O executivo-chefe da Warner Bros. Discovery, David Zaslav, afirmou que assistir televisão por streaming “é uma experiência terrível” para o consumidor. A declaração foi feita durante a conferência Goldman Sachs Communacopia + Technology, em Nova York, e apontou o excesso de plataformas como principal causa da insatisfação do público.
Crítica ao excesso de plataformas e à confusão do usuário
Zaslav argumentou que o mercado de streaming se fragmentou em um número elevado de serviços, dificultando a localização de conteúdos. Segundo o executivo, o consumidor precisa “procurar no Google onde está cada série” e ainda passar de um aplicativo para outro, o que tornaria o uso pouco intuitivo. O comentário menciona diretamente o cenário atual, no qual Netflix, Disney+, Prime Video, Paramount+, Peacock, Apple TV+ e o próprio HBO Max competem por audiência ao lado de serviços de nicho como Shudder e MUBI.
Relatórios de consultorias de mídia apontam que, nos Estados Unidos, o assinante médio possui entre quatro e cinco serviços pagos, número que cresce anualmente. Essa multiplicação de ofertas cria sobreposição de catálogos e encarece o acesso a conteúdos populares, indo na direção oposta da promessa inicial de que o streaming seria mais econômico que a TV por assinatura tradicional.
Preços devem subir com aposta em conteúdo “premium”
Apesar de reconhecer a experiência ruim para o usuário, Zaslav indicou que o valor das assinaturas do HBO Max está aquém do que a empresa considera adequado. “Achamos que estamos subvalorizados e vamos aumentar o preço”, disse o executivo, ao justificar que o catálogo da companhia inclui produções de cinema, séries e esportes com alto padrão técnico.
A perspectiva de reajuste não é isolada. Dados oficiais mostram que Netflix, Disney+ e outras plataformas já aplicaram aumentos sucessivos nos últimos dois anos. Especialistas do setor avaliam que a combinação de custos crescentes de produção, intensificação da concorrência e pressão de investidores por rentabilidade sustenta a tendência de elevação de preços no curto prazo.
Consolidação no horizonte
Durante a conferência, Zaslav admitiu que a consolidação entre empresas de mídia pode simplificar a vida do assinante, embora não tenha confirmado negociações em curso. Nos bastidores, circulam relatos de que a Warner Bros. Discovery poderia ser alvo de fusão ou venda, com a Paramount Global aparecendo entre as possibilidades. A Disney, por sua vez, anunciou planos de integrar o Hulu ao Disney+ em 2024, enquanto outras companhias testam pacotes conjuntos para reduzir cancelamentos.
Analistas recordam que operações de fusão exigem aprovações regulatórias e podem levar meses ou anos para gerar impacto direto no catálogo disponível para o usuário final. Ainda assim, a concentração tende a reduzir o número de aplicativos, embora possa resultar em mensalidades mais altas devido ao reforço de catálogo em um único serviço.
Impacto para o consumidor e cenário futuro
Para o público, a principal consequência imediata é o aumento da conta mensal se a tendência de reajustes se confirmar. Especialistas em comportamento digital alertam que parte dos usuários pode recorrer à rotatividade de assinaturas — contratar um serviço por um mês para ver um lançamento específico e depois cancelar — ou mesmo retornar à pirataria, prática que cresce quando o custo de acesso legal ultrapassa determinados patamares.

Imagem: Internet
Segundo dados da plataforma de pesquisas Antenna, a rotatividade (churn) nos Estados Unidos chegou a 6% ao mês em 2023, sinalizando um mercado volátil. Se o caminho da consolidação for adotado, a experiência de navegação poderá melhorar, mas o consumidor deve ficar atento aos novos pacotes e condições de pagamento.
No Brasil, o movimento tende a seguir a mesma lógica global. Serviços como Globoplay, Star+, Telecine e canais esportivos via streaming disputam espaço em um orçamento doméstico já pressionado por outros custos de conectividade. Para o assinante, entender como escolher e combinar plataformas continuará sendo fundamental para evitar gastos excessivos.
Para quem acompanha o mercado de entretenimento, a fala de Zaslav reforça a percepção de que o modelo de negócios do streaming entrou em fase de ajustes. A busca por rentabilidade coloca pressão tanto em empresas quanto em consumidores, abrindo espaço para bundles e para a oferta de planos com publicidade, estratégia que já começa a ser testada por grandes players.
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Curiosidade
O primeiro serviço de streaming de vídeo por assinatura foi o precursor do atual Netflix: em 2007, a empresa deu início ao modelo digital com um catálogo de pouco mais de mil títulos, número que hoje ultrapassa 6 000 só nos Estados Unidos. O salto evidencia como a expansão rápida do formato, celebrada inicialmente pela conveniência, acabou gerando o ambiente fragmentado que CEOs como David Zaslav agora classificam como um desafio para toda a indústria.
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