A minissérie brasileira Pssica alcançou o primeiro lugar no ranking da Netflix Brasil poucas horas após a estreia em 20 de agosto de 2025, ultrapassando títulos consolidados como “Wandinha”. A produção de quatro episódios foi criada por Bráulio Mantovani, Fernando Garrido e Stephanie Degreas, com direção de Quico Meirelles e participação especial de Fernando Meirelles.
Enredo expõe tráfico humano e vingança na região Norte
A narrativa se apoia no romance homônimo de Edyr Augusto e acompanha três personagens que cruzam destinos em um cenário de criminalidade nos rios amazônicos. Janalice, adolescente vítima de vazamento de vídeo íntimo, é sequestrada por uma rede de tráfico humano no Pará. Preá, líder de uma gangue de “ratos d’água”, controla rotas fluviais e lida com dilemas morais dentro do crime organizado. Já Mariangel, colombiana com passado traumático, busca vingança contra os responsáveis pelo assassinato de sua família.
Filmada majoritariamente em Belém, a série reforça a atmosfera da chamada Amazônia Atlântica, destacando rituais religiosos locais, lendas regionais e a ideia de “pssica”, maldição que persegue os protagonistas. Segundo a equipe de produção, a abordagem visa retratar o Norte brasileiro de forma crua, distante das paisagens turísticas tradicionalmente exibidas em produções internacionais.
Elenco e produção reúnem nomes indicados ao Oscar
À frente do roteiro está Bráulio Mantovani, indicado ao Oscar por “Cidade de Deus”. A produção executiva é de Andrea Barata Ribeiro e Fernando Meirelles, via O2 Filmes, companhia responsável por obras como “Ensaio Sobre a Cegueira”. Cristina Abi assina a coprodução. O resultado, de acordo com críticos ouvidos por veículos nacionais, reflete a combinação de experiência cinematográfica e compromisso com um retrato social sem concessões.
As gravações tiveram início em julho de 2024 e envolveram equipes locais para garantir autenticidade na cenografia e no uso de dialetos regionais. A trilha sonora privilegia ritmos amazônicos contemporâneos, reforçando a tensão em cenas de perseguição pelos rios e comunidades ribeirinhas.
Recepção imediata e comparação com séries internacionais
Relatórios internos da plataforma indicam que Pssica chegou ao Top 10 Brasil em menos de 24 horas, índice considerado raro para produções de minisséries nacionais. Segundo especialistas em streaming, tal desempenho costuma ser reservado a títulos com alto investimento em marketing global, como “Round 6” ou “La Casa de Papel”.
Críticos destacam o “realismo brutal” ao tratar temas como tráfico de pessoas, exploração sexual e violência de gênero, sem recorrer a romantizações. Pontos como direção de arte, montagem ágil e fotografia com tons terrosos também foram elogiados em publicações especializadas.
Impactos para o audiovisual brasileiro
A conquista de audiência pode impulsionar novas parcerias entre produtoras nacionais e plataformas globais. De acordo com dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine), produções brasileiras em serviços de streaming cresceram 36 % entre 2022 e 2024, tendência que tende a se intensificar com o sucesso de Pssica. Executivos do setor apontam que histórias ambientadas fora do eixo Rio–São Paulo ganham visibilidade e reforçam a diversidade cultural no catálogo internacional.

Imagem: Fran Dias
Para a região amazônica, iniciativas como esta trazem oportunidades de emprego e fomento a estruturas de filmagem locais. Autoridades paraenses ressaltam que o turismo cinematográfico pode se ampliar, mas lembram que o retrato de problemas sociais exige continuidade de políticas públicas voltadas ao combate à violência e ao tráfico humano.
Final violento gera debate sobre continuação
Sem revelar detalhes do desfecho, o quarto episódio reúne os três protagonistas em um leilão clandestino na Guiana Francesa. A sequência culmina em confronto sangrento que, segundo análises de portais de entretenimento, deixa margem para possível segunda temporada. A Netflix, porém, não confirmou renovação até o momento.
O que muda para o espectador? Além de oferecer uma experiência de maratona rápida, a minissérie chama atenção para realidades pouco abordadas na ficção e pode estimular discussões sobre segurança digital, tráfico de pessoas e políticas de proteção à juventude. Para quem acompanha produções nacionais, o resultado demonstra que roteiros regionais, quando bem executados, têm potencial de competir em igualdade de condições com grandes lançamentos estrangeiros.
Curiosidade
O termo “pssica”, central na trama, é usado em comunidades ribeirinhas para designar um espírito de má sorte que assombra quem comete injustiças. Segundo estudiosos da cultura amazônica, a lenda teria origem em adaptações indígenas e crenças trazidas por missionários no século XVIII, reforçando o sincretismo presente na região e conferindo à série um simbolismo próprio.
Para mais informações e atualizações sobre tecnologia e ciência, consulte também:
Quer continuar por dentro do universo do entretenimento? Veja também outras novidades em nossa seção de Entretenimento e descubra as últimas análises de filmes, séries e lançamentos.
Quando você efetua suas compras por meio dos links disponíveis aqui no RN Tecnologia, podemos receber uma comissão de afiliado, sem que isso acarrete nenhum custo adicional para você!