAS é maior que o de Oumuamua e Borisov, aumentando o interesse científico, pois grãos de poeira maiores podem alterar as assinaturas de luz. Segundo relatórios preliminares, a magnitude absoluta do objeto sugere elevada quantidade de material volátil, reforçando a hipótese de que ele se formou em ambiente rico em gelo.

Próximos passos da comunidade astronômica

Os autores do estudo planejam coletar novos dados quando o cometa voltar a ser visível. Telescópios de grande abertura poderão obter medições polarimétricas em diferentes ângulos de fase, esclarecendo se a polarização incomum persiste em todo o percurso. Instrumentos espaciais, caso direcionados, também podem medir a composição de gases expelidos, ampliando o entendimento sobre a origem do objeto.

Segundo astrônomos envolvidos, um cenário possível é que o 3I/ATLAS tenha passado por processos de colisão ou aquecimento em seu sistema original, alterando a textura da superfície e o tamanho dos grãos de poeira. Outra hipótese sugere um estágio evolucionário distinto, no qual compostos orgânicos ou sais modificam a forma como a luz é refletida. Ambos os casos ajudariam a explicar o ramo de polarização negativa tão pronunciado.

Impacto potencial para a pesquisa espacial

Na prática, a detecção de um padrão óptico inédito pode redefinir modelos sobre grãos de poeira que se formam em regiões externas de sistemas planetários. Se confirmada uma nova categoria de cometas, missões futuras, como sondas de amostragem ou telescópios dedicados, poderão revisar parâmetros de detecção e interpretação de dados ópticos. Para o público, a descoberta amplia o entendimento de que objetos interestelares são mais diversos do que se imaginava, influenciando desde a astrobiologia até o planejamento de defesas contra corpos potencialmente perigosos.

Curiosidade

Embora o 3I/ATLAS esteja fora do alcance dos telescópios no momento, simulações de sua trajetória indicam que ele permanecerá visível apenas uma vez a cada 10 milhões de anos na região interna do Sistema Solar. Essa rara oportunidade de estudo faz do objeto um “laboratório natural” para testar teorias sobre formação de poeira e gelo em ambientes interestelares.

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