Tornados no Brasil: veja onde ocorrem e por que o país está na rota dos fenômenos extremos

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Os tornados figuram entre os eventos meteorológicos mais violentos do planeta. Embora associados principalmente aos Estados Unidos, o Brasil também registra episódios recorrentes, com impactos humanos e materiais significativos. Segundo levantamentos acadêmicos, entre 1990 e 2010 foram identificados mais de 200 casos no território nacional, concentrados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. A seguir, entenda como esses redemoinhos ganham força, onde costumam aparecer e quais foram os eventos mais marcantes já catalogados.

O que caracteriza um tornado e como ele se forma

Um tornado é definido como uma coluna de ar em rápida rotação que se estende da base de uma nuvem cumulonimbus até o solo. Grande parte dos funis apresenta ventos de 65 km/h a 180 km/h e diâmetro médio de 75 m, mas extremos podem superar 480 km/h e 1,5 km de largura.

O processo de formação começa em tempestades intensas, especialmente as chamadas supercélulas. Nelas, correntes de ar quente e úmido colidem com massas frias e secas, gerando forte instabilidade. Quando a velocidade e a direção do vento variam em altitudes diferentes, cria-se um tubo de ar horizontal em rotação. A corrente ascendente da nuvem inclina esse tubo para a vertical, originando o mesociclone. Se o funil resultante alcança o solo, o tornado está formado.

Apenas uma parte das supercélulas produz tornados, mas, quando isso ocorre, o efeito costuma ser devastador em áreas planas e densamente povoadas.

Variedades de fenômenos relacionados

Embora o tornado clássico seja o mais conhecido, há variações:

  • Landspouts – funis mais fracos, formados sem supercélulas.
  • Trombas d’água – surgem sobre superfícies aquáticas e podem se dissipar ao tocar terra.
  • Tornados de múltiplos vórtices – apresentam vários funis girando em torno de um mesmo centro.
  • Redemoinhos de poeira – ocorrem em regiões áridas e têm curta duração.
  • Redemoinhos de fogo – aparecem em incêndios florestais quando correntes de ar giratórias capturam chamas.

Por que o Brasil faz parte do corredor dos tornados

O país integra o chamado corredor sul-americano, que abrange ainda Paraguai, Uruguai, norte da Argentina, sul da Bolívia e parte do Chile. Três fatores explicam essa recorrência:

  1. Relevo relativamente plano em extensas áreas, facilitando o deslocamento de correntes de ar.
  2. Encontro de massas frias dos Andes com o ar quente e úmido proveniente da Amazônia, criando forte contraste térmico.
  3. Influência de grandes rios e corpos d’água, que fornecem umidade adicional à atmosfera.

De acordo com estudo da Unicamp, municípios do interior paulista, do norte gaúcho e do oeste catarinense exibem probabilidade elevada de registrar ao menos um evento por ano.

Episódios de destaque nas últimas décadas

A cronologia abaixo reúne alguns dos casos mais severos, classificados pela Escala Fujita (F0 a F5):

  • Canoinhas (SC), 1948 – F3: 23 mortes e forte destruição.
  • Itu (SP), 1991 – F4: 16 mortos, 200 feridos e 450 mil pessoas sem energia.
  • Almirante Tamandaré (PR), 1992 – F3: 6 vítimas fatais e quase 500 casas destruídas.
  • Indaiatuba (SP), 2005 – multivórtice: prejuízo de R$ 100 milhões.
  • Xanxerê (SC), 2015 – F2/F3: 3 mortos e 30 % da cidade devastada.

Esses episódios ilustram como a combinação de geografia e condições atmosféricas torna partes do país vulneráveis a ventos extremos.

Diferenças entre tornados e furacões

Apesar de frequentemente confundidos, relatórios meteorológicos indicam que os dois fenômenos têm escalas distintas. Furacões são sistemas tropicais de centenas de quilômetros, com duração de dias e origem no oceano, dissipando-se ao tocar terra. Já os tornados têm alcance menor, vida média de 20 minutos, mas abrigam ventos muito mais concentrados, responsáveis por danos localizados porém intensos.

Medidas de prevenção e monitoramento

Órgãos estaduais de Defesa Civil e o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitem alertas quando há risco elevado. Segundo especialistas, a instalação de radares meteorológicos adicionais e o uso de modelos numéricos de alta resolução são fundamentais para aprimorar a detecção precoce. Além disso, campanhas de conscientização orientam a população a buscar abrigo em estruturas resistentes, longe de janelas, quando sirenes ou comunicados oficiais soarem.

Impacto para o leitor

Para quem vive em regiões suscetíveis, acompanhar boletins meteorológicos e manter um kit de emergência pode reduzir riscos. No mercado segurador, a tendência é de aumento de apólices específicas para eventos climáticos extremos, refletindo a preocupação crescente de residências e empresas com perdas de alto valor.

Curiosidade

O filme “Twister”, lançado em 1996, popularizou a caça a tornados nos Estados Unidos, mas pouca gente sabe que parte da consultoria científica da produção foi realizada por meteorologistas que já haviam analisado o evento de Itupeva, em São Paulo. A semelhança dos padrões de circulação atmosférica surpreendeu os pesquisadores e reforçou a ideia de que, embora raros, os tornados brasileiros compartilham características com os do chamado Tornado Alley norte-americano.

Se você se interessa por fenômenos climáticos e quer saber como a tecnologia vem aprimorando a previsão de eventos extremos, vale a pena conferir a cobertura especial em nossa seção de Tecnologia.

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