Startups de educação ganham força: Brasil lidera 47% das edtechs na América Latina

Tecnologia

O ecossistema de tecnologia educacional na América Latina avançou de forma consistente nos últimos anos, e o Brasil aparece na dianteira desse movimento. Segundo o EdTech Report 2025, o país concentra 47 % de todas as startups de educação da região, posição sustentada pelo volume de capital investido, diversidade de soluções e adoção crescente de modelos híbridos de aprendizagem.

Panorama do mercado brasileiro

Dados do relatório indicam que existem cerca de 905 edtechs ativas no país, respondendo por quase 80 % dos aportes direcionados ao setor latino-americano entre 2017 e o início de 2025, estimados em US$ 883 milhões. O boom inicial verificado durante a pandemia deu lugar a uma fase de investimentos mais seletivos, com rodadas focadas em escala e sustentabilidade financeira.

O levantamento identifica quatro segmentos principais:

  • Plataformas de ensino (48 %): oferecem cursos online e sistemas adaptativos voltados ao consumidor final.
  • Ferramentas de estudo (30 %): apps de reforço, simulados e preparação para exames.
  • Gestão educacional (18 %): soluções B2B para administração escolar, analytics e currículo.
  • Viabilização do ensino (3,6 %): marketplaces de bolsas, conectividade e produtos financeiros que facilitam o acesso.

Entre os nomes de maior visibilidade figuram Descomplica, Passei Direto, Arco Educação e Quero Bolsa, exemplos de empresas que ampliaram presença nacional a partir de modelos baseados em software como serviço (SaaS) e conteúdo sob demanda.

Tecnologias que impulsionam o setor

As edtechs brasileiras adotam recursos de inteligência artificial, gamificação e realidade aumentada para personalizar conteúdos e aumentar o engajamento dos estudantes. De acordo com especialistas citados no relatório, algoritmos de aprendizagem de máquina permitem criar trilhas de estudo adaptadas ao ritmo individual, enquanto ambientes imersivos de realidade virtual simulam laboratórios ou visitas técnicas sem a necessidade de deslocamento físico.

Gamificação, por sua vez, introduz elementos de jogos — pontos, recompensas e rankings — em plataformas como Kahoot! e Duolingo, estratégia que reduz a evasão em cursos online e melhora taxas de retenção, conforme relatórios de acompanhamento de performance educacional.

Além disso, o mercado corporativo tem recorrido a soluções de upskilling para atualizar competências da força de trabalho. Levantamento do World Economic Forum mostra que 50 % dos profissionais globais concluíram treinamentos em 2024, sinalizando demanda constante por módulos de curta duração e certificados digitais.

Benefícios e desafios apontados por dados oficiais

Relatórios indicam quatro vantagens centrais associadas às edtechs: personalização do aprendizado, maior engajamento, apoio operacional ao professor e expansão do acesso a conteúdos de qualidade. Plataformas que integram análises preditivas e recursos interativos apresentam ganhos de eficiência na avaliação de desempenho e no acompanhamento individual de alunos.

Por outro lado, persistem obstáculos relevantes. A proteção de dados estudantis exige conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD); a integridade acadêmica demanda novas métricas para evitar fraudes em avaliações; e tecnologias imersivas como AR/VR ainda enfrentam altos custos de hardware e escassez de conteúdo pedagógico adaptado.

Infraestrutura de conectividade também permanece desigual em parte do território nacional, o que pode limitar o alcance de modelos totalmente digitais. Instituições e startups têm buscado parcerias público-privadas para mitigar esse gargalo, inclusive por meio de políticas de inclusão digital e subsídios a dispositivos.

Tendências até 2025

O EdTech Report 2025 destaca quatro frentes que devem moldar o setor:

  1. Edutainment em alta: unir educação e entretenimento torna-se estratégia central para captar a atenção do aluno, cujo tempo médio diante da tela caiu para 47 segundos.
  2. Upskilling corporativo: empresas reforçam programas internos para manter competitividade e reter talentos.
  3. Escalonamento de AR/VR: projeta-se que o mercado educacional dessas tecnologias alcance US$ 116 bilhões até 2035.
  4. Rotina de IA nas escolas: estimativa de expansão do mercado global de IA na educação de US$ 4 bilhões em 2025 para US$ 15 bilhões em 2034.

Analistas consideram que a consolidação desses vetores dependerá de um equilíbrio entre inovação, regulação e investimento em formação docente voltada ao uso responsável das ferramentas digitais.

O que muda para o estudante e para o mercado

Com a rápida adoção de plataformas personalizadas, o aluno tende a ter percursos de aprendizagem mais relevantes e flexíveis, enquanto escolas e empresas acessam dados em tempo real para orientar decisões pedagógicas ou de recursos humanos. Especialistas afirmam que a integração de IA pode reduzir custos operacionais e ampliar a escala de atendimento, mas exigirá políticas robustas de privacidade e ética.

Para quem atua ou pretende atuar no ramo, o cenário aponta oportunidades em nichos como conteúdos adaptativos para educação básica, qualificação profissional focada em tecnologia e soluções de inclusão digital em regiões menos atendidas.

Curiosidade

A expressão “edtech” começou a ganhar popularidade nos Estados Unidos no início dos anos 2000, mas a primeira patente de um sistema eletrônico de ensino data de 1968, quando foi registrado um “tutor automatizado” que usava cartões perfurados. A conexão entre hardware e educação evoluiu desde então para aplicativos e ambientes virtuais, refletindo a mesma missão original: personalizar o aprendizado.

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